No Estádio Alvalade XXI, o Sporting Clube de Portugal recebe este domingo, às 20h30 (Hora Lisboa; às 16h30, hora Brasília) o Sport Lisboa e Benfica. À mesa, o confronto é entre as “Pataniscas de bacalhau com arroz de feijão” e a “Canja de garoupa com amêijoas”. Quem irá ganhar?
A duas jornadas do fim da Primeira Liga de Futebol, para o Benfica este pode ser o jogo do título, caso vença o “eterno rival” em Alvalade.
Com o Sporting longe do primeiro lugar, e com os encarnados com mais 4 pontos que o segundo classificado, o país desportivo vai parar para ver se é nesta ou na última jornada que se consagra o campeão nacional.
Gastronomicamente, o confronto é entre as “Pataniscas de bacalhau com arroz de feijão” da Tasquinha do Lagarto, com Ricardo Rodrigues como capitão, e a “Canja de garoupa com amêijoas” da Adega Tia Matilde, que apresenta Jorge Sampaio na liderança.
Sporting Clube de Portugal – “Pataniscas de bacalhau com arroz de feijão”
São um dos mais tradicionais pratos da gastronomia lisboeta, segundo José Quitério que no “Livro de bem comer: crónicas de uma gastronomia portuguesa” de 1987 assim as classifica. Aliás, são motivo de concurso anual, que procura, incessantemente, pela melhor das pataniscas de Lisboa.
O segredo está na qualidade do bacalhau para fazer as Pataniscas de Bacalhau (€7,50), e na Tasquinha do Lagarto, “templo gastronómico” dedicado ao Sporting Clube de Portugal, usam postas generosas, cozidas previamente, desfiadas e desprovidas de pele, para depois serem separadas às lascas. Logo a seguir, picam, diz Ricardo Rodrigues da Tasquinha do Lagarto, “finamente uma cebola, e numa taça, misturam ovos, o bacalhau, água das pedras ou da cozedura, a cebola, salsa picada e uma pitada de sal”.
Vai-se acrescentando, aos poucos, farinha até obter uma massa consistente, indo depois para um tacho com óleo aquecido. Antes, devem ganhar forma com a ajuda de um garfo, de modo a ficarem espalmadas. Maria de Lurdes Modesto dizia que se deviam comer à mão e se, ao pegar-lhe com os dedos não se dobrarem, são pataniscas de Lisboa.
Ao lado, no fogão, junta-se cebola picada a um fio de azeite, dois dentes de alho “cortados miudinhos”, recorda Ricardo, e o feijão. Com a entrada do arroz no tacho, adiciona-se a água do bacalhau, uma folha de louro e uma pitada de sal.
Na Tasquinha do Lagarto (Rua de Campolide, 258, Lisboa. Tel. 213883202) entre dezenas de camisolas do Sporting, algumas autografadas pelas maiores estrelas do clube, servem-se centenas de pataniscas por semana.
Sport Lisboa e Benfica – “Canja de garoupa com amêijoas”
Na Adega da Tia Matilde garante-se que a “Canja de garoupa com amêijoas” é a melhor opção para os benfiquistas que procuram um prato vencedor. E a razão é simples: “era um dos pratos preferidos de Eusébio”.
A explicação é dada por Jorge Sampaio, neto de Emílio Andrade, recentemente falecido, fundador do restaurante e sócio número 1 do Sport Lisboa e Benfica. Na adega mantém-se reservada, para a eternidade, a mesa preferida de Eusébio.
Na verdade, reza a história, o Pantera Negra, fez neste restaurante a primeira refeição quando chegou a Portugal para assinar com o Benfica. Na casa recordam-se que o jogador comia “essencialmente peixe e marisco, e ocasionalmente, provava o Cabrito assado no forno”.
Hoje, Jorge Sampaio emociona-se ao dizer que o avô iria “gostar muito de voltar a ver o Benfica campeão”, lembrando que nos últimos anos de vida, Emílio Andrade já poucas vezes se deslocava ao Estádio da Luz, mas “quando ia, fazia-o na companhia de uma amigo, médico cardiologista”.
Jorge Sampaio recorda-se bem de ver Eusébio na sala. Era miúdo e ainda não percebia bem a mística do clube, nem compreendia o “interesse da clientela naquela pessoa, que todos faziam questão de cumprimentar”.
Mas recorda-se de ver o jogador comer a “Canja de Garoupa com amêijoas” (€41), na mesa que o restaurante ainda hoje reserva para Eusébio. É a mãe, Matilde, quem está na cozinha e o auxilia na explicação da confeção deste prato que, consideram vencedor.
“Num tacho, coloca-se água e um pouco de sal, para dar apenas uma “entaladela” à garoupa. Depois, retira-se o peixe e coloca-se uma generosa quantidade de espinafre, com o arroz, em proporção da quantidade de água utilizada”. Quando está a meio da cozedura, explica, “leva um fio de azeite, regressa a garoupa ao tacho e colocam-se as amêijoas. Antes de ir à mesa, decora-se com um pouco de coentros, a gosto”.
A Adega Tia Matilde (Rua da Beneficência, 77, Lisboa. Tel. 217972172) encerra sábado ao jantar e domingo todo o dia. Em caso de vitória, não haverá festa no restaurante preferido de Eusébio.
Fonte e crédito das imagens: Jornal Expresso / Portugal