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“Tinha Deus do meu lado”. Trump lembra tentativa de assassínio e promete “vitória incrível”

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu na noite de quinta-feira, que a “discórdia e a divisão” na sociedade norte-americana “devem ser curadas”, ao aceitar formalmente a nomeação como candidato presidencial Partido Republicano.

No primeiro e único discurso que proferiu, na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, Donald Trump delineou a visão para o país e descreveu aquilo que viveu no sábado passado, quando foi alvo de uma tentativa de assassínio, prestando também homenagem ao antigo bombeiro morto no ataque.

Logo após aceitar formalmente a nomeação como candidato presidencial do Partido Republicano, Donald Trump dirigiu-se aos milhares de apoiantes que o receberam como um herói na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, para descrever o que sentiu no ataque de sábado, mas sublinhou que nunca mais contará esta história por ser “muito dolorosa”.

“Ouvi um som alto de zumbido e senti algo a atingir-me, muito, muito forte, na minha orelha direita. Eu disse a mim mesmo: ‘Uau, o que foi isso? Só pode ser uma bala'”, contou, perante uma multidão que ficou silêncio para o ouvir.

“Havia sangue a jorrar por todo o lado mas, de certa forma, eu senti-me muito seguro porque tinha Deus do meu lado”, afirmou o magnata.

Várias pessoas choravam ao ouvir o relato do ex-presidente, que ficou ferido numa orelha após ser alvejado por um jovem de 20 anos, abatido pelas forças de segurança norte-americanas.

“Não era suposto eu estar aqui esta noite”, refletiu, com os apoiantes a gritarem: “Sim, está!”.

Trump pediu à plateia que fizesse um momento de silêncio para Corey Comperatore, o antigo bombeiro voluntário que assistia ao comício do ex-presidente e que acabou por morrer depois de ser baleado pelo atirador.

“Estou diante de vós esta noite com uma mensagem de confiança, força e esperança. Daqui a quatro meses, teremos uma vitória incrível e começaremos os quatro maiores anos da história do nosso país”, afirmou Trump.

“Juntos, lançaremos uma nova era de segurança, prosperidade e liberdade para cidadãos de todas as raças, religiões, cores e credos. A discórdia e a divisão na nossa sociedade devem ser curadas. Como americanos, estamos unidos por um único destino e um destino partilhado. Nós erguemo-nos juntos ou caímos”, acrescentou.

Trump garantiu estar a concorrer para ser “Presidente de toda a América, não de metade da América, porque não há vitória em vencer para metade da América”.

“Então, esta noite, com fé e devoção, aceito com orgulho a nomeação para presidente dos Estados Unidos”, confirmou o antigo chefe de Estado.

O ex-presidente, de 78 anos, expressou ainda gratidão por todas as demonstrações de apoio que recebeu após a tentativa de assassínio de que foi alvo num comício, no sábado, na Pensilvânia.

Trump evitou referências diretas aos rivais democratas, ao presidente Joe Biden e à vice-presidente Kamala Harris, e, de um modo geral, teceu duras críticas à atual administração, nas áreas económica, energia e clima, e imigração.

Ele pediu aos democratas que parem de “transformar o sistema de justiça numa arma” e reclamou das “caças às bruxas partidárias”, argumento que usa com frequência para justificar os quatro processos criminais de que é alvo.

O republicano, que lidera as sondagens para regressar à Casa Branca numa disputa com Biden, prometeu também concluir a construção do muro anti-imigrantes na fronteira dos EUA com o México, um dos grandes projetos do primeiro mandato e também um dos mais polémicos.

“Vou acabar com a crise da imigração ilegal, fechando a nossa fronteira e acabando o muro”, assegurou.

O ex-presidente descreveu os EUA sob o atual Governo democrata como “uma nação em declínio”, com “uma invasão maciça na fronteira sul” e à beira da Terceira Guerra Mundial.

“Temos que impedir a invasão do nosso país que está a matar centenas de milhares de pessoas por ano”, afirmou.

Trump disse que os EUA têm uma “liderança incompetente” e “a crise inflacionária está a tornar a vida inacessível”.

Em relação à política externa, Trump também reiterou as alegações de que as duas guerras atualmente travadas na Europa e no Médio Oriente “nunca teriam acontecido” se fosse presidente, mas sem especificar o que faria para terminar qualquer um desses conflitos.

Trump e o candidato a vice-presidente, J. D. Vance, têm uma posição isolacionista e propuseram limitar ou cortar completamente a ajuda norte-americana a países estrangeiros, como à Ucrânia.

“Um espetro crescente de conflito paira sobre Taiwan, Coreia, Filipinas e toda a Ásia. E esta será uma guerra como nenhuma outra por causa do armamento”, avaliou.

O magnata destacou então a relação de proximidade que mantém com o líder norte-coreano, Kim Jong-un: “É bom dar-se bem com alguém que tem muitas armas nucleares”.

O ex-presidente expôs ainda as promessas para um segundo mandato, incluindo a redução do custo de alimentos e gasolina, mais empregos e a segurança da fronteira.

O discurso de Trump, ao longo de cerca de uma hora e meia, encerrou uma grande manifestação de apoio republicano ao longo de quatro dias de Convenção, que atraiu milhares de eleitores conservadores, celebridades e políticos influentes do Partido Republicano.

No final da intervenção, Melania Trump juntou-se ao marido para saudar ao público.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Pedro Ugarte / AFP