Zelensky entregou à Rússia um novo plano de paz. O que há de novo?

O Presidente da Ucrânia terá apresentado uma proposta de paz de 20 pontos, menos oito do que o plano inicial da administração Trump, onde a Ucrânia teria de ceder vários territórios ocupados.

Depois de semanas de negociações com os Estados Unidos da América (EUA), a Ucrânia entregou esta quarta-feira (24) a Rússia a sua versão revista do plano de paz de Donald Trump.

A nova versão do documento detalha as condições necessárias, na perspetiva de Kiev, para uma paz minimamente justa e duradoura na Ucrânia. O que dizem estes 20 pontos?

O que diz este documento de paz?

Este documento é, apesar de tudo, mais curto do que a versão inicial que tinha 28 pontos.

De acordo com o presidente Volodymyr Zelensky, o plano estabelece o reconhecimento da soberania da Ucrânia, um acordo de não-agressão entre Kiev e Moscovo, e uma garantia de segurança tripartida, entre os EUA, países da NATO e estados europeus signatários.

Também conta com a criação de um Conselho de Paz para vigiar a implementação do acordo que seria presidido pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.

O plano implica cedências por parte da Ucrânia?

O Presidente ucraniano admite retirar tropas de zonas que ainda controla da região de Donetsk, no Donbass, desde que a Rússia faça o mesmo e na mesma proporção.

O plano prevê ainda o reconhecimento da linha de frente existente à data da assinatura como linha de separação de facto, mas também a criação de uma zona desmilitarizada.

O objetivo é reduzir os combates e criar condições para um cessar-fogo.

E esse cessar-fogo seria imediato?

O cessar-fogo entraria em vigor imediatamente após a assinatura do acordo, mas a sua aplicação ficaria dependente de uma ratificação parlamentar ou referendo na Ucrânia, a realizar no prazo máximo de 60 dias.

A Ucrânia mantém a exigência de entrar na NATO e União Europeia?

Em relação à NATO, o documento já não faz qualquer referência, mas a Ucrânia exige ser membro da União Europeia numa data a designar.

O Presidente ucraniano admite que possa ser em 2027 ou 2028.

Quem ficaria responsável pela central nuclear de Zaporíjia, agora controlada pelos russos?

Ainda não há acordo sobre esta questão.

A Ucrânia propõe-se gerir o complexo em parceria com os EUA. Ou seja, 50% da eletricidade gerada na central de Zaporíjia seria destinada aos territórios controlados pela Ucrânia, enquanto os EUA determinam a distribuição dos outros 50%.

E como seria o futuro da Ucrânia?

Para além da adesão à União Europeia, esta proposta compromete a Ucrânia a realizar eleições presidenciais “o mais rapidamente possível”.

Propõe, ainda, que as Forças Armadas ucranianas mantenham 800 mil efetivos em tempo de paz e um quadro de reconstrução económica e desenvolvimento, estimado em cerca de 800 mil milhões de dólares.

Zelensky está confiante no plano de paz?

Zelensky acredita que Moscovo não tem grande margem para recusar a proposta por causa do Presidente norte-americano, porque não pode dizer que é contra uma solução pacifica.

O Presidente ucraniano confia, por isso, que o cessar-fogo está mais perto, mas a Rússia ainda não reagiu.

O porta-voz do Kremlin limitou-se a dizer que a posição da Rússia é conhecida dos EUA, mas prometeu responder às informações recebidas.

E qual é a posição da Rússia?

Vladimir Putin exige o controlo total das regiões ucranianas ocupadas e exige que sejam consideradas território russo.

Nesta altura controla cerca de 20% do território do país vizinho. Em setembro de 2022, o Presidente russo reivindicou Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia, sem deixar de contar que, em 2014, tinha anexado a península da Crimeia.

O objetivo seria também manter a central nuclear de Zaporíjia.

Fonte e crédito da imagem: www.rr.pt