O presidente do Belenenses, Patrick Morais de Carvalho, colocou o clube à beira do ‘paraíso’, nas competições profissionais de futebol, cinco anos e cinco subidas de divisão depois da descida proposta ao ‘inferno’ dos distritais de Lisboa.
Os ‘azuis’ asseguraram no sábado a subida à Liga 2 graças a um empate (0-0) na receção à Sanjoanense, na última jornada da série 2 da fase de subida da Liga 3.
Foi a quinta ascensão seguida, desde a última divisão distrital de Lisboa.
“Foi um momento de enorme catarse coletiva para os adeptos e sócios do Belenenses. Merecemos mais do que ninguém esta alegria e é uma vitória da massa associativa do Belenenses. O sentimento é um bocadinho de ‘prometi e cumpri’. Fomos ao ‘inferno’ e, agora, deixámos o Belenenses à beira do ‘paraíso’, nos campeonatos profissionais.
Isso é uma sensação extraordinária, foi o culminar de uma série de conquistas e de vitórias, no plano desportivo e jurídico, que era tão ou mais complicado”, disse à agência Lusa.
O Belenenses e a BSAD, antiga SAD dos ‘azuis’, estão afastados desde o início da época 2018 / 2019, devido à separação entre a SAD (Sociedade Anónima Desportiva) e o clube, como aconteceu com o Belenenses,
o que culminou na criação de uma nova equipa de futebol, iniciada na última divisão distrital de Lisboa, e em várias ações em tribunal, com o clube a tentar impedir que a SAD usasse o seu nome e símbolos, tendo vendido, em julho de 2020, os 10% de capital que ainda detinha na sociedade, até que se deu a cisão final entre as entidades.
“Foi preciso conseguir-se essas vitórias jurídicas, a par destas vitórias desportivas, que agora, olhando para trás, parecem fáceis, mas quem anda no futebol sabe que é muito difícil, especialmente no último ano. Foi um ano em que competimos com armas muito desiguais. Felizmente, conseguimos ser competentes e ter a eficácia necessária para subir de divisão, que era o grande objetivo desde o primeiro dia da época”, sublinhou.
Desafiado a comparar o atual Belenenses com o que iniciou este trajeto ascendente no futebol português, após uma história centenária habituada à elite e cuja glória assenta na conquista do campeonato nacional de 1945/1946, Patrick Morais de Carvalho foi perentório na sua resposta.
“É um Belenenses muito mais forte, com raízes associativas muito profundas. A massa associativa unida à volta do clube, da instituição, do presidente, da direção, dos atletas e do símbolo. Sou sócio do Belenenses há mais de 30 anos e, francamente, nunca vi a massa associativa tão unida à volta do clube como vejo agora”, ressalvou o dirigente.
O Belenenses terá um dos orçamentos mais baixos da Liga 2 na próxima temporada, fruto das exigências financeiras que necessita de cumprir para licenciar o estádio, assumiu Patrick Morais de Carvalho.
“Vamos para uma Liga em que, já à partida, o Belenenses é altamente penalizado, pois a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) exige-nos que, só para licenciarmos o Estádio do Restelo, gastemos mais de 500 mil euros. É quase condenar o Belenenses à partida. Vamos ter um orçamento muito modesto, muito provavelmente o mais baixo da Liga 2”, apontou o presidente, que lembrou eventos recentes.
“Acho que isto põe em causa a verdade desportiva e a integridade da competição. São dificuldades acrescidas e teremos de ir para a Liga 2 com um orçamento reduzidíssimo. Não nos resta outra coisa que não acreditar que, com muito pouco, temos de conseguir fazer mais. As dificuldades serão muitas e os sócios têm de se preparar para tal”, disse.
A ascensão aos campeonatos profissionais serve de ‘cereja no topo do bolo’ dos nove anos de presidência de Patrick Morais de Carvalho, que não tenciona recandidatar-se às eleições do clube, agendadas para 24 de junho, saindo “muito bem de consciência”.
“Entendo que a minha missão no Belenenses termina no próximo dia 20 de maio, com a final da Liga 3. Se perceber que estão reunidas condições do ponto de vista orçamental, embora com o orçamento mais baixo da Liga 2, para podermos honrar os compromissos que vamos ter de firmar, repensarei. Caso contrário, não serei candidato e entendo que a minha missão fica cumprida no dia 20. Acho que ninguém me pode exigir mais nada, porque dei nove anos da minha vida, juntamente com alguns colegas de direção – e desde o início já só estão dois, porque isto é duríssimo”, expressou ainda o líder do Belenenses.
Antes das eleições, terá lugar uma assembleia geral extraordinária para discutir, com os sócios, a participação nas competições profissionais e a necessidade de constituição de uma nova sociedade desportiva, depois da cisão com a anterior SAD – BSAD, da Liga 2.
“Já que, do ponto de vista jurídico, continua a ser obrigatória a criação de uma sociedade, defenderei que o Belenenses crie uma SDUQ (Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas), detida a 100% pelo Belenenses, mas sem prejuízo de, mais tarde, se poder vir a converter numa SAD, se assim o entendermos”, explicou Patrick Morais de Carvalho.
Fonte: Jornal de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: FPF