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Tecnologia, sustentabilidade e maior eficiência nas rotas: eis o futuro da aviação

O futuro da aviação adivinha-se auspicioso e com um foco cada vez maior na sustentabilidade e na tecnologia, rumo aos objetivos climáticos. Esta é a principal conclusão da conferência Aviation-Event, que aconteceu em Cluj-Napoca, no norte da Roménia, na passada sexta-feira.

Reunindo alguns dos atores com maior impacto no setor (desde diversos CEO a decisores políticos ou reguladores), a escolha para o local da conferência não foi ao acaso.

O Aeroporto Avram Iancu, na segunda maior cidade romena, encontra-se em expansão, graças à cada vez maior procura por causa do turismo na Região da Transilvânia (da qual Cluj é a capital). E esse foi um dos temas em debate: a expansão aeroportuária.

Com a Roménia a entrar no Espaço Schengen a partir do próximo dia 31 de março, o Estado trabalha a todo o gás para tentar garantir que quer as fronteiras terrestres, quer as aéreas possam funcionar a 100% aquando da abertura.

Na conferência de imprensa que antecedeu o evento, David Ciceo (diretor do Aeroporto de Cluj-Napoca) referiu que as expectativas para 2024 são de “pelo menos 7 milhões de passageiros” só no aeroporto da cidade, ainda que tenha perdido a ligação a Frankfurt (um dos maiores aeroportos da Europa e, por isso, uma rota importante). Mas a intenção é retomar os voos para este aeroporto o mais rápido possível.

“A Lufthansa teve alguns Airbus afetados pelo problema dos motores [que foi encontrado em vários aviões produzidos entre 2015 e 2021 e obrigou à retirada temporária de serviço] e isso acabou por nos prejudicar. O mesmo aconteceu com a WizzAir [companhia low cost húngara e uma das principais a operar de, e para, Cluj, a partir de vários países]. Assim que isto ficar resolvido, a intenção é retomar todas estas rotas e, até, alargar a mais destinos”, disse Ciceo.

A conectividade foi, aliás, um dos temas mais discutidos durante a conferência. Pegando em Cluj como um exemplo, Delia Dimitriu, especialista em mobilidade sustentável e professora na Universidade de Manchester (Reino Unido), afirmou:

“Cluj, enquanto cidade, município, foi selecionada como uma das 100 cidades inteligentes neutras em termos de carbono. O que é que isso significa? A Comissão Europeia, no âmbito do Pacto Ecológico, já começou a financiar a descarbonização destas cidades. Cluj conseguiu ser selecionada como uma das 10 de entre as 100 que terão o seu trabalho apoiado. Mas antes, o aeroporto teve de começar a fazer parte de um grande projeto europeu de descarbonização de aeroportos. Portanto, como regional [diferente, por exemplo, do de Lisboa, por não servir de base fixa a nenhuma companhia aérea], associando este desenvolvimento à descarbonização de Cluj e da região, surgirão várias oportunidades.”

E forma de as aproveitar, disse Delia, passa pela mobilidade multimodal. Ou seja: ligar os aeroportos a linhas férreas que permitam, por exemplo, trazer passageiros de outras regiões do país. “E passa não só pela conectividade, mas também pela eficiência energética, pela aposta nas energias renováveis, por exemplo”, afirmou.

Essa eficiência é, também, parte essencial do futuro da aviação, segundo disse o presidente da WizzAir, Robert Carey. “Quanto mais eficientes forem as rotas, mais interesse haverá” por parte das companhias, defendeu.

Usos da tecnologia também explorados

Antes, no painel dedicado ao desenvolvimento global dos aeroportos, foi deixada outra ideia: a tecnologia deve ser cada vez mais utilizada nesta área – algo que Marcel Riwalsky, presidente da conferência, também defende (ver entrevista ao lado).

Juntando à mesa figuras como Claudia Tapardel (ex-eurodeputada que integrou a Comissão de Transportes e Turismo), o painel focou-se também na criação daquilo que se definiu como “airport-based economies” (ou seja, economias centradas nos aeroportos, como estrutura-chave para o desenvolvimento).

Neste sentido, foi deixada a ideia de que os aeroportos podem e devem utilizar mais a tecnologia que têm ao dispor.

Isto pode ir, como explicaram, desde áreas como a videovigilância (com a Inteligência Artificial a fazer o controlo quase automático dos passageiros e da circulação dentro do aeroporto) e com o recurso a drones para patrulharem as imediações ou, até, para controlar os fluxos de tráfego.

O consenso do painel foi transversal: a tecnologia deve ser utilizada para melhorar os aeroportos, “que devem ser mais competitivos”, seja em termos de rotas ou, até, de infraestruturas. 

E, apesar de já haver mais dois Avation-Events  anunciados para 2024 (em Chisinau, Moldávia, e Sófia, Bulgária), Portugal não está totalmente excluído dos planos. Segundo revelou ao DN o presidente da conferência, Marcel Riwalsky, “houve uma abordagem dos Açores, mas nada de concreto”. “Se nos chamarem, nós vamos. Mas até agora não houve nada mais além disso, uma conversa exploratória”, concluiu. O evento já se realizou na Madeira, em 2023, uma experiência que Riwalsky descreve como “positiva”.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Leonardo Negrão / Global Imagens