A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen foi esta quinta-feira reconduzida no cargo para um novo mandato de cinco anos. Von der Leyen reforça a votação de há cinco anos, com 401 votos a favor, 284 contra, 15 abstenções e 7 votos nulos.
“Estamos num período de profunda ansiedade e incerteza para os europeus. As famílias estão a sentir a dor do custo de vida e da habitação. Os jovens estão preocupados com o planeta, o seu futuro e a perspetiva de guerra. As empresas e os agricultores sentem-se pressionados. E tudo isto é sintoma de um mundo em que tudo é usado como arma e contestado”, sublinhou Von der Leyen aos eurodeputados, antes da votação.
“A Europa não pode controlar ditadores e demagogos em todo o mundo, mas pode escolher proteger a sua própria democracia. A Europa não pode determinar eleições em todo o mundo, mas pode escolher investir na segurança e defesa deste continente”.
“A Europa não pode parar a mudança, mas pode escolher abraçá-la e investir numa nova era de prosperidade e melhoria da nossa qualidade de vida”, defendeu na sua última alocução perante os eurodeputados, antes da votação que agora lhe deu a vitória.
No seu discurso, foi nomeando várias medidas, capazes de agradar a diferentes geométricas políticas, traçando o rumo da Comissão Europeia, para os próximos cinco anos.
Medidas:
Prosperidade e Competitividade
Ursula von der Leyen quer fortalecer o mercado único europeu, reduzindo a burocracia, através da melhoria da aplicação das regras. No seu discurso perante os eurodeputados, referiu que nomeará um Vice-Presidente para coordenar a redução da carga administrativa e “relatar o progresso anualmente”.
Von der Leyen também propõe uma “União Europeia de Poupança e Investimentos para mobilizar mais financiamento privado”, e a criação de um Fundo Europeu de Competitividade para projetos europeus comuns e transfronteiriços, afirmando que “o mercado único deve ser mais profundo e dinâmico”.
Energia e Clima
Von der Leyen promete continuar a implementação do Green Deal com foco em inovação e neutralidade tecnológica. No seu discurso perante os eurodeputados, garantiu que proporá um novo “Clean Industrial Deal nos primeiros 100 dias” para canalizar investimentos em infraestrutura e indústrias intensivas em energia.
“Vamos manter o rumo da nossa nova estratégia de crescimento e dos objetivos que estabelecemos para 2030 e 2050”, afirmou, comprometendo-se com a meta de 90% de redução das emissões até 2040, conforme a Lei do Clima Europeia.
Segurança e Defesa
Ursula von der Leyen quer construir “uma verdadeira União Europeia de Defesa”. Para os próximos 5 anos, promete investimentos em capacidades de defesa de alta tecnologia e a criação de projetos comuns, como um sistema abrangente de defesa aérea europeia.
De acordo com as suas orientações de política, reforçará a Europol e a Frontex, propondo triplicar o número de guardas de fronteira e costeiros europeus.
“A segurança da Europa é dever da Europa”, afirmou, sublinhando a importância de um investimento conjunto em defesa.
Democracia e Estado de Direito
Von der Leyen promete propor um “Escudo Europeu da Democracia” para combater a manipulação e interferência de informações estrangeiras.
No seu discurso, referiu que a Comissão “proporá uma estrutura dedicada para combater a manipulação e interferência de informações estrangeiras”.
Garante que irá reforçar as ferramentas para proteger os media livres e a sociedade civil, focando-se no combate à corrupção e no respeito ao Estado de Direito.
“A democracia europeia deve ser mais participativa e vibrante”, afirmou, destacando a importância de apoiar uma imprensa independente e promover programas de alfabetização mediática.
Inclusão Social e Direitos Humanos
De acordo com as suas orientações de política, von der Leyen promete desenvolver um novo plano de ação para a implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais.
Garante que criará um Comissário com responsabilidade direta sobre habitação para desenvolver um Plano Europeu de Habitação Acessível.
“Isto é como podemos fortalecer a nossa sociedade”, disse, sublinhando a importância de apoiar as pessoas onde é mais necessário.
Promete também um Roteiro para os Direitos das Mulheres para continuar a avançar na igualdade de género e combater a violência contra as mulheres.
Imigração
No seu discurso perante os eurodeputados, Ursula von der Leyen destacou a necessidade de uma resposta europeia à crise migratória. “Os desafios da migração precisam de uma resposta europeia com uma abordagem justa e firme baseada nos nossos valores,” afirmou.
De acordo com as suas orientações de política para os próximos 5 anos, Von der Leyen propõe fortalecer a Frontex, triplicando o número de guardas de fronteira e costeiros europeus para 30.000.
Von der Leyen também promete desenvolver parcerias abrangentes, particularmente com a região do Mediterrâneo, e nomear um Comissário para essa região para apoiar uma nova Agenda para o Mediterrâneo.
Habitação
Ursula von der Leyen promete abordar a crise da habitação na Europa, nomeando um Comissário com responsabilidade direta sobre habitação.
“Pela primeira vez, nomearei um Comissário com responsabilidade direta sobre habitação,” afirmou, sublinhando a importância de desenvolver um Plano Europeu de Habitação Acessível para ajudar a desbloquear o investimento privado e público necessário.
“Se importa aos europeus, importa à Europa,” referiu von der Leyen, sublinhando a importância de apoiar as pessoas onde é mais necessário.
Alargamento
Von der Leyen defende um alargamento da União Europeia para incluir os Balcãs Ocidentais, a Ucrânia, a Moldávia e a Geórgia. No seu discurso, referiu que “completar a nossa União é também do nosso interesse central”.
Promete apoiar os países candidatos através de investimentos e reformas, integrando-os onde possível nos quadros legais europeus. “O futuro deles será livre e próspero, dentro da nossa União,” garantiu von der Leyen.
Rússia e Orban
Ursula von der Leyen foi firme quanto à posição da Europa em relação à Rússia, afirmando que a Europa “estará com a Ucrânia o tempo que for necessário”.
Criticou também a recente visita de Viktor Orban a Moscovo, considerando que os objectivos de Orban passam por fazer concessões à Rússia.
“A Rússia está a apostar que a Europa e o Ocidente vão amolecer e alguns na Europa estão a colaborar”, sublinhou, lembrando que “há duas semanas, um primeiro-ministro da União Europeia, [o húngaro Viktor Orban], foi a Moscovo”.
“Esta chamada missão de paz não foi nada além de uma missão de apaziguamento. Isto foi uma clara missão de apaziguamento”, enfatizou, elevando o tom de voz.
Von der Leyen Sublinhou a necessidade de uma posição forte e unida contra a agressão russa. “Devemos investir mais em capacidades de defesa de ponta,” afirmou von der Leyen, destacando a importância de uma resposta forte às ameaças à segurança europeia.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Ronaldo Wittek / EPA