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“Portugal pode deixar o Brasil melhor e o Brasil pode deixar Portugal maior”

Quem passou pelo WOW, em Vila Nova de Gaia, nos últimos dias pôde conhecer um Brasil que vai além daquele mostrado nas novelas, geralmente com o ambiente do Rio de Janeiro. Cacau do Pará, o doce fruto jabuticaba e vinho produzido no Sertão foram alguns dos produtos em exposição na feira de negócios Brasil Origem Week. Nas pinturas, onça-pintadas e capivaras decoraram o espaço.

Foi a 1.ª edição do evento, que visa realizar negócios de portugueses no Brasil e vice-versa, mas não só. A programação foi idealizada para unir outros aspetos, como a gastronomia, apresentações culturais, desfiles de moda com marcas brasileiras e fóruns de discussões. Exposições de arte e de fotografia completaram a parte artística do evento.

O primeiro dos fóruns de discussão teve como tema os investimentos entre Brasil e Portugal, tal como a troca de boas-práticas e reflexão sobre como pode ser possível aumentar a balança comercial entre os dois países.

Raimundo Carreiro, embaixador do Brasil, destacou que o comércio entre os dois países quase duplicou na última década, mas que ainda há muito por fazer, como a diversificação dos produtos exportados. O diplomata também frisou que Portugal é “naturalmente” uma entrada de fácil acesso para o mercado europeu no geral, além das semelhanças culturais e idioma comum.

No segundo dia, a relação histórica entre Brasil e Portugal foi o destaque, com quatro painéis que uniram especialistas brasileiros e portugueses. O historiador Gonçalves Guimarães falou sobre as trocas mercantis. “A relação vai muito além de produtos. Temos muita presença do Brasil na culinária, nos temperos e das novelas e manifestações culturais”, destaca o historiador português, autor de mais de 30 livros.

Neste sábado, a tarde de discussões foi sobre empreendedorismo feminino. O painel Empreendedoras além-fronteiras: perspetivas, desafios e triunfos reuniu quatro empresárias brasileiras que atuam na Europa. Patrícia Lemos, Catarina Zuccaro, Rijarda Aristóteles e Cristina Lambermont falaram sobre a necessidade de conhecer a cultura local para empreender, e sobre a necessidade de adaptação ao mercado e à própria sociedade.

“É um recomeço, chegar aqui e reaprender, desapegar de quem éramos no Brasil”, explicou Pati Lemos, que deixou a carreira publicitária para viver em Portugal com mais tranquilidade e segurança para a família.

Para Marco Lessa, organizador da feira, a 1.ª edição já superou as expectativas. “O fluxo está bem interessante, regular. E as pessoas, não só de brasileiros, mas brasileiros, portugueses e estrangeiros de outros países, comprando, discutindo negócios futuros, as ações culturais, as atividades relacionadas com as exposições de arte, música, fotografia, muito bem avaliadas e com uma excelente frequência”, diz o empresário baiano.

A edição teve stands do Governo do Pará e da Bahia. Para 2025, o CEO não tem dúvidas da participação de mais Estados. “Já temos vários contactos para a próxima edição aqui em Portugal, mas também para as feiras que vamos realizar na Bélgica, França e Espanha”, ressalta Lessa. A próxima paragem será em Bruxelas, no início de setembro.

Marco Lessa, empresário no ramo do cacau, escolheu Portugal para ser a base dos negócios na Europa. “Se eu soubesse como era já tinha feito antes, eu e a minha família estamos amando morar em Portugal”, avalia. O foco dos negócios é a integração entre os dois mercados. “Portugal pode deixar o Brasil melhor e o Brasil pode deixar Portugal maior”, destaca.

No final do ano passado, o empresário inaugurou em Vila Nova de Gaia a Casa Brasiliana, o primeiro hub de produtos brasileiros no país. O primeiro contentor com mais de 50 tipos de artigos diferentes já atravessou o oceano e foi comercializado no mercado europeu. Além de promover a exportação, Marco auxilia os pequenos produtores a adequarem-se aos padrões exigidos na União Europeia (UE).

“A nossa intenção é contribuir para que isso ocorra, mas de uma forma equilibrada, onde todos ganhem, onde o Brasil possa mostrar toda a sua força e, principalmente, a sua diversidade, qualidade, com seus produtos sustentáveis absolutamente diversificados, plural, em todas as regiões.”

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: José Carmo / Global Imagens