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Portugal e Espanha assinalam “excelentes relações” e assinam 11 acordos de cooperação

A 34.ª Cimeira Luso-Espanhola terminou esta quarta-feira na ilha de Lanzarote, com a assinatura de 11 acordos em áreas como a coesão territorial, a educação, a justiça e a cultura, um dos temas centrais do encontro que ditou o acerto de um programa de cooperação cultural no âmbito dos 50 anos das democracias nos dois países, em homenagem ao escritor José Saramago.

Foi com a garantia de que se vive um “excelente momento nas relações” bilaterais que terminou, esta quarta-feira, a 34ª Cimeira Luso-Espanhola, que decorreu na ilha espanhola de Lanzarote, em homenagem ao escritor que, segundo o primeiro-ministro António Costa, “construir pontes entre os dois países”: José Saramago.

Aliás, a sintonia entre Portugal e Espanha está bem evidenciada na declaração conjunta, que saiu da Cimeira. Um documento com 66 pontos, onde se lê: “Mais uma vez, a Cimeira serviu para evidenciar o excelente momento das relações entre Portugal e Espanha, num contexto internacional complexo, marcado pela agressão da Rússia à Ucrânia, que continua a desafiar todo o continente europeu”.

A poucos meses de Espanha assumir a presidência do Conselho Europeu da União Europeia (UE), os dois governos reiteraram o alinhamento em matérias importantes, como o mercado ibérico de energia e o impulso que pode dar à autosuficiência energética da União Europeia. “Os dois governos comprometem-se com a transição energética e digital”, vincou o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez.

Nesse âmbito, os dois governos reiteraram a necessidade da luta contra as alterações climáticas e do cumprimento de acordos assumidos a este nível pela comunidade internacional, sobretudo, no seio da Europa e das Nações Unidas, além da condenação da invasão russa da Ucrânia e o apoio a Kiev.

A nível bilateral, Portugal e Espanha sublinharam o compromisso de continuar a desenvolver uma estratégia comum nos territórios transfronteiriços. Foi nesse âmbito que foram assinados vários acordos, como o de uma agenda cultural que contempla cerca de 40 atividades este ano; o do projeto das escolas bilingues e interculturais; o do programa de revitalização de aldeias e a iniciativa “campus rural” universitário, que prevê a realização de estágios e trabalhos de investigação em pequenos municípios.

Os dois países assinaram também acordos sobre cooperação relacionados com “a luta contra a resistência antimicrobiana”, a formação em Economia Social e o uso de tecnologias na administração da Justiça.

Mas a cereja no cimo do bolo é o protocolo para uma programação cultural cruzada entre Portugal e Espanha dedicada aos 50 anos da democracia, que decorre entre finais de 2024 e finais de 2025. “A cultura é a maior expressão de liberdade”, considerou António Costa

Ainda a nível bilateral, a declaração da 34.ª cimeira ibérica reitera o compromisso assumidos pelos dois países no encontro anterior, em Viana do castelo, em novembro, relativo a uma monitorização mais apertada dos caudais dos rios partilhados por Portugal e Espanha e do cumprimento global da Convenção de Albufeira, que regula a gestão desses cursos de água comuns.

“Apesar de apenas terem passado quatro meses desde Viana do Castelo, avançamos muito no que nos comprometemos a fazer mas também abrimos diversas frentes de trabalho”, sublinhou o primeiro-ministro português, aproveitando para convidar Sánchez para uma nova cimeira entre os dois países, no próximo ano, em Lisboa. “Vai ser um desafio enorme conseguir encontrar um local tão especial”, referiu António Costa.

De fora do encontro estiveram temas como o da privatização da TAP, que tem a Ibérica como um dos interessados. Um negócio que Sánchez se recusou a comentar, por considerar ser matéria do fórum do Governo português. Já António Costa garantiu: “Falamos muito de ferrovia e falamos bastante de rodovias. Muitos assuntos terrenos. Não saímos da terra para falar de mobilidade”.

À margem da Cimeira, António Costa foi confrontado com o caso dos marinheiros que se recusaram a acompanhar o navio russo, sublinhando o facto de já ter sido aberto um inquérito e garantindo: “As Forças Armadas estão à altura de desempenhar qualquer missão onde quer que estejam”.

O primeiro-ministro foi ainda questionado com o alegado desgaste da sua maioria absoluta, acabando por ouvir elogios de Sánchez. “Tenho uma inveja saudável da maioria parlamentar de António Costa”, disse o primeiro-ministro espanhol.

“Sou primeiro-ministro. Compete-me governar e trabalhar para a solução dos problemas, quando há problemas”, acrescentou António Costa, recusando a ideia de que os seus membros do Governo estão cansados. “Não vejo porquê. A generalidade dos ministros são novos. Estão plenos de energia”, atirou.

Fonte: Jornal de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Desiree Martin / AFP