Pesquisar
Close this search box.

“Nacionalização” das eleições regionais põe lideranças nacionais a voar para os Açores

Ainda não está completamente garantido que Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro estarão em pontos diferentes de Ponta Delgada no encerramento da campanha das eleições regionais dos Açores, que vão realizar-se a 4 de fevereiro, mas não subsiste a menor dúvida de que a disputa entre a Aliança Democrática, que procura manter no poder o social-democrata José Manuel Bolieiro, e o PS, que pretende voltar a levar Vasco Cordeiro à presidência do Governo Regional, será encarada como uma espécie de laboratório das legislativas que decorrerão pouco mais de um mês depois.

Com as agendas dos dois mais prováveis candidatos a primeiro-ministro de Portugal ainda a serem ultimadas, está desde já certo que o secretário-geral do PS se deslocará aos Açores, mais precisamente à Ilha de São Miguel, nos dias 1 e 2 de fevereiro.

Ou seja, na quinta e sexta-feira que antecedem o dia de reflexão antes de os 230 mil eleitores açorianos serem chamados às urnas para as eleições regionais antecipadas pelo chumbo do Orçamento apresentado pelo Governo minoritário de José Manuel Bolieiro, com a consequente dissolução da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, cujos 57 deputados serão eleitos a 4 de fevereiro.

Pelo contrário, Luís Montenegro ainda não tem completamente claro se estará ao lado de Bolieiro e dos seus aliados – que, tal como no continente, são o CDS-PP e o PPM – em São Miguel no encerramento da campanha. Certo é que o presidente social-democrata mantém a vontade de completar o périplo por todos os concelhos nacionais, no âmbito da iniciativa Sentir Portugal, que só não chegou a completar porque as más condições atmosféricas não lhe permitiram deslocar-se às ilhas das Flores e do Corvo.

No início de janeiro prevaleceu a força da depressão Hipólito, com vento e ondulação impeditivas de viagens à parte mais ocidental do arquipélago.

Entre as duas principais forças existe expectativa de bipolarização, com o PS a tentar retomar a maioria absoluta que teve quase sempre ao longo de duas décadas – mesmo em 2020 foi a força mais votada, com 39,1% dos votos, mas os seus 25 eleitos permitiram que o PSD, CDS-PP e PPM formassem um Governo, também minoritário, com 26 deputados, que começou por ter apoio parlamentar dos dois eleitos do Chega (um dos quais depressa passou a independente) e do eleito da Iniciativa Liberal.

Mas os restantes partidos contam evitar que venha a existir maioria absoluta.

Com um sistema eleitoral complexo, em que cada uma das nove ilhas açorianas tem um determinado número de deputados, mas ainda existe um círculo de compensação, com cinco eleitos a serem distribuídos consoante os votos que não permitiram aos partidos eleger em cada um dos outros círculos, o Chega espera eleger entre quatro a sete deputados, o que tenderia a dificultar qualquer maioria absoluta.

O objetivo foi avançado pelo líder regional do Chega, José Pacheco, que contou no domingo com André Ventura numa arruada em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira. O presidente do partido voltará à região autónoma no início da segunda semana de campanha, que deverá ser mais centrada no principal círculo eleitoral açoriano.

Dos 57 deputados da Assembleia Legislativa Regional, 20 são eleitos por São Miguel, seguindo-se a Terceira, com dez deputados. Mais reduzidos são os mandatos em disputa no Faial (quatro), Pico (quatro), Flores (três), Graciosa (três), São Jorge (três) e Santa Maria (três), enquanto o Corvo tem apenas dois deputados.

Neste momento também estão representados na Assembleia Legislativa Regional dos Açores o Bloco de Esquerda, com dois deputados, a Iniciativa Liberal, com um, e o PAN – Pessoas, Animais, Natureza, igualmente com um. Após ter ficado de fora nas regionais de 2020, a CDU aposta forte no regresso, como foi dito no fim de semana pelo secretário-geral, Paulo Raimundo, numa visita à Ilha Terceira.

Também empenhados em manter ou ampliar a presença parlamentar estão o Bloco de Esquerda, a Iniciativa Liberal e o PAN, sendo as restantes forças que se apresentam a votos nas eleições regionais de 4 de fevereiro a coligação Alternativa 21 (que junta o Aliança e o MPT), o Livre e o Juntos pelo Povo, que procura repetir nos Açores o sucesso que tem conseguido na Região Autónoma da Madeira, onde não só detém a presidência da Câmara de Santa Cruz como elegeu cinco deputados nas regionais do ano passado.

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal