A apuração do pleito presidencial deste domingo em El Salvador registrou vitória esmagadora do presidente e candidato à reeleição, Nayib Bukele. Segundo a parcial do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) salvadorenho desta segunda-feira, com cerca de 70% das urnas contadas, Bukele tinha 83% dos votos.
O chefe de Estado já declarara vitória duas horas após o fechamento das urnas, antes de qualquer anúncio oficial: “De acordo com nossos números, ganhamos a eleição presidencial com mais de 85% dos votos e um mínimo de 58 dos 60 deputados” do parlamento, “um recorde em toda a história democrática do mundo”, escreveu na rede social X, ex-Twitter.
Bukele: pleito presidencial foi “referendo” sobre mandato
Na prática, a Constituição salvadorenha proíbe a reeleição de Bukele, sendo uma emenda do texto a única alternativa. No entanto, antecipando uma vitória, o ex-empresário de publicidade de 42 anos lançou mão de uma argúcia legal.
Apesar de ser o primeiro presidente da era democrática de El Salvador a se reeleger, legalmente este seria o primeiro de dois mandatos possíveis, depois de uma polêmica alteração de um critério de interpretação da Constituição, em 2021.
Numa coletiva de imprensa poucos minutos após fechadas as urnas, declarou: “Não creio que seja necessária uma reforma constitucional. Não acho que deveria ser incluída.”
Ele apelou a uma maioria governamental no Congresso para manter sua guerra contra os grupos criminosos, acrescentando: “Não oficialmente, mas estas eleições são um referendo sobre o que estamos fazendo em El Salvador. Não estamos substituindo a democracia, estamos trazendo a democracia para El Salvador.”
Bukele se referia às medidas de seu governo na luta em prol da segurança, sustentadas principalmente por um regime de emergência em vigor desde março de 2022, com 76 mil detenções já executadas.
“O que está chegando para El Salvador é um período de prosperidade. Fizemos a cirurgia, fizemos a quimioterapia, estamos fazendo a radioterapia e vamos sair saudáveis e sem o câncer das gangues”, assegurou na entrevista.
Vizinhos e China saúdam vitória
O presidente da vizinha Guatemala, Bernardo Arévalo, que tomou posse em 15 de janeiro, deu os parabéns a Bukele, dizendo que “o povo salvadorenho escolheu e fez ouvir sua vontade”, e prometeu cooperar com o país para “avançar na paz e no desenvolvimento”.
Em Honduras, a chefe de Estado Xiomara Castro declarou que “o firme compromisso [de Bukele] com a segurança do povo salvadorenho falou bem alto nas urnas”, e desejou “sucesso no seu novo mandato”.
Também a China já o felicitou por “uma vitória histórica” e colocou-se “à disposição para reforçar os laços de amizade e de cooperação bilateral entre os dois países”, de acordo com a embaixada chinesa. El Salvador estabeleceu relações diplomáticas com Pequim em 2018, após romper laços com Taiwan.
Nayib Bukele, que governa o país centro-americano desde 2019, tem sido descrito como conservador, mas também associado ao liberalismo econômico e ao populismo. Seu Novas Ideias tem o combate à corrupção como principal plataforma, rejeitando tanto o rótulo de direita quanto de esquerda.
O ex-empresário era o grande favorito destas eleições, em que concorreram também cinco candidatos de partidos da oposição, mas praticamente sem chances de vencer.
Segundo sondagens de diversos institutos, o presidente tinha a preferência do eleitorado, com uma variação entre 60% e 80% das intenções de voto, o que possibilitaria uma vitória já na primeira rodada.
Fonte: www.dw.com.pt (com EFE,Lusa eAFP).
Crédito da imagem: Marvin Recinos /AFP/ Getty Image