O ambiente é descontraído e a carta eclética, entre petiscos leves, pratos mais consistentes e oferta de brunch e pequeno-almoço, tornando-o uma alternativa para qualquer hora do dia e noite.
Inês Mendonça e Renato Ribeiro, casal de algarvios, são os responsáveis pelo projeto, um sonho antigo que concretizaram ao deixar para trás as áreas de engenharia química e gestão de empresas.
Na mesma ilha, detêm outros dois espaços – o Sal’Mare, mais sofisticado, beach club de dia e steakhouse de noite; e o Wax, de dinâmica familiar e com cores vibrantes, onde se servem petiscos, pizas ou saladas, por exemplo.
No Bel’Mare, que rejeita o rótulo sazonal e está aberto o ano inteiro, o chef Mário Barbacena aplica uma “cozinha descomplicada”, apoiada no produto da ria e da costa algarvia.
Croquetes do mar (amêijoa, camarão e gengibre), ostras ao natural, lulas fritas, tártaro de atum, amêijoas à Bulhão Pato, arroz malandrinho de corvina e limão, prego de robalo e a cataplana do mar rimam com a época quente que chegou em força, mas também há terra e serra na carta, com bochechas de porco, hambúrgueres ou gnocchi de cogumelos.
A pavlova desconstruída de frutos vermelhos e o petit gâteau com gelado de caramelo são possíveis finais felizes. Sem esquecer as sangrias de espumante, os cocktails de autor e as duas dezenas de referências vínicas, aliados certeiros na hora de refrescar no terraço, com vistas limpas para o mar, a ria, a serra e a urbe farense.
É precisamente para o centro da cidade que nos deslocamos, para conhecer um dos mais recentes reforços do Mercado Municipal de Faro, que assinalou recentemente o 17.º aniversário no atual edifício. João Sequeira é mais um exemplo claro de que há males que vêm por bem.
É alfacinha mas vive há mais de uma década no Algarve, terra com a qual sempre teve uma ligação afetiva, a começar pelas férias de verão que aqui passou desde criança. É formado em hotelaria e trabalhou aquém e além-fronteiras, mas a pandemia levou-o ao desemprego, abrindo-se a janela para começar a preparar massas frescas em casa.
“Passei seis meses a fazer croissants em casa, a aperfeiçoar técnicas, a estudar a fermentação lenta, a acertar a receita até ficarem como eu queria.”
A palavra foi passando e em pouco tempo criou uma rede de clientes, entregando, por encomenda e de porta em porta, quase 300 croissants por dia. Os mesmos que ganharam recentemente um espaço físico, a pastelaria O CROISSANT MARAFADE. “Era o passo que faltava”, assegura João.
“E criou-se uma ligação tal aos primeiros clientes que muitos ainda hoje nos visitam aqui.” Os croissants, de massa brioche e folhada, descansam até 36 horas antes de ir ao forno, “melhorando o sabor e tornando-os mais saudáveis”. Na vitrina da loja há uma dúzia de opções de recheio – queijo e fiambre; chocolate negro; maçã e canela; doce de gila, doce de ovo e amêndoa; doce de abóbora, requeijão de ovelha e noz; etc. -, resultado de uma rotina diária de produção regrada que começa todas as madrugadas, pelas duas horas.
Além disso, há outros artigos de fabrico próprio, como coxinhas de galinha, pão de queijo, queques, bolos de arroz, variedades de pão de fermentação natural ou até o Pastel Marafade, com massa filo, doce de ovos, fio de ovos, amêndoa e canela. Nas últimas semanas, para garantir um verão mais fresco, O Croissant Marafade ganhou o reforço dos gelados e sorvetes da Artisani.
Modernismo e ar livre
No ponto mais alto de Faro, junto à Mata do Liceu, à Ermida de Santo António do Alto e respetivo miradouro, um dos vários exemplares da arquitetura modernista da cidade está renovado e recuperado desde novembro, albergando agora 21 quartos, mas mantendo detalhes da traça original em forma de homenagem.
Trata-se de um edifício histórico da autoria de Manuel Gomes da Costa, nome maior da arquitetura algarvia e das linhas modernistas, que remonta ao final da década de 1960 e que foi agora repensado pelo arquiteto João Coutinho.
Na nova ALTO HOUSE FARO, projeto de Paulo Santos e Miguel Morgado, amigos de longa data, todos os quartos duplos têm varanda ou varandim, existindo sala de pequenos-almoços com pátio e esplanada.
“Encantámo-nos pela história do edifício, pela obra do Gomes da Costa, pelas vistas desafogadas”, diz Paulo, que se iniciou na hotelaria em 2020 com outra guesthouse vizinha, a Faro Clara Suítes.
Nas suítes espalhadas por três pisos imperam cores como o verde e o preto e materiais como as madeiras escuras, harmonizando-se peças criadas de raiz com outras originais, como portas de entrada de quartos ou a escadaria central com degraus em formato ziguezague, uma das assinaturas de Gomes da Costa na extensa obra que deixou.
“O importante foi sermos honestos com o edifício”, afirma João Coutinho. A qualquer hora do dia, é imperativo subir ao terraço panorâmico do alojamento, a oportunidade para apreciar vistas sobre as serras em redor, as ilhas-barreira, o Farol do Cabo de Santa Marta, os centros históricos de Faro e de Olhão e, claro, a vasta Ria Formosa.
Mas não só. Apesar de ter sido inaugurado há precisamente uma década, há novidades para espreitar neste pulmão verde farense.
Os mais recentes habitantes do parque são cinco peças artísticas que representam espécies emblemáticas da Ria Formosa – a galinha-sultana, o flamingo, a lontra, o cavalo-marinho e o camaleão -, de forma a aplaudir a biodiversidade da ria.
As obras, espalhadas junto à zona lúdico infantil, são da autoria do escultor Tó Quintas, natural de Faro, o mesmo responsável, por exemplo, pela escultura do Homem Atlante que já existia no passeio junto à ria, em homenagem aos povos do mar.
Ficar nas mãos do chef
Há 12 anos que André Paulino é nome de referência na cidade quando o assunto é cozinha nipónica, uma paixão assumida deste farense, que não dispensa as visitas anuais ao país do sol nascente. Situado a dois passos da Marina de Faro e do Jardim Manuel Bivar, o SUSHI PEARL abriu portas em 2012 mas renovou-se este ano, renascendo em fevereiro como a primeira barra omakase algarvia.
Um espaço intimista e acolhedor onde se sentam entre oito a dez pessoas ao balcão, provando um menu em constante mudança, decidido no dia pelo chef, e observando na primeira fila a precisão de cortes e filetagens.
Além da própria horta que fornece frutas e legumes, a cozinha sazonal e local tem como pilar o marisco e peixe da Ria Formosa e da costa algarvia. “Nós aqui não temos ouro, o nosso tesouro é este”, conta André, que trabalha 16 a 18 espécies de peixe e marisco por dia – atum-rabilho, sargo, pregado, robalo, carapau, sardinha, cavala, ostras e berbigão são exemplos.
Um menu que ajuda a justificar o facto de o Sushi Pearl ter clientes fidelizados há uma dúzia de anos. Os mesmos que incentivaram a aposta na dinâmica omakase, ainda na versão antiga do restaurante. “A semente já estava lá. Os nossos clientes fiéis vinham e já nem olhavam para a carta fixa, preferiam deixar-se ficar nas nossas mãos”, conta André Paulino.
E as novidades não se ficam por aqui. Na sala ao lado do Sushi Pearl, o responsável abriu recentemente um bar de ostras e sashimi com esplanada, a tempo de aproveitar os dias quentes.
Fonte: www.evasoes.pt
Crédito das imagens: Paulo Spranger/GI)