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Museu de Lisboa abre pela primeira vez ao público a sua reserva central

Fica algures na capital um dos segredos mais bem guardados do Museu de Lisboa, a sua reserva central, e que esta quinta-feira será mostrada pela primeira vez ao público a um pequeno grupo de 15 pessoas que se inscreveram para esta visita. Para quem não conseguiu o bilhete para conhecer os bastidores deste museu, está já garantida a organização de uma nova mostra do espaço ainda este ano.

O edifício, divido em dois andares, ocupa 936 metros quadrados, dos quais 802 metros quadrados são ocupados por seis salas dedicadas ao espólio museológico desta instituição de Lisboa: mobiliário, pintura, cerâmica, documentos gráficos e duas salas dedicadas a objetos têxteis.

A visita à reserva central – o museu possui mais duas reservas, de menor dimensão – estará limitada à sala do mobiliário, a maior do edifício, mas lá poderão ser vistos objetos vindos das outras secções.

“Em termos de objetos, esta sala do mobiliário temos cerca de 800, na sala de cerâmica temos cerca de cinco mil, na sala de pintura temos 1200 aproximadamente, em têxteis temos também cinco mil e a dos gráficos tem, neste momento, 22 mil objetos”, explica ao DN Aida Nunes, coordenadora do serviço de conservação e restauro do Museu de Lisboa.

A abertura da reserva central ao público realiza-se esta quinta-feira, 18 de maio, para marcar a data do Dia Internacional dos Museus, e surge na sequência da participação do Museu de Lisboa num projeto europeu chamado RE-ORG, dedicado às reservas museológicas, e que permitiu, entre outras coisas, dar início à ideia de criar uma reserva visitável.

“Teremos um roteiro que passa por algumas peças que aqui estão para mostrar que tipo de coleções tem o nosso museu e que não podem estar permanentemente à vista, e, por outro lado, é também um modo de podermos mostrar ao público a importância de se ter uma boa reserva, ainda que não seja uma reserva com meios financeiros espetaculares.

Portanto, as visitas que aqui teremos serão também sobre a conservação das obras”, refere a diretora do museu, Joana Sousa Monteiro. “Temos e devemos dar o privilégio ao público de poder visitar os bastidores das exposições. E os bastidores, o tal trabalho desconhecido e escondido do público, tem a ver com tudo o que se faz em termos de conservação e restauro dos objetos”, acrescenta Aida Nunes.

Pormenor das peças expostas na reserva central.
Pormenor das peças expostas na reserva central.
© Paulo Spranger / Global Imagens

Entre as peças mais antigas que estarão patentes ao público nesta primeira abertura da reserva central do Museu de Lisboa está um capitel do século XVI do Hospital Real de Todos os Santos, quer ocupava uma enorme área entre o Rossio e a Praça da Figueira.

“Provém das escavações arqueológicas dirigidas pela arqueóloga, historiadora e especialista em Lisboa, Irisalva Moita, uma das fundadoras do Museu de Lisboa, e que foram feitas por causa da construção do Metro naquela zona, a atual Linha Verde”, declara Joana Sousa Monteiro.

Outros dos objetos do século XVI também expostos são um fecho de abóbodas com o brasão da família Velho que veio da Ermida de São José, que ficava na Portela de Sacavém, e uma cadeira que se destinava ao soba de uma determinada aldeia.

“Esta é talvez a peça mais antiga em termos de mobiliário e é uma cadeira extremamente importante pela sua natureza construtiva e pelos materiais que tem”, ressalva Aida Nunes.

Duas das peças mais antigas em exposição e datadas do século XVI.
Duas das peças mais antigas em exposição e datadas do século XVI.
© Paulo Spranger / Global Imagens

Já as mais recentes poderão ser vistas esta quinta-feira são uma maquete da Gare do Oriente e uma fotografia, já do século XXI, da autoria de Rui Calçada Bastos, e que fez parte da exposição “Luz de Lisboa”, que esteve patente no Torreão Poente do Terreiro do Paço. Quanto à maquete já tem como destino sair da reserva central e passar a ser apreciada pelo grande público.

“O Museu de Lisboa quer documentar, investigar e dar a conhecer as alterações urbanísticas fundamentais de Lisboa e, por isso, a nossa nova segunda parte da exposição de longa duração no Palácio Pimenta vai terminar com uma maquete alusiva à Expo, porque foi a última grande alteração de Lisboa até agora”, justifica a diretora do Museu de Lisboa.

As carteiras usadas por presidente e vereadores da Câmara de Lisboa.
As carteiras usadas por presidente e vereadores da Câmara de Lisboa.
© Paulo Spranger / Global Imagens

Disponível para os olhares curiosos vai estar também uma das mais recentes chegadas àquele espaço. As carteiras (e não mesas) usadas pelo presidente e vereadores na sala de sessões privadas da Câmara de Lisboa. “Houve uma remodelação daquela sala e nós recebemos as carteiras, que não são muito confortáveis, isto disto pelos utilizadores, e as cadeiras originais de braços e estufadas a veludo.

No entanto, houve uma necessidade de desfazer esta remodelação e alguma delas regressaram no ano passado à Câmara de Lisboa”, refere a coordenadora do serviço de conservação.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito das imagens: Paulo Spranger / Global Imagens