O Presidente Donald Trump disse esta sexta-feira que está a “recomendar” uma tarifa de 50% sobre os produtos da União Europeia, citando a falta de progresso nas actuais negociações comerciais.
“As poderosas barreiras comerciais, impostos sobre o IVA, penalizações ridículas para as empresas, barreiras comerciais não monetárias, manipulações monetárias, processos judiciais injustos e injustificados contra empresas americanas, e muito mais, conduziram a um défice comercial com os EUA de mais de 250 milhões de dólares por ano, um número que é totalmente inaceitável”, escreveu Trump numa publicação na sua rede Truth Social esta sexta-feira.
“As nossas discussões com eles não vão a lado nenhum!” escreveu ainda o presidente norte-americano. “Por isso, estou a recomendar uma tarifa direta de 50% sobre a União Europeia, a partir de 1 de junho de 2025”.
Ou seja, o que Trump sugere é a aplicação de uma taxa idêntica sobre artigos de luxo, produtos farmacêuticos e outros bens produzidos por fabricantes europeus.
Recorde-se que a guerra das tarifas, começada em janeiro, assim que Donald Trump voltou para a Casa Branca, tem vivido vários episódios: primeiro havia tarifas para todos por igual, depois havia tarifas de 200% sobre as bebidas alcoólicas da UE, depois afinal houve uma pausa nas tarifas durante 90 dias – mas só para a Europa, uma vez que para produtos importados da China, as taxas continuaram a escalar.
Em março, o Banco de Portugal já tinha avisado para os efeitos nefastos de uma guerra comercial para a economia portuguesa – e não falávamos de taxas de 50%.
Entre os setores mais afetados estão o fabrico de têxteis, de fabricação de produtos minerais não metálicos (que inclui vidro, produtos cerâmicos e cimento), as indústrias das bebidas, dos equipamentos informáticos, de comunicações, eletrónicos e ótica e indústria do couro.
Em todos estes setores fortemente exportadores, a percentagem de empresas com exposição relevante ao mercado norte-americano varia entre 8% a 12% do respetivo setor, como escreveu o DN na ocasião.
E, mais recentemente, veio o aviso da Comissão Europeia: a economia portuguesa aguenta-se neste ano e no próximo, apesar da vaga crescente de problemas do mundo, do comércio global, que deve pesar nas exportações nacionais, sobretudo na relação com os Estados Unidos (EUA), avisa a Comissão Europeia (CE) nas novas previsões da primavera, divulgadas esta segunda-feira, em Bruxelas.
E aguenta-se até ver, apesar da “volatilidade política” interna, acrescentou a agência de rating Standard & Poor’s (S&P), num comentário sobre o rescaldo das eleições legislativas de domingo.
Mas a verdade é que a economia nacional é mesmo das mais vulneráveis da Europa à escalada desta guerra comercial, com os exportadores portugueses a terem mais de 80% de exposição ao dominó das cadeias de valor globais com origem e destino nos Estados Unidos.
Apple também sob fogo
Também esta sexta-feira Trump ameaçou impor uma tarifa de 25% à Apple para todos os iPhones vendidos, mas não fabricados, nos Estados Unidos.
Mais de 60 milhões de telemóveis são vendidos anualmente nos Estados Unidos, mas o país não fabrica smartphones.
A confirmar-se, este seria um duro golpe para a gigante da maçã, que tem a sua produção praticamente toda em mercados asiáticos.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Reuters