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Três detidos, 12 viaturas incendiadas e dois polícias feridos. Distúrbios “perfeitamente inadmissíveis”, diz ministra

Três pessoas foram detidas na terça-feira, duas das quais por incêndio e agressões a agentes policias, na sequência dos desacatos após a morte de um homem baleado pela PSP na Cova da Moura, Amadora, disse fonte policial.

Esta informação foi depois confirmada, esta quarta-feira, pela ministra da Administração Interna. “Tudo faremos para levar à justiça todos aqueles que participaram nestes tumultos”, disse Margarida Blasco.

A ministra afirmou que o “Governo tem estado a acompanhar desde o princípio a desordem pública” que se tem registado na Grande Lisboa, revelando que na noite de terça-feira decorreu “uma reunião de urgência do SSI” [Sistema de Segurança Interna]. “Estou em permanente contacto com todas as forças de segurança e principalmente com a PSP, que está nos diversos locais a acompanhar e a repor a ordem pública”, disse.

A governante falou em “distúrbios perfeitamente inadmissíveis que não permitem às populações deslocarem-se e fazerem a sua vida laboral normal e acompanharem as suas crianças à escola”.

“Aquilo que quero garantir aos portugueses é que as forças de segurança tudo farão para manter a ordem e deter aqueles que têm participado nestes distúrbios, sendo que há três detidos”, sublinhou em declarações aos jornalistas à chegada à 35.ª Cimeira Luso-Espanhola, que decorre em Faro.

A responsável pela pasta da Administração Interna referiu que a “PSP, em articulação com todas as forças de segurança”, está  “desde a primeira hora a fazer todas as funções necessárias para repor a tranquilidade pública e o apoio às populações”.
Sem querer revelar “qualquer ação operacional” das forças de segurança, Margarida Blasco classificou os distúrtbios das últimas noites como “atos de vandalismo, que põem em causa a ordem e segurança públicas”.
Fonte da PSP adiantou à Lusa que três pessoas foram detidas no concelho da Amadora, duas por incêndio e agressões a agentes policiais e outro por incêndio e posse de material combustível.
De acordo com a mesma fonte, na Amadora, um agente foi apedrejado e duas viaturas policiais ficaram danificadas, bem como outras cinco viaturas, e vários caixotes do lixo foram incendiados.
“Um grupo tentou incendiar, sem sucesso, uma bomba de gasolina”, disse a mesma fonte.
“Há focos de desordem em várias zonas da Área Metropolitana de Lisboa”, referiu fonte da PSP à Lusa.
No concelho de Sintra foi arremessado um objeto contra a esquadra da PSP de Casal de Cambra, sem causar danos, acrescentou a fonte.

Na Damaia houve desacatos em várias ruas, nomeadamente o arremesso de petardos e de pedras na via pública, bem como fogo posto em vários caixotes do lixo.

Antes, ao início da noite, um autocarro tinha sido incendiado no bairro do Zambujal, onde decorreram pela segunda noite desacatos.

Além do policiamento no bairro do Zambujal, a PSP reforçou os meios em vários locais, concertamente nas denominadas Zonas Urbanas Sensíveis (Zus).

Na sequência dos desacatos no concelho de Oeiras, o presidente da Câmara, Isaltino Morais, deslocou-se ao bairro da Portela, e em declarações aos jornalistas o autarca disse que o bairro estava tranquilo.

Isaltino Morais acusou também os jornalistas de “alarmismo” e de “não ouvirem os responsáveis políticos e policiais”.

“Neste momento, está tudo tranquilo. (…) O papel do presidente da câmara é apelar à calma e à tranquilidade”, disse.

Incendiados 12 veículos. Dois polícias e dois cidadãos feridos

De acordo com a PSP, registaram-se, no total, 60 ocorrências “de desordem e incêndio em mobiliário urbano (maioritariamente caixotes do lixo)” em várias zonas da Área Metropolitana de Lisboa, nomeadamente nos concelhos de Lisboa, Amadora, Oeiras, Odivelas, Loures, Cascais, Sintra e Seixal, “tendo sido ainda apreendido diverso material inflamável.

No total, foram incendiados 12 veículos: dois autocarros, oito viaturas, dois carros da polícia e um motociclo.

Dois polícias ficaram feridos, devido ao arremesso de pedras. Os agentes tiveram que receber tratamento hospitalar, sendo que “um deles” ficou “em situação de baixa médica”.

A PSP indica ainda, em comunicado, que há a registar “dois cidadãos (passageiros de um dos autocarros incendiados) vítimas de esfaqueamento, ainda que sem gravidade, alegadamente pelos indivíduos que roubaram e incendiaram a viatura pesada de passageiros”.

“A PSP repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade”, lê-se na nota.

Sobre a alegada entrada na terça-feira de polícias na casa de Odair Moniz, o homem baleado pela PSP na noite de segunda-feira, situada no Bairro do Zambujal, a PSP garantiu que apenas entrou numa habitação, “que não a que está referida nas notícias veiculadas, em apoio aos Bombeiros Voluntários da Amadora, que se deslocaram ao local para apoio médico a uma criança e por solicitação da família”.

Relativamente a imagens que circulam nas redes sociais de uma equipa da PSP no átrio de um prédio no Bairro do Zambujal, a direção nacional clarificou que os polícias estavam “a dialogar com os cidadãos ali presentes, no sentido de serenar e manter a tranquilidade pública”.

A PSP salientou igualmente que “está empenhada em repor a ordem, paz e tranquilidade pública” nos bairros da área metropolitana de Lisboa que foram afetados pelos desacatos e apelou a que todos os cidadãos “mantenham a calma, a tranquilidade e a confiança” na polícia.

Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. O agente que baleou o homem foi entretanto constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária.

Fonte: Diário de Notícias (com Lusa)

Crédito da imagem: Gerardo Santos