A Seleção Sub-19 queria “mesmo muito” ser campeã da Europa, mas não conseguiu. Este domingo, perdeu com a Itália (1-0), numa final em que os dois principais talentos neste europeu – Rodrigo Ribeiro e Hugo Félix – estiveram muito apagados e levaram a equipa para um abismo exibicional demasiado penalizador.
Ambas as seleções tinham derrotas para vingar. Os transalpinos sagraram-se campeões em 2003 à custa dos portugueses, que, por sua vez ergueram o troféu, em 2018, depois e bater os italianos no prolongamento (4-3). Hoje, os italianos voltaram a levar a melhor.
Foi a quinta derrota dos portugueses em seis finais (2003, 2014, 2017, 2018, 2019 e 2023) no novo formato da prova.
Só numa vez correu bem (2018, com Hélio Sousa) e isso de alguma forma foi premonitório. Portugal é o país com mais finais conseguidas e perdidas e com esse pormaior de ambos os títulos italianos terem sido conquistados frente aos portugueses.
O adversário tinha sido goleado pelos portugueses na fase de grupos (5-1), mas, apesar de não ver nisso uma vantagem, o selecionador garantira, na véspera, que os seus jogadores sabiam o caminho para chegar à baliza italiana e ganhar. Pela entrada em falso no jogo da final ninguém diria.
A primeira parte desiludiu quem se iludiu com o jogo bonito mostrado durante o europeu por uma equipa feita de “solidariedade, compromisso, identidade e paixão”. Nada disso se viu nos primeiros 45 minutos, que ofensivamente se resumiu a um remate desenquadrado com a baliza.
O intervalo chegou com Portugal a perder. Um erro ajudou a Itália a chegar à vantagem aos 19 minutos. Michael Kayode apareceu ao segundo poste para atirar a bola à figura de Gonçalo Ribeiro, mas o guarda-redes português não conseguiu segurar a bola, que ainda bateu no poste antes de entrar na baliza.
O golo premiava a superioridade futebolística dos transalpinos. Esposito e Hasa deram muitas dores de cabeça à defesa portuguesa.
Pela primeira vez a seleção estava em desvantagem ao intervalo no Europeu Sub-19. Portugal não conseguia encontrar espaços para jogar, mas melhorou na reta final da primeira parte, apesar das dificuldades em entrar na grande área italiana.
Intervalo de (poucas) ideias
Para o segundo tempo exigia-se uma atitude e uma exibição muito diferente e caras e pernas novas para uma reentrada forte na partida. O selecionador fez entrar Martim Fernandes e Diogo Prioste para os lugares de Martim Marques e Samuel Justo e conseguiu dar nova vida a Portugal (sem no entanto ter sucesso na missão principal).
Portugal tinha de correr riscos para tentar chegar ao empate conseguia ser mais perigoso ofensivamente. Passou a haver mais objetividade junto à área adversária, mas ia-se expondo aos perigos vindo de Itália. Aos 77 minutos Gonçalo Ribeiro impediu Samuele Vignato de fazer o segundo para os transalpinos. Grandes reflexos do guarda-redes português a manter Portugal na luta pelo empate e pelo troféu mais alguns minutos.
A comitiva portuguesa revelava algum nervosismo – adjunto do selecionador viu um cartão amarelo – e havia razões para isso. O tempo ia passando, a Itália estava confortável no papel que tão bem desempenha e lhe dá carisma – o catenaccio – e Portugal não conseguia furar a muralha em frente à baliza. No último remate do jogo, Herculano Nabian teve o empate nos pés, mas não era o dia para ser feliz.
Joaquim Malheiro, que nunca chorou as ausências – André Gomes, João Neves, Diego Moreira, Chermiti e Dário Essugo entre outros – pagou caro a filosofia que implementou na equipa. O jogo bonito e solto foi vencido pelo cinismo e pragmatismo da Itália.
Ficou a lição para os talentos que emergem no futebol português como Hugo Félix, Rúben Ribeiro, João Vasconcelos, Gabriel Brás, Martim Marques ou Carlos Borges.
Fonte: Diário de Notícias
Crédito da imagem: FPF