O Porto tem mais pulmão verde, localizado bem no centro da cidade, na zona da Lapa. São mais 17 mil metros quadrados de área verde à disposição de todos os portuenses e visitantes que recebe o nome de um dos principais rostos da Democracia portuguesa: Mário Soares, que este sábado, dia 7 de dezembro, comemoraria o seu 100.º aniversário.
Ao jardim junta-se um busto, ampliado a partir de um modelo existente na Fundação Mário Soares e Maria Barroso, em Lisboa, da autoria do escultor Lagoa Henriques.
“A primeira palavra para agradecer, em nome de Portugal, ao presidente da Câmara, à autarquia, Assembleia Municipal, a todos os munícipes esta homenagem prestada a Mário Soares. Tinha de começar em algum sítio o seu centenário e começou pelo Porto”, enfatizou o Presidente da República, que marcou presença na cerimónia, ao lado de Rui Moreira, dos filhos do homenageado, Isabel e João Soares.
“Ele adorava o Porto. Sentia-se bem aqui”, recordou Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcaram presença na inauguração, igualmente, o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, o empresário Ilídio Pinho, e vários membros do Executivo Municipal e da vida política portuense.
A primeira palavra para agradecer, em nome de Portugal, ao presidente da Câmara, à autarquia, Assembleia Municipal, a todos os munícipes esta homenagem prestada a Mário Soares. Tinha de começar em algum sítio o seu centenário e começou pelo Porto
Em termos políticos, de acordo com o chefe de Estado, a luta de Mário Soares pela liberdade e democracia “não acabou” e não há Europa livre e democrática se “seduzida por projetos ou sonhos ditatoriais”.
Por isso, o centenário do aniversário do antigo Presidente da República, que começou com esta cerimónia, “é um apelo de futuro”. “É preciso continuar a lutar no presente e no futuro pela liberdade, pela qual lutou Mário Soares. É preciso continuar a lutar pela democracia pela qual lutou Mário Soares, é preciso continuar a lutar pela Europa livre e democrática pela qual lutou Mário Soares. Venham os ventos de oeste ou de leste, venham de onde vierem, com propostas, promessas, ingenuidades e ilusões”, assinalou.
Marcelo Rebelo de Sousa sustentou ainda que não existem “liberdades limitadas”, “democracia iliberais”, nem uma Europa “que queira ser livre e democrática que possa de alguma forma ser seduzida por projetos ou sonhos ditatoriais”.
“Isso ensinou-nos Mário Soares e isso tem de estar vivo na nossa memória. Este jardim não é um jardim do passado é do futuro. Mário Soares não é um herói do passado, é um herói do futuro”, concluiu o chefe de Estado.
Este jardim não é um jardim do passado é do futuro. Mário Soares não é um herói do passado, é um herói do futuro
Já o presidente da Câmara recordou que, “em várias intervenções públicas, [Mário Soares] chamou ao Porto ‘a cidade da liberdade’ e enfatizou a sua importância para a instauração do liberalismo no país, em 1820”.
A ligação do antigo Presidente da República à Invicta é profunda. “A cidade de Almeida Garrett, Sophia de Mello Breyner Andresen e Miguel Veiga, personalidades que Mário Soares muito admirava, foi escolhida para a sua primeira viagem oficial como Presidente da República, em 1986”, lembrou Rui Moreira.
Já na altura, Mário Soares identificava a cidade como “capital do trabalho, centro privilegiado de cultura, motor de iniciativa e desenvolvimento”. E “a cidade soube retribuir a afeição de Mário Soares, consagrando-lhe grande carinho, admiração e respeito”, sublinhou o presidente.
E, agora, todo esse “carinho, admiração e respeito” materializa-se num espaço, com mais de 17 mil metros quadrados de área verde, para usufruto de todos os portuenses e quem visitar a cidade. Na zona da Lapa, fica situado o “Parque Urbano Dr. Mário Soares”, que se junta aos cerca de 77 hectares de área verde reabilitados, nos últimos anos, 22 deles correspondentes a novos jardins e parques.
“Os espaços verdes são vitais para promover a qualidade ambiental e o bem-estar urbano. Para melhorar a gestão dos recursos naturais, em particular da água. Para servir de sumidouros de carbono e mitigar o impacto de fenómenos climáticos extremos”, frisou o autarca portuense.
A cidade soube retribuir a afeição de Mário Soares, consagrando-lhe grande carinho, admiração e respeito
“Tudo isto entronca com o esforço do Município para combater as alterações climáticas. Um esforço no qual investimos, entre 2017 e 2023, 657 milhões de euros”, adiantou Rui Moreira, acrescentando: “Até 2030, o Município espera alcançar os dois mil milhões de euros de investimento em medidas de combate às alterações climáticas”.
A construção do novo parque decorre de uma parceria público-privada com um grupo hoteleiro canadiano (Mercan Properties), que investiu na SUA construção cerca de três milhões de euros (que acrescem ao um milhão já investido na requalificação das artérias viárias na zona da Lapa).
Sobre o parque e o busto dedicado a seu pai, Isabel Barroso Soares confessou estar “comovida” com a homenagem. “É a melhor que se podia fazer”, confessou, revelando também um pouco da história do busto, “encomendado pela minha mãe, nos anos 60, a Lagoa Henriques”.
Isabel Barroso Soares relembrou a ligação do pai ao Porto, aos alfarrabistas, gastronomia e famílias da cidade, destacando que ele era “um homem simples” para quem a liberdade era como “o ar que respirava” e que “nunca desistiu de lutar por ela antes e depois do 25 de Abril”.
Citando um poema de Sophia Mello Breyner – “Há jardins invadidos de luar/Que vibram no silêncio como liras/Neste jardim de Abril em que respiras” – , concluiu, dizendo “Este vai ser o jardim dele”.
Fonte: www.www.porto.pt
Crédito das imagens: Fernando Veludo / Lusa e Guilherme Costa Oliveira (www.porto.pt)