Pesquisar
Close this search box.

O palco que continua sem reunir consenso. Nem com o Vaticano

O valor do altar-palco da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) – 4,2 milhões de euros – tem provocado tal polémica que o Vaticano já se demarcou do tema, afirmando que não interferiu em nenhuma decisão relacionada com este assunto.

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni afirmou que “a organização do evento é local” e que por isso qualquer decisão relacionada com os custos cabe à Câmara de Lisboa.

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, após uma visita à sede da fundação organizadora da JMJ, escusou-se a comentar o valor do palco, que ascende quase aos cinco milhões de euros, e acredita que esta polémica não mancha “de forma nenhuma” o país.

“Não vejo nenhuma contestação social à realização da JMJ, vejo um grande júbilo em todo o país desde que foi anunciado pelo Papa Francisco que esta JMJ se realizava em Lisboa”, frisou.

O Bloco de Esquerda e a Iniciativa Liberal criticaram os valores divulgados, enquanto o CDS relativizou a situação e comparou-os com a indemnização a Alexandra Reis ou ao investimento na Web Summit.

Catarina Martins criticou “os milhões” de investimento da JMJ e a “absoluta opacidade” da forma como são decididos. “O que está a acontecer podia ter sido evitado? Sim. E o choque que tem com os números só acontece porque se andou a esconder os números até agora”, disse a coordenadora do Bloco de Esquerda.

A Iniciativa Liberal (IL) questionou se a JMJ não será a “Jornada Mundial do Esbanjamento”, considerando os valores envolvidos, apesar de não colocar em causa a sua realização.

Para a concelhia de Lisboa da IL “a falta de organização e planeamento está à vista de todos e por isso, agora, à última da hora, andam a correr e a fazer sucessivos ajustes diretos de vários milhões de euros”.

O palco que continua sem reunir consenso. Nem com o Vaticano

A concelhia do partido criticou ainda o “passa-culpas entre os vários envolvidos no projeto”. Durante o dia de quinta-feira o Presidente da República afirmou que não tinha conhecimento sobre o valor do palco. O presidente da Fundação JMJ e bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, também afirmou que apenas teve conhecimento do valor quando o viu na comunicação social e que “o magoou”. No entanto, garantiu que da parte da Fundação serão feitos todos os esforços para diminuir os custos com esta estrutura.

A IL refere que “não põe em causa a realização do evento” e lembra que, a bem da imagem da cidade, “é necessário garantir o sucesso deste evento, mas apela a que todos os envolvidos tenham a noção de que este evento se realiza em Portugal”.

O presidente do CDS, Nuno Melo, relativizou os cinco milhões para a “infraestrutura” usada pela Papa na JMJ. “Eu acho extraordinário que de repente ninguém sabe de nada. Não tenho nenhum tipo de problema em falar do tema. Em primeiro lugar não é um palco, é uma infraestrutura. Acho muito bem que seja notícia, não desvalorizo a circunstância”, disse Nuno Melo.

No entanto, segundo o líder do CDP-PP está a falar-se de “cinco milhões gastos numa infraestrutura que o Papa vai utilizar no acolhimento de mais de um milhão de jovens em todo o mundo, durante seis dias e que depois será utilizada em ocasiões futuras, multiplicando-se em receitas” em Portugal.

O bispo auxiliar Lisboa reforçou novamente que vai reunir-se com a Câmara de Lisboa , a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), e eventualmente a Mota Engil, empresa responsável pelo projeto, para entender o que é ou não essencial para o palco.

Os custos com a Jornada Mundial da Juventude já ascendem aos 160 milhões de euros, com 80 milhões a serem da responsabilidades do Estado e das autarquias, e os outros 80 milhões da responsabilidade da Igreja, que ainda não revelou qual será o orçamento final.

Fonte e crédito das imagens: Diário de Notícias / Portugal