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Orquestra social do Brasil atua em Lisboa

A orquestra Maré do Amanhã sobe ao palco do Teatro Tivoli em Lisboa nesta sexta-feira, dia 2 de fevereiro. O concerto será gratuito e tem início às 19h, com levantamento dos bilhetes no local. O projeto é formado por jovens da favela da Maré, do Rio de Janeiro e tem raízes portuguesas.

O fundador da orquestra é Carlos Eduardo Prazeres, filho do maestro português Armando Prazeres, que emigrou com os pais para o Brasil, ainda criança, no século passado. 

“É uma honra muito grande tocar em um dos maiores palcos de Portugal”, resume Carlos, em entrevista ao DN. A orquestra vem de um roteiro pela Europa, que começou no dia 24 de janeiro, no Vaticano, onde foram recebidos e abençoados pelo Papa Francisco.

O grupo já havia estado em Portugal em 2023, durante as Jornadas Mundiais da Juventude. Na altura, o objetivo era ter sido recebido pelo pontífice, mas tal não foi possível.

“Fizemos de tudo, até montamos a orquestra em pontos onde ele passaria, mas não nos viu, Porém, não desistimos. Enviei um ofício ao Vaticano e a visita aconteceu”, conta Prazeres.

Stephanye Crespo, de 17 anos, diz não ter palavras para descrever o momento. “Foi a realização de um sonho, um momento muito especial, deu um frio na barriga”, relata a jovem, que toca violoncelo.

Carlos usa uma ‘gíria’ dos jovens brasileiros para definir a conquista. “Zerei a vida, como dizem os jovens da osquestra”.

Depois do Vaticano, o grupo foi à Berlim, para realizar um concerto na Embaixada do Brasil. Os 350 lugares disponíveis esgotaram rapidamente e mais de 200 pessoas ficaram em lista de espera.

Com a próxima paragem, em Lisboa, o fundador promete um repertório especial e diverso para o público português e brasileiro, preparado pelo maestro Filipe Kochem.

Os participantes podem esperar desde música clássica a rock, com êxitos de artistas do Brasil como Dominguinhos e Luiz Gonzaga. Um spoiler é que a música ‘Uma casa portuguesa’ está no repertório. 

De acordo com Carlos, é grande a expetativa em voltar a tocar em Portugal. “Nesse regresso à Europa, não havia como não voltarmos a Portugal, depois de termos sido tão bem recebidos pelo público português. Também ficamos com vontade de mostrar em Lisboa o repertório completo, como fizemos nas outras cidades. Os flash mobs foram incríveis. Mas ainda faltava um concerto em Lisboa”, ressalta.

Os flash mobs que refere foram durante a JMJ em vários pontos da capital. A orquestra também realizou três concertos no país, em Sines, no Festival Músicas do Mundo, na Catedral do Sé do Porto e em Arouca, terra natal do maestro Armando Prazeres.

Sonho de realizar o projeto em Portugal

Em Arouca, mais especificamente na casa onde o pai nasceu, Carlos Eduardo sentiu uma espécie de “chamamento” para montar uma orquestra nos mesmos moldes em Portugal. “Quero fazer o que meu pai fez no Brasil, ele levou música para as favelas, gerou oportunidades para jovens, transformou a vida de muita gente e quero retribuir”, destaca.

Para tornar o novo sonho realidade, o fundador já está em busca de patrocinadores. “Precisamos de apoio para bancar esse projeto e ajudar os jovens, como fazemos no Rio de Janeiro”, explica.

A Orquestra Maré do Amanhã já atendeu 7 mil crianças e jovens carenciados da região do Complexo da Maré, uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro. Na zona existem 22 espaços educacionais.

O projeto também está no Pará, região  norte do país, com dois núcleos em comunidades que vivem perto das margens de rios e quilombolas – povos remanescentes de quilombos, que eram as comunidades formadas por escravos fugitivos na época da escravidão no Brasil.

A iniciativa surgiu em 2010, pouco mais de uma década depois do assassinato do seu pai no Rio. Carlos Eduardo decidiu dar sequência ao legado de Armando Prazeres, considerado um dos grandes nomes da música clássica.

O premiado regente estudou e tocou em diversas partes do mundo, mas era no Brasil onde se sentia mais em casa e ajudava jovens a melhorar de vida através da música clássica.

Em 1968, o jornal “Defesa de Arouca” descrevia o português como um “arouquense ilustre”, por ocasião de uma visita de Armando ao país natal. 

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal