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OCDE prevê para 2024 menos crescimento e menos inflação na zona euro

A OCDE cortou esta segunda-feira as previsões de crescimento do PIB na zona euro, para 0,6% em 2024 e 1,3% em 2025, mas está mais otimista sobre inflação, apontando para uma taxa de 2,6% em 2024 e 2,2% em 2025.

Nas previsões económicas intercalares, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) está ligeiramente mais pessimista para a atividade dos países da moeda única, face a novembro.

Os economistas preveem que o crescimento na zona euro “continue fraco durante o primeiro semestre de 2024, antes de recuperar de forma constante à medida que os rendimentos reais se fortalecem”.

A organização com sede em Paris espera que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) passe de 0,5% em 2023 para 0,6% em 2024, menos 0,3 pontos percentuais (pp.) do que anteriormente, antes de recuperar para 1,3% em 2025 (menos 0,2 pp. do que previa em novembro).

Entre as principais economias do bloco da moeda única, a OCDE prevê que o PIB alemão suba 0,3% em 2024 (-0,3 pp. do que anteriormente), antes de avançar 1,1% em 2025 (-0, 1 pp. do que o esperava).

Para França espera um crescimento de 0,6% este ano (-0,2 pp. do que em novembro) e de 1,2% em 2025, enquanto para Itália manteve a projeção inalterada em 0,7% em 2024 e 1,2% em 2025.

Já o PIB espanhol cresce 1,5% em 2024 (mais 0,1 do que no anterior relatório) e 2% em 2025.

No entanto, está mais otimista sobre a redução da inflação, esperando uma queda da taxa de 5,4% em 2023 para 2,6%, o que traduz uma diminuição de 0,3 pp. face ao previsto anteriormente.

Para 2025, aponta para uma taxa de inflação de 2,2%, 0,1 pp. abaixo do que projetava em novembro.

Inflação sobe 0,4 pontos se subida nos custos de transporte marítimo continuar

A OCDE estimou contudo que o Índice de Preços no Consumidor (IPC) pode subir 0,4 pontos percentuais ao fim de um ano se a subida nos custos de transporte marítimo continuar, devido ao conflito no Mar Vermelho.

“A investigação da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento] sugere que o recente aumento de 100% nos custos de transporte, se persistir, poderá aumentar a inflação anual dos preços de importação da OCDE em cerca de cinco pontos percentuais”, pode ler-se no relatório das projeções económicas intercalares publicado hoje.

A concretizar-se, segundo a organização, a estimativa é de mais 0,4 pontos percentuais na inflação dos países da OCDE, medida pelos preços no consumidor, após cerca de um ano.

A OCDE recorda que os ataques de huthis aos navios comerciais no Mar Vermelho levaram ao redirecionamento dos fluxos comerciais, tendo os custos e os prazos de entrega aumentado, especialmente no comércio da Ásia para a Europa.

“Isto já começou a perturbar os calendários de produção na Europa, especialmente para os fabricantes de automóveis. Cerca de 15% dos volumes do comércio marítimo global passaram pelo Mar Vermelho em 2022. A utilização de uma rota mais longa em torno do Cabo da Boa Esperança aumenta os tempos de viagem entre 30-50%, dependendo da rota em causa, e aumenta as necessidades globais de capacidade de transporte”, alerta.

A organização considera que a capacidade de oferta adicional este ano, refletindo novas encomendas mais fortes de navios porta-contentores após a pandemia, “deverá ajudar a dar resposta ao aumento da procura de transporte marítimo e às pressões moderadas sobre os custos”.

No entanto, adverte que “tal como se viu durante a pandemia e nas suas consequências imediatas, os custos de envio mais elevados aumentarão os custos, especialmente de mercadorias”.

A OCDE alerta ainda que as tensões geopolíticas constituem um risco significativo a curto prazo para a atividade e a inflação, especialmente se o conflito no Médio Oriente perturbar os mercados energéticos.

“A persistência das pressões sobre os preços dos serviços também poderá gerar surpresas ascendentes em termos de inflação e desencadear uma reavaliação dos preços dos mercados financeiros, à medida que as expectativas de flexibilização da política monetária forem reavaliadas”, refere.

Para a organização, o crescimento também poderá ser mais fraco do que o projetado se os efeitos persistentes dos anteriores aumentos das taxas diretoras forem mais fortes do que o esperado.

A OCDE prevê que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global diminua para 2,9% em 2024, de 3,1% em 2023, antes de recuperar para 3% em 2025, à medida que as condições financeiras melhoram.

Recomenda ainda que a política monetária continue restritiva na maioria das principais economias durante “algum tempo”, apesar de considerar que existe margem para reduzir as taxas de juro diretoras à medida que a inflação diminui.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Miguel Medinas / AFP