Pesquisar
Close this search box.

Procura de crédito à habitação cresce entre os estrangeiros; brasileiros lideram a lista

O peso dos estrangeiros que contraem crédito à habitação junto dos bancos portugueses tem vindo a aumentar. No ano passado valeram 11,7% do montante contratado para compra de habitação, um crescimento superior a dois pontos percentuais quando comparado com 2022, indicam os dados do Banco de Portugal sobre o crédito no país.

Os brasileiros são líderes destacados entre as nacionalidades que mais recorrem ao financiamento bancário no momento de adquirir casa.

Tal não é de estranhar, já que são também a comunidade estrangeira com o maior número de residentes em Portugal – cerca de 400 mil.

Em 2023, os brasileiros foram responsáveis por 28% do montante de crédito à habitação contratado por estrangeiros, reforçando a posição cimeira que pelo menos desde 2021 ocupam neste indicador.

Segundo o retrato do Banco de Portugal das pessoas que obtiveram crédito nos últimos três anos em bancos nacionais, os britânicos ocuparam neste período a segunda posição entre os cidadãos estrangeiros, respondendo por um peso de 9% em 2023.

No terceiro lugar estão agora os norte-americanos, com 6% – o mesmo nível dos franceses, que reduziram a importância que tinham em 2022 (9%).

Angola, com um peso de 5%, Itália (4%), China, Espanha e Alemanha (todos com 3%) e Países Baixos (2%) integram também o ranking das principais nacionalidades que celebraram no ano passado contratos de crédito à habitação. O Banco de Portugal não disponibilizou os valores do crédito contratado.

O número de estrangeiros que recorrem ao crédito à habitação tem acompanhado a evolução crescente do valor contratado. No ano passado, 9% das 117 mil pessoas que contraíram crédito à habitação em Portugal eram cidadãos de outros países.

Os brasileiros representam aqui 36% do total dos mutuários estrangeiros, seguindo-se os angolanos (6%), os britânicos e franceses (ambos com um peso de 5%) e os norte-americanos, com 4%, o mesmo valor que os italianos.

Na lista das 10 principais nacionalidades, destaque ainda para os chineses, espanhóis, ucranianos e cabo-verdianos.

Crédito mais barato

“Quem lidera o crédito para a compra de casa continua a ser os clientes de nacionalidade brasileira”, reconhece Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal. E isso deve-se principalmente “à insegurança e instabilidade que tem assombrado o Brasil”, justifica.

Mas não só. Portugal está “a captar o interesse de indivíduos com diferentes poderes de compra e motivações variadas”, e, “consequentemente, o recurso ao crédito para aquisição de imóveis em Portugal tem aumentado, com mais estrangeiros a comprar e mais clientes a necessitar de financiamento para adquirir as suas casas no país”.

A Century 21 Portugal regista “um crescimento significativo face ao ano de 2023, acima de 15%”, revela Ricardo Sousa.

Há um dado que é também de relevo. “As taxas de juro em Portugal são significativamente mais baixas do que em muitos países fora da União Europeia, como o Brasil, Estados Unidos e Reino Unido”, lembra o CEO.

O custo do dinheiro para os cidadãos destes países poderá explicar porque é que o top 3 integra também britânicos e norte-americanos. Segundo Marco Tairum, CEO da Keller Williams Portugal, o cliente estrangeiro vem, em geral, preparado para adquirir com capitais próprios. No entanto, acaba por recorrer a financiamento dadas as boas condições apresentadas pelos intermediários de crédito, aponta.

Na KW, mais de 30% dos clientes estrangeiros compram a crédito. “Existem alguns clientes que, apesar de terem capitais próprios, preferem, pelas condições que a banca oferece, recorrer a empréstimos, e assim poderem diversificar os seus investimentos e/ou adquirir outros imóveis para investimento.”

A mediadora tem sentido que é nas zonas de Lisboa e da Margem Sul, na região do Porto e na Madeira que os estrangeiros mais recorrem a crédito para aquisição das suas casas. Já no Algarve ainda há muitos estrangeiros a comprar com recurso a capitais próprios.

Júlio Quintela, diretor de operações da Zome, observa que “houve um ligeiro abrandamento nas compras por residentes na União Europeia e um aumento de aproximadamente 10% nas compras realizadas por residentes de outros países, com destaque para israelitas, brasileiros e norte-americanos”.

Na sua opinião, “estas mudanças refletem uma diversificação no perfil dos investidores internacionais que escolhem Portugal como destino de investimento”.

Segundo a Century 21, o valor médio do crédito à habitação de um português é de 100 mil euros, enquanto o de um brasileiro é de 163 mil. Já o preço médio de uma casa adquirida por um norte-americano é de 268 mil e de 400 mil euros quando se trata de um cidadão do Reino Unido.

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal