A procura por crédito à habitação teve aumento no primeiro trimestre, revela o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito (Bank Lending Survey, BLS) que o Banco de Portugal divulgou em comunicado nesta semana.
Houve um aumento da procura de empréstimos por parte de particulares, sobretudo no segmento da habitação.
No segmento da habitação, o nível geral das taxas de juro, o regime regulamentar e fiscal do mercado da habitação e, em menor grau, a confiança dos consumidores contribuíram para o aumento da procura, segundo o banco central.
Recorde-se que a garantia pessoal do Estado para viabilizar a concessão de crédito para a primeira aquisição de habitação própria permanente a jovens até aos 35 anos se esta não ultrapassar os 450.000 euros, entrou em vigor no último trimestre do ano passado.
O inquérito aos bancos revela ainda que o segmento do consumo e outros fins, a confiança dos consumidores contribuiu ligeiramente para o aumento da procura de empréstimos.
Na análise à procura de empréstimos por parte de empresas, o inquérito revela que houve um ligeiro aumento por PME e por empréstimos de longo prazo e, em sentido oposto, ligeira diminuição por grandes empresas.
O nível geral das taxas de juro e, em menor grau, as necessidades de financiamento do investimento contribuíram para o aumento da procura. Em sentido contrário, o recurso à geração interna de fundos como fonte de financiamento alternativa contribuiu ligeiramente para diminuir a procura de empréstimos por empresas.
As expetativas dos bancos é que haja um ligeiro aumento da procura de empréstimos tanto por empresas (por empréstimos de longo prazo e transversal à dimensão das empresas) como por particulares.
O inquérito foi enviado aos bancos no dia 10 de março de 2025 e o envio de respostas ocorreu até ao dia 24 de março. A avaliação da oferta e da procura refere-se ao primeiro trimestre de 2025 por comparação com o trimestre anterior. As expetativas referem-se ao segundo trimestre de 2025.
Do lado da oferta, o inquérito revela que não houve alterações nos critérios de concessão, no crédito a empresas e a particulares.
No crédito a empresas, deu-se uma ligeira diminuição da taxa de juro praticada e do spread aplicado nos empréstimos de risco médio (transversal à dimensão da empresa).
Já no crédito à habitação, verifica-se uma ligeira diminuição do spread aplicado nos empréstimos de risco médio e da restritividade associada ao rácio entre o valor do empréstimo e o valor da garantia (loan-to-value). Sem alterações no crédito ao consumo e outros fins
O BdP revela que no segmento das empresas, a concorrência de outras instituições bancárias contribuiu ligeiramente para termos e condições menos restritivos.
De igual modo, nos empréstimos para aquisição de habitação (segmento de particulares), este fator contribuiu ligeiramente para a redução do spread aplicado nos empréstimos de risco médio.
Não houve alteração na proporção de pedidos de empréstimo rejeitados no segmento das empresas e houve um ligeiro aumento nos empréstimos a particulares, em ambos os segmentos de crédito.
As expetativas da banca é que os critérios de concessão de crédito sejam ligeiramente menos restritivos tanto no crédito a empresas (para PME e em todas as maturidades dos empréstimos) como no crédito a particulares.
O inquérito é conduzido trimestralmente pelo Eurosistema junto de uma amostra de bancos da área do euro para obter informação qualitativa sobre a oferta e a procura de empréstimos a empresas e a particulares.
Fonte e crédito da imagem: O Jornal Económico / Portugal