Portugal tinha, na Escócia, onde voltou a jogar oficialmente 32 anos depois, uma ótima oportunidade de continuar a fazer história.
Por dois grandes motivos. Primeiro, porque nunca havia ganho naquele país britânico (em quatro jogos oficiais, havia empatado dois e perdido os outros dois); depois, porque poderia carimbar desde logo a presença nos quartos-de-final da Liga das Nações, ainda que para isso estivesse dependente do resultado do Polónia-Croácia.
Mas, 90 minutos depois, continua tudo na mesma: Portugal continua sem ganhar na Escócia em jogos oficiais, e ainda não foi desta que conseguiu apurar-se para o quartos-de-final da Liga das Nações (a Polónia empatou 3-3 com a Croácia e, caso Portugal tivesse ganho, ficava imediatamente apurado).
Para este jogo, disputado no mítico Hampden Park, em Glasgow, Roberto Martínez apresentou uma equipa completamente renovada em relação ao jogo com a Polónia, apresentando seis alterações (com tantas e tão boas opções, feliz o selecionador que pode dar-se a este luxo): Cancelo entrou para o lugar de Dalot, António Silva surgiu no lugar de Renato Veiga, Palhinha adicionou ‘cabedal’ para o combate a meio-campo, no lugar de Rúben Neves.
Já Vitinha apareceu na vaga de Bernardo Silva, enquanto nas alas surgiram os Francisco Conceição e Diogo Jota – apenas Diogo Costa, Rúben Dias, Nuno Mendes, Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo se mantiveram no onze.
Ou seja, se o esquema tático se manteve (4x3x3), a verdade é que as características dos jogadores chamados ao onze emprestavam novas nuances à equipa, sobretudo maior poder de choque no eixo do meio-campo, e capacidade no jogo aéreo, com João Palhinha, e maior profundidade e velocidade nas alas, com Cancelo na lateral direita, Nuno Mendes na esquerda, que subiam no terreno para se aproximarem muito dos ‘tiros’ Francisco Conceição e Diogo Jota.
Ficava a ideia clara, pois, de que o jogo ofensivo de Portugal ia passar muito pelas alas, era por aí que a seleção portuguesa procuraria criar desequilíbrios para ferir a seleção orientada por Steve Clarke.
A primeira ocasião de golo pertence aos escoceses (ao minuto 4, Robertson cruza da esquerda, McTominay cabeceia, mas Diogo Costa estava atento), mas Portugal foi entrando no jogo, sereno, e ao minuto 8 é Cristiano Ronaldo quem testa a atenção de Gordon.
Perante uma Escócia organizada e agressiva a defender, sem, porém, nunca deixar de olhar para a frente (Christie, aos 20, voltou a testar Diogo Costa…), Portugal estudava pacientemente a melhor forma de entrar na sua zona ofensiva, com Vitinha a assumir o comando das operações.
A questão é que Portugal tentava, por dentro e por fora, mas não conseguia encontrar o caminho para a baliza escocesa, e as tentativas de golo saiam sempre longe do alvo – a exibição do coletivo estava muito longe do conseguido no embate com a Polónia.
A segunda parte começa com uma boa oportunidade desperdiçada por Cristiano Ronaldo (48’), que cabeceia por cima após cruzamento bem medido de Diogo Jota, e depois é Francisco Conceição quem dispara… por cima (52’).
Roberto Martínez mexeu na equipa ao minuto 60 – Rúben Neves, Bernardo Silva e Rafael Leão entraram para os lugares de Palhinha, Francisco Conceição e Diogo Jota, respetivamente -, houve momentos em que Portugal sufocou a Escócia, mas os tiros… eram de pólvora seca.
Enquanto isso, os escoceses iam acreditando e, a espaços, chegavam-se à frente com relativo perigo.
Portugal insistia nas bolas pelo ar, em especial João Cancelo, o que deixava os escoceses cómodos, mas foi pelo chão que voltou a andar perto do golo, primeiro por Cristiano Ronaldo (80), depois por Bruno Fernandes (87) – Gordon fez a defesa do jogo neste lance.
Aos 90+1, Devlin ainda desvia para canto remate de Rafael Leão. E o jogo acabou com tudo a zeros. Soube a pouco…
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Mark Runnacles / EPA