As propostas de interesse sobre a privatização da TAP já chegaram de três continentes: Europa, América e Ásia. Nos últimos meses, companhias aéreas dos EUA, América Latina e Médio Oriente fizeram chegar ao Governo as suas manifestações de interesse.
No caso dos EUA e do Médio Oriente, também chegou o interesse por parte de fundos de investimento, apurou o JE.
Ao interesse destes investidores de fora da União Europeia, junta-se o já público interesse de 3 grandes companhias aéreas europeias: Air France-KLM, Lufthansa e IAG (dona da British Airways e da Iberia).
Recorde-se que o gestor português Carlos Tavares, ex-líder da Stellantis, tem mostrado publicamente o seu interesse na TAP. Nos últimos meses, já defendeu um pacto lusitano, isto é, entre acionistas portugueses para entrarem no capital da TAP, defendendo também que a venda a uma companhia aérea rival deve ficar limitada a 20% do capital da empresa.
A manutenção de Lisboa como o centro estratégico da TAP é uma das linhas vermelhas que o Governo traçou.
“Um objetivo que queremos salvaguardar é o hub de Lisboa, aproveitamento de todas as infraestruturas aeroportuárias do país”, incluindo o futuro aeroporto de Lisboa e os atuais de Lisboa, Porto e Faro, disse o primeiro-ministro Luís Montenegro na quinta-feira.
Como critérios de admissão, o Governo estipulou que os interessados terão de demonstrar a sua “idoneidade, autonomia e robustez financeira”, sendo admitidas apenas “transportadoras aéreas de dimensão relevante ou consórcio liderado por uma”, mas que integre apenas parceiros do setor, uma regra que fecha a porta aos fundos.
Na sua apresentação ao público na quinta-feira, o Governo apontou que TAP não consegue aguentar sozinha face aos gigantes europeus do setor.
A Lufthansa transportou 131 milhões de passageiros em 2024 nos seus 735 aviões. Segue-se a IAG com 122 milhões de passgeiros e 686 aviões e a Air France-KLM com 98 milhões de passageiros e 564 aviões. Segue-se a Turkish Airlines com 85 milhões e 492 aviões.
Saindo da Liga dos Campeões da aviação, entra-se na Liga Europa: a SAS conta com 25 milhões de passageiros e 133 aviões; a Norwegian transportou 23 milhões de passageiros com 135 aviões; a Aegean, 16 milhões com 82 aviões; a TAP com 16 milhões e 99 aviões; a Finnair com 12 milhões e 70 aviões e a LOT com 11 milhões e 86 aviões.
Entre os critérios estratégicos para a compra, o executivo vai dar primaria à “qualidade do plano industrial e estratégico de longo prazo” que contemple o “crescimento da frota e o plano de desenvolvimento no Aeroporto Luís de Camões”.
Mas há mais, como o desenvolvimento de outras áreas críticas, incluindo o investimento no aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto e nos restantes aeroportos nacionais, mas também a aposta nos combustíveis sustentáveis para a aviação, assim como a importante operação de manutenção e engenharia.
Por outro lado, o vencedor deverá ter já “visão” para uma segunda fase de privatização, mas que será feita num processo autónomo, que também vai incluir um plano industrial e outro de valorização. Nos critérios financeiros, o encaixe será imediato, sendo contempladas ouras formas de valorização, incluindo bónus por performance, valorização futura das ações remanescentes, dividendos e trocas de ações.
Questionado sobre as avaliações da EY e da Finantia à TAP, o ministro das Finanças rejeitou revelar quais os valores em causa.
“Não vamos revelar informação que é sensível e que prejudicaria a posição negocial do Estado”, disse Joaquim Miranda Sarmento no briefing do Conselho de Ministros na quinta-feira.
O governante adiantou que “quando as empresas apresentarem as propostas terão conhecimento” das “avaliações que o Governo tem do valor da empresa. Divulgar antes é pôr o Estado numa posição de fragilidade negocial e prejudicar aquilo que são os interesses dos contribuintes”.
Fonte e crédito da imagem: O Jornal Económico / Portugal