Pesquisar
Close this search box.

Recuo. Lula já não discursa na sessão do 25 de Abril

O que tinha sido apresentado como um discurso do Presidente Lula da Silva na sessão solene parlamentar de comemoração do 25 de Abril passou a ser um momento autónomo: uma “sessão solene de boas-vindas” na Assembleia da República (AR) para o chefe de Estado do Brasil.

Coube ontem ao presidente da AR, o socialista Augusto Santos Silva, dar voz ao recuo face à promessa inicial, avançada há cerca de uma semana pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, em Brasília, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira: “É a primeira vez que um chefe de Estado estrangeiro faz um discurso nessa data.”

Na verdade, o primeiro a falar numa vinda de Lula a Portugal por ocasião das celebrações da Revolução dos Cravos foi o Presidente da República. Marcelo fê-lo em dezembro passado, em Brasília, nas vésperas de participar na tomada de posse de Lula:

“Foi já marcado o encontro em Portugal, de 22 a 25 de abril, com a cimeira entre o Presidente Lula e o primeiro-ministro português e a visita de Estado a meu convite, que culmina na participação na cerimónia do 25 de Abril”.

Também disse que se aproveitaria a oportunidade para entregar em Lisboa a Chico Buarque o Prémio Camões com que foi distinguido em 2019 (e que não foi entregue porque o então Presidente Bolsonaro recusou subscrevê-lo).

Ontem, Augusto Santos Silva propôs na conferência de líderes: “Teremos o enorme prazer de receber o Presidente da República Federativa do Brasil, país irmão, numa sessão solene de boas-vindas, que lhe será especialmente dedicada.”

Esta sessão, podendo até decorrer no mesmo dia 25 de Abril, será no entanto separada da tradicional sessão solene com que os partidos assinalam a revolução.

“À luz do Regimento da AR, nós temos sessões solenes de boas vindas a chefes de Estado, e é essa figura que vamos utilizar para receber aqui o Presidente Lula da Silva, e temos outras sessões, incluindo a sessão solene de comemorações do 25 de Abril”, precisou Santos Silva. A ideia obteve consenso generalizado, exceto do Chega.

“Agora, quanto à organização, à logística, às condições protocolares, isso é o meu trabalho e ainda temos mais de mês e meio à nossa frente”, concluiu o presidente da AR – que ainda recordou que “a boa, belíssima tradição portuguesa, é que não há visita de Estado sem visita ao Parlamento português”.

Marcelo, confrontado com as decisões do Parlamento, descartou que a mudança de planos possa causar problemas nas relações entre os dois países porque com o Brasil “as relações políticas e diplomáticas são dulcíssimas, quer dizer é o superlativo de doce, são muito, muito, muito doces e muito boas.”

António Costa, pelo seu lado, acrescentou que as relações foram “pouco intensas” no tempo de Bolsonaro, sendo agora imperativo relançá-las “tão rapidamente quanto possível”.

Segundo disse, foi Lula quem propôs que a primeira cimeira luso-brasileira desta nova fase fosse a 22 de Abril, o dia em que, em 1500, os navegantes portugueses comandados por Pedro Álvares Cabral chegaram ao Brasil.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Mauro Pimentel / AFP