A provedora exonerada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, voltou esta na noite de quarta-feira a deixar dúvidas sobre os negócios no Brasil, considerando mesmo que podiam envolver “parceiros não confiáveis”.
Ana Jorge, no programa “Grande Entrevista” da RTP3, voltou a explicar os motivos que a levaram a cancelar os investimentos no projeto de expansão para o Brasil, e disse haver uma ata, de uma reunião de 2022, segundo a qual os então responsáveis admitiam que “os negócios no Brasil não eram nem nunca seriam rentáveis”.
Nas palavras da responsável seria difícil o sucesso, numa área do país onde o jogo não é regulado, e uma esperança que houve em Brasília também não se concretizou, pelo que, disse, a melhor opção foi a Santa Casa retirar-se, negando no entanto que tenha saído de forma abrupta, até porque as empresas criadas estão a funcionar.
Ana Jorge disse que considerou que os custos de sair eram menores do que continuar, afirmou que a intenção do antigo provedor até podia ser boa mas que o que encontrou foi uma “complicação”, e que a Santa Casa de Lisboa “a única coisa que fazia era dar dinheiro para o Brasil”.
Em determinado momento, referiu, a situação teve de ser entregue às autoridades judiciais, até porque há “envolvimentos com parceiros que podem não ser confiáveis”.
Ana Jorge desvalorizou, na entrevista ao jornalista Vitor Gonçalves, o investimento da anterior administração em imagens digitais (as chamadas NFT), de cerca de 500 mil euros, disse que é preciso dar nova vida aos jogos, e admitiu a preocupação com dependência de jogos (raspadinha).
Sobre o processo de exoneração pelo atual governo confessou-se surpreendida, porque na primeira reunião com a ministra da tutela disse que estava disponível para continuar e que esta lhe disse que confiava e até lhe perguntou quantos lugares vagos havia para colocar pessoas e se queria ficar com todos (da mesa).
Sobre declarações da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Ramalho, de que os gestores se tinham aumentado a si próprios Ana Jorge negou, disse que pela lei tal não era possível e que os aumentos que existiram não dependeram dos gestores.
Ana Jorge disse também que não está a pensar processar o ministério pela situação, e não considerou que a sua saída seja um “saneamento político”.
A administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi exonerada a 29 de abril passado.
Esta situação levou na quarta-feira Ana Jorge a ser ouvida no parlamento e esta quinta-feira é a vez da ministra Maria do Rosário Ramalho dar explicações aos deputados.
Fonte: diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: António Pedro Santos / Lusa