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Muralha branca derrubada no fim com a brasa de Francisco

Uma estreia sofrida, com três pontos. Portugal não fez uma exibição de encher o olho frente à República Checa mas lá acabou por ganhar uma partida que, recordando uma frase famosa de Gabriel Alves, opôs a “força da técnica à técnica da força”.

Sofrendo um golo no único remate enquadrado do seu adversário, a equipa de Roberto Martínez conseguiu derrubar a “muralha branca” montada pelo técnico adversário, com Francisco Conceição, acabado de entrar, a dar a melhor sequência a um lance de Pedro Neto e aproveitando um erro de Hradác, que já marcara o empate na própria baliza.

Para o primeiro jogo na Alemanha, Roberto Martínez mostrou-se apaixonado pelas surpresas, escalando um onze nunca testado, quer na qualificação quer nos particulares efetuados este ano.

Com três laterais de origem, o técnico espanhol apostou numa linha de três atrás mas com com Nuno Mendes a fazer companhia a Rúben Dias e a Pepe (tornou-se no mais velho a disputar uma partida na prova), com Dalot e Cancelo nas alas, embora o segundo fletisse para posições mais interiores a partir da esquerda.

A meio, e apesar do poderio físico do adversário, prescindiu de Palhinha e juntou Vitinha a Bruno Fernandes. Do outro lado, Ivan Hasek deu sequência ao que fez nas últimas três partidas de preparação, com três centrais, o capitão Soucek à frente deles e dois homens no “ataque”: Patrik Schick e Kuchta, que esteve em grande no Sparta Praga: oito dos onze titulares atuaram na Liga checa.

Numa noite carregada em Leipzig, que rapidamente se tornou chuvosa, a República Checa até entrou melhor nos primeiros minutos mas rapidamente Portugal assumiu o comando das operações. Talvez inspirado pelo seu antecessor, o técnico nacional montou uma intrincada e complexa obra de engenharia, com os jogadores em constante troca de posições, circulando a bola de pé para pé.

Do lado checo rapidamente se percebeu que a coisa era mais básica: Hasek ergueu uma muralha branca em frente à sua área – ou não tivesse ele jogado no Mundial mais defensivo da história, o de 1990 –, ocupando todos os espaços, e foi frequente ver-se uma linha de seis elementos como última barreira, num bloco baixo em que nem os dois avançados tinham ordem para subir muito.

Já Portugal dispôs de várias situações de perigo, com Rafael Leão em destaque na esquerda onde levou várias vezes a melhor sobre Coufal – do outro lado, quer Bernardo Silva quer Dalot não eram tão assertivos. No entanto, passou quase sempre mal, até porque na área a superioridade numérica dos defesas de Leste era sempre uma realidade.

A primeira grande chance surgiu aos 32 minutos, depois de um grande passe de Bruno Fernandes a desmarcar Cristiano Ronaldo. Este rematou de primeira mas Stanec foi rápido a sair da baliza e evitou o golo – embora ficasse a sensação que o capitão português estava em posição irregular.

Quase a seguir coube a Vitinha fugir na área mas a defesa checa conseguiu desviar para canto e seria de uma bola parada que resultaria nova ocasião, em cima do intervalo, com CR7 a rematar de primeira para nova boa intervenção do guarda-redes contrário. Mas estava escrito que este seria o primeiro jogo do Europeu a chegar ao descanso com o nulo no marcador.

Três para o fim

Na segunda parte, o primeiro quarto de hora não trouxe alterações. Ronaldo não chegou por pouco a um cruzamento açucarado de Bruno (56′) mas tudo mudou no minuto a seguir a Ivan Hasek trocar os seus dois avançados. Dalot foi lento a disputar uma bola perdida no seu flanco.

Daí saiu um cruzamento para o outro lado, com a bola a chegar à entrada da área com um passe de Coufal para um remate imparável de Provod – nem com asas, Diogo Costa conseguia deter o remate (62′).

Martínez reagiu e também fez duas substiuições. Inácio rendeu Dalot (Cancelo foi para a direita e Nuno Mendes para ala esquerdo) e Diogo Jota entrou na vaga de um Leão que não “regressou” do intervalo.

A verdade é que o empate não demorou a surgir, num lance feliz: Nuno Mendes ganhou de cabeça nas alturas mas o guarda-redes Stanec defendeu para a frente, com a bola a embater em Hradác e a entrar (67′).

Portugal continuou a embater na muralha e só um remate de Vitinha voltou a testar Stanec. Hasek foi refrescando a equipa mas era Portugal a pressionar em busca de uma vitória que podia ter surgido aos 87′, numa recarga de Diogo Jota a uma cabeceamento de Ronaldo ao poste (o capitão não marcou mas tornou-se no primeiro futebolista a jogar em seis Europeus, no dia em que perdeu o recorde de marcador mais jovem).

No entanto, o número 7 estava ligeiramente fora de jogo e o lance acabou invalidado.

Em cima do minuto 90, Martínez surpreendeu de novo, fazendo três substituições. E não é que resultou? Aos 92′, Pedro Neto arrancou pela esquerda em velocidade, passou um adversário e centrou. A bola passou caprichosamente no meio das pernas do infeliz Hradác e ficou à mercê de Francisco Conceição, que não perdoou, deixando companheiros e adeptos em brasa com aquele que seria golo do triunfo.

A figura: Francisco Conceição

Se Vitinha foi o jogador mais esclarecido durante praticamente todo o encontro, o destaque português acabou por cair no extremo do FC Porto, autor do golo do triunfo no segundo minuto da compensação. Quatro minutos bastaram para assinar o seu primeiro tento com a camisola da quinas, de pé esquerdo, mostrando que os espalha brasas também são frios.

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal