Três golos sem resposta e primeiro lugar e apuramento garantidos. Portugal venceu tranquilamente a Turquia na segunda jornada do Grupo F, este sábado, e vai poder descansar os habituais titulares frente à Geórgia, na quarta-feira, sabendo que irá jogar os oitavos em Frankfurt no dia 1 de julho perante um terceiro classificado do Grupo A, B ou C.
Mesmo sem ter realizado uma exibição deslumbrante, a seleção teve o mérito de saber aproveitar os erros alheios – já se sabia que a fragilidade dos turcos estava no seu setor recuado – para ter tudo resolvido antes da hora de jogo.
Bernardo, um novo autogolo e Bruno assinaram os golos, com Cristiano Ronaldo a somar a sétima assistência em Europeus, superando Poborský no topo dessa lista. Mais uma marca para o capitão, que até nem esteve muito inspirado…
Para o embate de Dortmund, numa tarde quente (para os padrões locais) e de sol, Roberto Martínez optou por regressar a uma solução simples, com a troca de Diogo Dalot por João Palhinha, de modo a assegurar maior proteção no meio-campo perante um adversário que esperava mais subido que o rival da primeira ronda.
Já do outro lado, o italiano Vicenzo Montella foi bem mais radical e mudou mais de meia equipa em relação ao triunfo frente à Geórgia: manteve o lateral esquerdo (Fordi Kadioglu), os dois médios mais recuados (Kaan e Çalhanoglu) e a zona central do ataque (o benfiquista Kökçü no apoio ao dianteiroYilmaz), remetendo as duas “jóias” (Arda Güler e Kenan Yildiz) para o banco. Ainda assim, não mexeu no 4x2x3x1 que utiliza.
De qualquer forma, o técnico português voltou a pedir a Cancelo que funcionasse como interior e foi assim que a equipa das quinas chegou à área turca nos minutos iniciais, com um passe para Bernardo servir Cristiano Ronaldo. Todavia, o remate de primeira do capitão português saiu fraco.
Num ambiente hostil devido ao habitual fervor dos adeptos turcos, a equipa nacional pareceu sentir, ainda assim, algumas dificuldades para entrar no jogo. Aos seis minutos, numa lance em que Rafael Leão se esqueceu de acompanhar Çelik, o centro do lateral saiu com muito perigo e acabaria por ser Rúben Dias a evitar o pior ao segundo poste.
As bancadas animavam-se mas Portugal aproveitou para se sentar no comando das operações, trocando bem a bola e arrefecendo o ímpeto contrário. CR7 voltou a não aproveitar um cruzamento de Cancelo (8′) mas o golo acabaria por aparecer aos 21 minutos, depois de mais um ataque turco.
Num lance construído na esquerda, Rafael Leão lançou Nuno Mendes, que centrou para a área. A bola acabou por ser desviada por Kökçü, ficando à merçê de Bernardo Silva, o qual não perdoou com um remate de pé direito.
O quatro da nossa sorte
Mesmo sem deslumbrar, Portugal chegava à vantagem num lance idêntico ao que deu a vitória frente à Chéquia e alargaria o marcador… com um autogolo caricato, com a curiosidade de também ter sido o número 4 adversário (desta feita Samet Akaydin, que acabaria por sair lesionado na segunda parte – um azar nunca vem só…) a bater o seu próprio guarda-redes, depois de um atraso disparatado na sequência de um lance em que João Cancelo (aí mais fixo como lateral direito) e Cristiano Ronaldo não se tinham entendido.
Se existiam dúvidas quanto à capacidade da linha recuada dos turcos, elas ficaram desfeitas em menos de meia hora, num lance que vai seguramente figurar nos apanhados deste Europeu.
Impulsionada pelos adeptos, a Turquia ainda procurou reduzir antes do intervalo. Diogo Costa teve de mostrar a sua atenção num remate de Aktürkoglu e a equipa ganhou três cantos de seguida.
Mas, comandada por um Pepe soberbo, a defesa portuguesa não passou por grandes aflições, tirando um remate de Kökçü de meia distância. Pelo meio, Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo desperdiçaram duas ocasiões com remates desenquadrados e Rafael Leão voltou a ver um amarelo por simulação, o que o afasta da última jornada.
Para o segundo tempo, Martínez lançou Pedro Neto (na vaga do extremo do AC Milan) e Rúben Neves (substituindo o amarelado Palhinha) e seria um passe extraordinário do médio do Al-Hilal a acabar com qualquer dúvida que ainda existisse. Çelik não acompanhou a linha dos companheiros de setor e ainda por cima escorregou, deixando Cristiano Ronaldo isolado e em jogo e Bruno Fernandes completamente sozinho.
O capitão não foi egoísta e ofereceu o golo ao seu companheiro, que não desperdiçou a ocasião para somar o 23.º pela seleção, empurrando para a baliza deserta.
Com mais de meia hora por jogar, o vencedor estava encontrado. Portugal podia ter aumentado a vantagem, o que acabou por não acontecer, até porque a equipa desligou em termos ofensivos.
Martínez ainda aproveitou para dar alguns minutos a outros jogadores – Nélson Semedo, António Silva e João Neves – e o resultado já não se alterou, com a partida a ser constantemente interrompida por invasões (pacíficas) de campo e cantos sem sequência.
A figura do jogo: Bernardo Silva
Depois de ter estado uns bons furos abaixo do seu valor na primeira partida, o extremo do City acabou por ser decisivo em Dortmund, surgindo muito bem a desbloquear a partida ao apontar o primeiro golo (o seu 12º na seleção), onde revelou oportunismo e frieza na hora de finalizar. No resto, esteve sempre concentrado, acabando com 91% de passes certos.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: AFP