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Nobel da Paz entregue a María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, pela luta por eleições livres

O Prémio Nobel da Paz de 2025 foi entregue a María Corina Machado, a líder da oposição venezuelana, pelo seu “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”, nesta sexta-feira.

A Casa Branca  reagiu, considerando que o comité “provou que prioriza a política acima da paz“.

O Comité Nobel considerou a opositora do Presidente Nicolás Maduro como “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina”.

“Numa altura em que a democracia está sob ameaça, é mais importante do que nunca defender os valores partilhados”, elaborou Jørgen Watne Frydnes, presidente do Comité norueguês, destacando as eleições livres e transparentes por que Corina Machado luta como esse valor.

O Comité Nobel considerou a opositora do Presidente Nicolás Maduro como “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina”.

“Numa altura em que a democracia está sob ameaça, é mais importante do que nunca defender os valores partilhados”, elaborou Jørgen Watne Frydnes, presidente do Comité norueguês, destacando as eleições livres e transparentes por que Corina Machado luta como esse valor.

Sem mencionar diretamente Maduro, Watne Frydnes criticou o caminho autoritário que Caracas tem vindo a empreender, a supressão e perseguição da oposição, que tornou “o trabalho político extremamente perigoso”.

Corina Machado, disse, combate esse caminho tanto através da sua oposição política como através do trabalho na ONG Súmate, que fundou em 2002. “Como ela disse, ‘era uma escolha de boletins em vez de balas‘”, citou o presidente do Comité.

As críticas não se esgotaram, contudo, na Venezuela, notando que as características autoritárias “não são únicas no mundo”.

“Vemos as mesmas tendências a nível global: o Estado de Direito violado pelos que estão no poder, meios de comunicação silenciados, críticos na prisão”, declarou, argumentando que “resistência pacífica [a estes regimes] pode mudar o mundo”. Mais tarde, em resposta à questões dos jornalistas, confirmou que o prémio pretende enviar uma mensagem ao mundo sobre o estado das democracias globais.

“María Corina Machado cumpre todos os três critérios no testamento de Alfred Nobel: ela uniu a oposição do seu país, nunca vacilou na resistência à militarização da sociedade venezuelana, tem sido firme no seu apoio a uma transição pacífica para a democracia. María Corina Machado mostrou que as ferramentas da democracia também são ferramentas da paz“, afirmou o presidente do Comité.

Questionado sobre como o Comité pretende atrair as atenções para a luta pela democracia na Venezuela, quando a atenção do mundo está “mais a norte” — numa referência à demanda de Donald Trump pelo Nobel — Jørgen Watne Frydnes respondeu que esse trabalho cabe aos jornalistas, recusando ainda que o Comité seja persuadido por campanhas como a que o Presidente norte-americano realizou.

No entanto, o presidente do Comité reconheceu que existe uma ponderação sobre o facto de o prémio poder pôr em risco a vida de María Corina Machado que, neste momento, se encontra escondida na Venezuela, mas considerou que o Nobel “vai apoiar a sua causa e não limitá-la”.

María Corina Machado disse ter ficado “em choque” com a premiação. Numa chamada telefónica com Edmundo González após a nomeação, a líder da oposição diz “não poder acreditar”, enquanto o autoproclamado Presidente eleito da Venezuela confirma que a notícia é um choque, mas de “alegria”. O vídeo momento foi partilhado por González nas suas redes sociais.

Os 23 anos de luta na Venezuela que conduziram ao Nobel

María Corina Machado nasceu em Caracas em 1967, tendo completado esta semana 58 anos. O trabalho que a levou a agora receber o Nobel começou em 2002, quando fundou a associação cívica de monitorização eleitoral Súmate, anos depois de Hugo Chávez ter chegado a Presidente.

Em 2010, chegou a deputada, onde se assumiu como liberal e anticomunista, mas perdeu o cargo quatro anos depois, quando Maduro já assumira o lugar de Chávez.

A partir daí, tornou-se uma das críticas mais vocais do regime chavista de Caracas, estabelecendo laços internacionais — especialmente com os Estados Unidos, com quem mantém uma boa relação — que a ajudassem na sua luta. Foi escolhida pelo partido Vente como candidata às eleições presidenciais de 2024, mas acabou impedida de se candidatar por “irregularidades administrativas”.

O lugar foi ocupado por Edmundo González, que reclamou vitória depois das eleições com base nos boletins de voto recolhidos pelos movimentos cívicos que apoiam a oposição.

O Conselho Nacional Eleitoral validou, contudo, a vitória de Maduro. González seguiu o caminho do seu antecessor, Juan Guaidó, e abandonou a Venezuela.

Mas Corina Machado permanece no país, na clandestinidade “em parte incerta”. Em janeiro, na semana em que Maduro tomou posse, convocou protestos por todo o país e apareceu em público junto aos manifestantes, pela primeira vez em meses.

Acabou detida pelas autoridades, apenas para ser libertada horas mais tarde — o Ministério da Administração Interna de Caracas nega que tenha detido aquela que continua a ser o principal rosto da oposição a Nicolás Maduro.

Ao contrário dos prémios Nobel da Medicina, da Física, da Química ou da Literatura, que já foram entregues esta semana, o Nobel da Paz é entregue em Oslo, pelo Instituto Norueguês do Nobel.

Em 2024, o prémio foi entregue organização japonesa Nihon Hidankyo, que representa sobreviventes dos ataques nucleares de Hiroshima e Nagasaki, e combate a utilização de armas nucleares.

Fonte: www.observador.pt

Crédito da imagem: Miguel Gutierrez / EPA