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Santos pede paz para Ronaldo e tem plano para “desmanchar” Marrocos

Portugal tem este sábado a possibilidade de atingir pela terceira vez as meias-finais de um Mundial de futebol (depois de 1966 e 2006), mas para isso terá de eliminar Marrocos, a grande surpresa da competição.

Será mais um jogo onde a maior dúvida reside na titularidade de Ronaldo, e no qual Santos poderá repetir o onze que tão bem deu conta do recado frente à Suíça, apesar de não ser defensor da máxima “em equipa que ganha não se mexe” porque, como justificou, os africanos “vão colocar problemas diferentes a Portugal” do que os helvéticos.

O tema Ronaldo, e a acalorada discussão com o selecionador quando soube que ia sentar-se no banco frente à Suíça, dominou esta sexta-feira a conferência de imprensa. Santos esteve (mais uma vez) bem na resposta, ele que não costuma dar satisfações aos jogadores, mas que desta vez abriu uma exceção por causa do estatuto de Ronaldo.

Não entrou em grandes pormenores sobre o que foi dito na reunião, mas disse o essencial. Que o capitão “não ficou satisfeito por saber que ia para o banco”, que “não aceitou a decisão de forma simples”, mas que “a conversa decorreu de forma tranquila” e que em nenhum momento CR7 disse que “queria sair da seleção”.

Nota-se em Santos e nos jogadores que estão saturados do tema Ronaldo, que tem acompanhado a seleção desde o início da prova. Sente-se que não ficam confortáveis com as perguntas. E por isso o selecionador encerrou o assunto com um pedido. “Deixem o Ronaldo em paz, ele não merece isto por tudo aquilo que já fez pelo futebol português”, atirou, lembrando que no final do jogo com a Suíça deu-se destaque ao facto de o capitão ter sido o primeiro a sair do campo, mas lembrando que foi ele que “chamou os colegas no fim para agradecer ao público” e que “saltou nos golos todos para festejar com os companheiros”.

Garantindo que “no dia em que um jogador fique contente por não jogar não volta à seleção”, em mais uma demonstração de apoio a CR7, Santos não abriu o jogo em relação à equipa em que vai apostar: “Os treinadores fazem a gestão que entendem, de acordo com a estratégia para o jogo, perante um determinado adversário. É isso que vou fazer. Essa questão de “em equipa que ganha não se mexe”, não é bem assim. Primeiro, temos o caso de Rúben Dias, vamos ver o que acontece. Depois, vamos defrontar uma equipa que nos vai apresentar problemas diferentes daqueles que apresentou a Suíça.”

Rúben Dias, entretanto, treinou-se integrado na sessão desta sexta-feira e por isso vai manter o lugar ao lado de Pepe no eixo defensivo.

Os perigos de Marrocos

A equipa de Marrocos pode ser apenas a 22.ª do ranking da FIFA (Portugal é nono), mas da parte da seleção nacional existe um respeito enorme pelo que os africanos têm feito neste Mundial. E Santos repetiu várias vezes que o jogo não será fácil… para Portugal, mas também para Marrocos. E apresentou vários argumentos.

“Não sei como se diz que é menos favorito. Foi uma das únicas equipas que fez sete pontos na fase de grupos, onde marcou quatro golos e sofreu apenas um, que foi autogolo. É uma equipa extremamente bem organizada, com qualidade e densidade competitiva, e vários jogadores que alinham nas melhores equipas do mundo. Só quem não viu os jogos com a Espanha ou a Croácia não percebe a qualidade desta equipa”, atirou, destacando o médio Amrabat, “uma das revelações deste Mundial”.

Por isso, disse, caberá a Portugal “encontrar soluções para desmanchar uma equipa com qualidade defensiva e ofensiva”, antecipando que será necessário “entrar em campo com alegria, sem receios e com confiança nos vários momentos do jogo”. “Não basta ter criatividade, temos de ser intensos defensivamente. Se fizermos tudo o que temos programado, acredito que Portugal vai ganhar, mas o treinador de Marrocos pensa o mesmo”, vincou, deixando depois uma mensagem: “Ouvi um jogador deles [Achraf Hakimi] dizer que não nasceu em Marrocos, mas que ia tentar ganhar pelos avós e pelos bisavós. Nós vamos fazer o mesmo, também pelos nossos trisavós, e tentar ganhar o jogo.”

E, de facto, há motivos para encarar o jogo com cautelas, apesar de o adversário não ter tradição em grandes provas – é, aliás, a primeira vez que se apuram para os quartos-de-final de um Mundial. Como Santos lembrou, os africanos somaram sete pontos na fase de grupos – venceram a Bélgica e o Canadá, e empataram com a Croácia. Além disso, nos oitavos, eliminaram a Espanha no desempate por grandes penalidades.

A equipa treinada por Hoalid Regragui não perde há nove jogos – a última derrota (3-0) foi em julho, num particular com os EUA, e desde então só sofreu dois golos – um contra o Canadá, já na fase de grupos do Mundial, e outro também em julho, no triunfo por 2-1 à África do Sul, numa partida da qualificação para a CAN.

Félix apela à união

João Félix, que esteve ao lado de Santos na conferência de imprensa, também foi bombardeado com perguntas sobre Ronaldo, e discordou da opinião de José Fonte, que numa entrevista disse que a seleção joga mais em equipa quando Ronaldo não está presente. “Não sinto essa obrigação de ter de passar a bola [ao Ronaldo]. Procuramos sempre fazer o melhor em campo, passar quando é a melhor solução. Cada um tem a sua opinião, mas, da minha parte, não sinto isso”, respondeu, fazendo também ele um pedido: “Já não estávamos nos quartos há muito tempo e devíamos estar mais unidos e não tentar estragar o ambiente de seleção.”

O jogador do At. Madrid agradeceu ainda as comparações com o ex-internacional brasileiro Kaká: “Talvez seja um bocadinho demais. O Kaká ganhou tudo, foi Bola de Ouro e eu ainda estou a começar. Mas claro que é bom ouvir esses elogios”, disse.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Jose Sena Goulao / LUSA