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Uma viagem até Mértola, a vila-museu do Alentejo que é bonita por dentro e por fora

Mértola é bonita por dentro e por fora. Com silhueta marcada pelo Guadiana e pelo castelo medieval, é conhecida pelo caráter mourisco.

Além-rio avistam-se a Torre do Relógio e muralhas iluminadas com o curso de água aos pés. Pelo centro histórico deambula-se à descoberta do património que testemunha em importantes achados arqueológicos e monumentos a passagem do tempo.

A cozinha local honra o epíteto de “Capital da Caça” e dá a provar perdiz, javali ou tordos. Nas águas do rio, divirta-se entre passeios de barco ou aventuras de canoa e observe as diversas espécies que habitam o Parque Natural do Vale do Guadiana.

Vila-Museu

Dona de importantes achados arqueológicos, Mértola conjuga várias épocas, com a origem conhecida a remontar à presença dos Fenícios. Foi outrora importante porto comercial a partir do qual se transportavam cobre e metais preciosos provenientes das Minas de São Domingos, além de trigo e azeite.

Parta do Museu de Mértola Cláudio Torres (Tel. 286610100) e visite os 14 núcleos que testemunham a passagem do tempo, como a Alcáçova e Casa Islâmica, a Basílica Paleocristã ou a Casa Romana. Na área da Alcáçova do Castelo de Mértola, mais precisamente no espaço subterrâneo, esconde-se um fascinante criptopórtico, que chegou a funcionar como armazém, silo, prisão e sepulcro.

Aqui, descobrem-se importantes peças do património arqueológico da vila. Anualmente, em maio, Mértola é palco de um famoso Festival Islâmico. Viste ainda a Biblioteca Municipal, o Hotel-Museu e a Casa Cor-de-Rosa, devidamente recuperada e que desde 2023 acolhe o projeto Hammam & Casa de Chá. Tanto o hammam, um espaço de banhos e rituais purificantes do corpo, como o chá são elementos fundamentais da cultura islâmica, que é parte integrante do passado e presente de Mértola.

Navegar até ao Pomarão

O barco da Beira Rio Náutica (Tel. 913402033) leva-o até ao cais da aldeia do Pomarão, onde atracavam os navios para carregamento de minério nos anos 60.

No Pomarão, visite a Ecoteca Fluvial Saramugo (Tel. 286610000), instalada numa embarcação de 11 metros, onde se desvenda a fauna e flora do Baixo Guadiana, incluindo o peixe, único no mundo, raro e em vias de extinção, precisamente o Saramugo.

Conheça ainda Penha da Águia (freguesia do Espírito Santo), local tranquilo do Guadiana, onde foi instalado um cais flutuante – ponto único de atracação entre o Pomarão e Mértola. No restaurante Pescador do Guadiana (tel. 286675417), prove o peixe do rio e a caça da região.

Se o passeio for feito em canoa da Happy Guadiana (Tel. 925353670) pode aproximar-se das margens e descobrir a riqueza da fauna. Seja de barco tradicional, numa lancha ou canoa, de dia ou de noite, o Guadiana é um foco de emoções e de descoberta paisagística, fio condutor de uma viagem com o efeito relaxante em contacto com o elemento água.

A cinco minutos de Mértola, as Azenhas do Guadiana são alcançáveis a pé. Por muitos caracterizadas de “praia fluvial”, é, na realidade, uma zona de lazer em que é possível admirar três moinhos de água que, durante séculos, serviram para transformar os cereais em farinha

Praia Fluvial da Tapada Grande

Um pouco mais a norte, a cerca de 20 minutos de carro, junto às Minas São Domingos, em tempos um dos mais importantes centros de extração de cobre da Europa, a barragem deu lugar a uma praia fluvial, a Tapada Grande, com águas a chegar a 30 graus de temperatura no verão.

A praia ostenta Bandeira Azul e tem sido premiada internacionalmente, nomeadamente como melhor praia fluvial da Europa nos World Travel Awards. Alugam-se gaivotas e canoas, existe um bar, mesas de piquenique, relvados, sombrinhas e nadador-salvador em época balnear. A Estação Náutica de Mértola congrega a oferta desta região. A praia é acessível. Visite a Casa do Mineiro (Tel. 961940458) que dá a conhecer o modo de vida das famílias que viviam do minério naquela zona de extração.

De pasteleira elétrica pelo Vale do Guadiana

A ideia é pegar numa bicicleta elétrica e visitar a região do Parque Natural do Vale do Guadiana. Cláudia Melo criou esta proposta sustentável e ecológica da Ecoland Ebike Tours (Tel. 964989402) e sugere duas rotas: a de Aracelis e a do Pulo do Lobo, conhecido pela cascata com 16 metros de altura, e que integra, na Amendoeira da Serra, a possibilidade de visita ao Centro de Interpretação do Lince-Ibérico.

Já Pedro Bravo, guia de natureza (Tel. 963765544), convida a caminhar pela fresca ao final do dia, a apreciar o entardecer, os horizontes, a vegetação e até os animais que connosco se venham a cruzar. “Vamos ver o sol poente no campo, o lusco-fusco, a chegada da noite que nos convida à introspeção e nos apura os sentidos”. O convite serve para apreciar a beleza do lusco-fusco, mas também para ir “ao encontro das histórias, dos contos da tradição oral pela voz e presença de uma contadora de histórias”, como nos serões de outrora.

Águias e bufos

O rio Guadiana também serve de inspiração para percursos pedestres, com especial atenção ao campo e à avifauna, que inclui a cegonha-preta, a águia-real e o bufo-real. É uma pequena rota, ideal para grupos e ótima para fazer com crianças e dá pelo nome de “Canais do Guadiana”. Pode consultar as várias opções para a observação de aves na página do Visit Mértola.

Rotas de Contrabando

Conhecer os trilhos do contrabando, as fábricas de enxofre da Achada, o Gamo e a aldeia de Santana de Cambas é o convite do da Rota do Mineiro, promovida pela Fundação Serrão Martins (Tel. 286647534) mediante um percurso de 14 km que dá a conhecer o complexo mineiro de São Domingos, onde na Antiguidade se procuravam ouro, prata e cobre.

Sugere-se também um percurso noturno pelos trilhos do contrabando e minério, com histórias, visita ao museu e um petisco com produtos locais. Pelo caminho observam-se as estrelas, os planetas e a lua com Miguel Claro da Darksky Alqueva.

Capital da Caça

para provar a tradicional gastronomia alentejana, o destino é o restaurante O Repuxo (Tel. 286612563), lugar popular entre os locais, com numerosas propostas de tacho como feijoadas e açordas. Servem-se também carnes de porco preto. Aqui, podem provar-se tordos fritos, preparados por um caçador, Eduardo Dias, que comanda a cozinha do restaurante.

Com Fernando Mestre, também ele homem de caça, desde o final dos anos 80 que brindam Mértola com este petisco e outros, como coelho bravo, javali e veado. Aqui, neste ponto de encontro da “Capital da Caça”, os tordos fritos preparam-se com azeite, alho, louro e vinho branco. Coma à mão, sem cerimónia.

Mesa com vista para Mértola

O Espaço Casa Amarela (Tel. 286094102) fechou recentemente com vidros a varanda nas traseiras do restaurante e possibilitou usufruir deste espaço tanto de verão como de inverno. A sala interior é confortável e está bem decorada, mas da esplanada envidraçada avistam-se o Guadiana e a muralha de Mértola. A cozinha reparte-se entre pratos tradicionais e outros criativos e contemporâneos. Experimentem-se as “Costeletinhas de borrego com migas” e também o “Folhado de bacalhau”, leve, crocante e saboroso. O restaurante obriga a reserva.

Gelados e PREC

Há 60 anos que estes gelados são feitos em Mértola. O slogan tem piada “Gelados Nicolau para comer até ao pau”, mas é qualidade que leva os fãs a deslocarem-se muitas vezes de propósito para provar os cones, taças e sanduíches de gelado. Para tirar dúvidas basta deslocar-se até à morada do Gelados Nicolau (Tel. 286612412), na rua 25 Abril. Já na rua Dr. Serrão Martins encontra um projeto comunitário com um conceito único.

Chama-se PREC – Processo Regenerativo Em Curso (Tel. 924148552) e é café, restaurante e mercearia Bio, que se abastece e serve produtos locais e regenerativos, seja para venda avulsa ou para consumo em refeições “plant based” e sazonal, das tostas aos bolos. O espaço tem um calendário dinâmico de atividades, desde workshops a concertos. “Um passo para a soberania alimentar, produção local e consumo responsável” é o lema deste projeto.

Dormir além-rio

A simpatia dos anfitriões é meio caminho andado para se encantar com este lugar, logo depois da panorâmica para a muralha e castelo de Mértola. A Quinta do Vau (Tel. 965645540) é um alojamento familiar localizado na zona de Além-Rio, onde melhor se avista este cenário, mais ainda se subir ao terraço sobre os mais recentes quatro quartos com kitchenette.

Pode também pernoitar num dos oito quartos e no apartamento T1 e acordar com um pequeno-almoço regional. Fique pela piscina infinita e aproveite para descontrair a ouvir as águas do rio. Em alternativa pode alojar-se na unidade de turismo rural Horta da Quintã (Tel. 286616500). Os três quartos duplos complementa-se com workshops artísticos, pequenos-almoços com produtos da quinta biológica e organização de caminhadas, observação de aves e passeios de canoa e BTT.

Fonte e crédito da imagem: www.expresso.pt