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“O que importa é servir os utentes”, diz ministra da Saúde. “Dêem-nos tempo”

O mote da visita era a nova ala de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que esteve encerrada durante um ano para obras, e que reabriu a parte ginecologia a 5 de agosto e que prevê abrir os blocos de partos em setembro.

Mas o Governo aproveitou o momento para revelar dados do seu programa OncoStop e outras prioridades definidas no Plano de Emergência e Transformação da Saúde (PETS), que apresentou no final de maio. E não só.

A própria ministra Ana Paula Martins optou por marcar o seu discurso com cunho político, respondendo a quem a tem criticado, sobretudo do lado do Partido Socialista.

A quem está no terreno, Ana Paula Martins começou por agradecer a todos os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que têm cumprido e terminou dizendo que “o que importa é servir os utentes”.

O mesmo tom foi assumido pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro, com Luís Montenegro a aproveitar para reforçar a ideia do mau estado em que se encontra o SNS, quando ao seu Governo são pedidas respostas rápidas.

“Não vendemos ilusões aos portugueses”, disse o primeiro-ministro. “O SNS que nos foi legado era absolutamente caótico” e, por isso, o ponto de partida para a execução de um Plano de Emergência e Transformação da Saúde (PETS) “muito mau”.

O primeiro-ministro, que nesta visita foi acompanhado ainda pelo ministro de Estado e das Finanças, garantiu que “vamos continuar a cumprir a execução do plano e os seus objetivos”.

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa foi o último a falar e traçou uma linha do tempo dos acontecimentos nos últimos dois anos no SNS, desde que o governo de António Costa decidiu alterar o modelo de gestão do serviço público, em setembro de 202s, após demissão de Marta Temido, até outubro de 2023, quando foi aprovada legislação para a criação das Unidades Locais de Saúde, que reorganizaram a estrutura do SNS, e entraram em vigor no início deste ano.

Mas esta linha do tempo não foi apenas para recuar na História, mas para fazer lembrar aos portugueses que este governo está em ação “há três meses, desde que foi aprovado o seu programa”.

Ou seja, há pouco tempo. Assumiu que a apresentação do PETS por arte do Governo criou “grandes expectativas”, mas, lembrou, que este “tem um prazo de execução de dois anos”, e parafraseando a ministra Ana Paula Martins pediu tempo para que este plano possa ser excutado. “‘Dêem-nos tempo’. Foi isto que a sr.º ministra disse e eu que digo também. É preciso tempo para executar o plano”.

Marcelo Rebelo de Sousa explicou ainda a sua presença nesta visita dizendo que aceitou um convite feito pelo primeiro-ministro para “mostrar o que está a ser feito”, dizendo mesmo que aguarda outros convites do mesmo género em breve para se continuar a monitorizar o que vai sendo feito. “Não é a primeira vez, já o fiz com o anterior governo no caso das obras do PRR”.

Numa altura em que se aproxima mais um fim-de-semana de encerramentos de maternidades por falta de profissionais, os políticos foram para a rua, mas quem está no terreno pede “consensos políticos” para salvar o SNS.

A ministra Ana Paula Martins pediu tempo, assumiu problemas graves no SNS e enalteceu o trabalho dos profissionais de saúde no que toca à oncologia, no âmbito do programa OncoStop, que permitiu que mais de 20 mil doentes fossem operados em dois meses, saindo da lista de espera. E disse ainda: “Vamos limpar também todas as outras listas de espera até ao final do ano”.

Quanto à área da ginecologia-obstetrícia, a governante deu números referindo que em dois meses foram atendidas mais 19 mil grávidas, que foram encaminhadas, sublinhando que “esta crise não começou hoje e nem vai terminar amanhã”, mas “fizemos com que as grávidas deixassem de andar de porta à porta à procura de uma urgência aberta”.

Ana Paula Martins referiu-se à oncologia e à área da obstetrícia como duas prioridades que estão a ser cumpridas, assumindo que “não conseguimos resolver tudo de um dia para o outro” e dando com certas mudanças na rede das maternidades.

Aliás, ao DN o bastonário dos médicos tinha defendido igualmente que “o Governo tinha de ter a coragem para tomar medidas”, nomeadamente no que toca à reorganização de serviços e de concentração de meios, precisamente por não haver recursos. Mas tal terá de levar ao encerramento de serviços de urgência.

Neste mês de agosto, todos os fins de semana há entre 11 a 13 maternidades que têm de fechar portas por falta de médicos que assegurem as escalas.

Os casos que impressionam a população agudizam-se, os sindicatos das classes médicas e de enfermagem dizem que avisaram que o cenário iria piorar, mas a ministra só chegou a acordo com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) para negociar algumas medidas. A Federação Nacional dos Médicos fez dois de greve na semana passada e promete endurecer a luta.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Manuel de Almeida / Lusa