A coligação La Libertad Avanza, que apoia o Presidente argentino Javier Milei, venceu no domingo as eleições legislativas intercalares com 40,84% dos votos a nível nacional.
O movimento peronista, de esquerda, ficou-se por menos de 32%.
Uma das vitórias mais simbólicas foi na província de Buenos Aires, tradicional bastião do peronismo, onde o La Libertad Avanza alcançou 41,5% dos votos.A nível nacional, o partido de Milei venceu em 16 províncias.
Com este resultado, a coligação conquistou 64 lugares na Câmara dos Deputados, um aumento face aos 37 que detinha. Nas eleições estavam em disputa 127 dos 257 lugares na câmara baixa e 24 dos 72 assentos do Senado.
Em declarações à Renascença, o politólogo André Azevedo Alves, professor da Universidade Católica, atribui o sucesso de Milei aos efeitos visíveis da sua governação.
“Claramente para uma grande parte do eleitorado na Argentina não é visto como um louco e é neste momento um Presidente bastante popular, que progrediu bastante do ponto de vista da representação, quer na Câmara, quer no Senado, o que a meu ver se relaciona também com o que têm sido os resultados da governação desde que Milei é Presidente.”
Dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina apontam para uma redução dos índices de pobreza, que tinham subido após a posse de Milei, mas recuaram de forma significativa a partir do segundo semestre de 2024.
“Exatamente. A terapia de choque aplicada por Milei na economia argentina, depois de um impacto inicial que foi de aumento dos níveis de pobreza, tem produzido uma redução muito rápida e muito substancial dos níveis de pobreza, também, o que é extraordinário nos anos recentes, nas décadas recentes até da economia argentina, a inflação está sob controlo e a conjugação destes fatores”.
“Oou seja, a redução muito acentuada da pobreza, depois de uma creche inicial, conjugada com o controlo do que oram sucessivos anos de hiperinflação na Argentina, são dois resultados muito significativos que, creio, são imprescindíveis para ajudar a perceber esta grande vitória de Javier Milei nas eleições legislativas na Argentina.”
Segundo o mesmo especialista, os dados estatísticos internos coincidem com os das organizações internacionais. A leitura feita por alguns sectores europeus, que previam um colapso económico com Milei no poder, não se confirmou.
“Não só essa catástrofe económica e social não se verificou, como pelo contrário os resultados até ao momento são francamente positivos e o povo argentino parece também confirmar essa avaliação muito positiva.”
Questionado sobre comparações com figuras como Donald Trump ou Jair Bolsonaro, André Azevedo Alves faz distinções claras.
“Acho que são. Obviamente há pontos em comum do ponto de vista da nova, podemos chamar-lhe uma nova direita radical ou uma nova direita até populista, mas acho que é um caso muito específico. Milei é desde logo mais liberal nas suas políticas económicas e depois há também características peculiares da política argentina que têm diferenças notórias quer face aos Estados Unidos quer face ao Brasil.”
O resultado destas eleições foi seguido de perto pelos Estados Unidos, que atribuíram recentemente um pacote de ajuda financeira à Argentina. Washington terá condicionado o apoio futuro ao desempenho político de Milei nas urnas, o que, para já, se revelou positivo.
A Casa Branca e investidores internacionais elogiaram a redução drástica da inflação, a obtenção de excedente orçamental e a implementação de reformas liberais.
Fonte: www.rr.pt
Crédito da imagem: Getty Images
 
								 
								 
															 
															 
								