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“Muitas pessoas debaixo dos escombros” no litoral de São Paulo após temporal

Com 40 mortos já confirmados na região litoral do estado de São Paulo, cenário de chuvas torrenciais desde sábado, o presidente da câmara de São Sebastião, uma das cidades mais atingidas, admite não ser ainda possível “avaliar a escala dos danos”.

Para já, “a situação é muito caótica” e as equipas de resgate tentam conseguir acesso a vários locais, afirmou Felipe Augusto, numa transmissão ao vivo nas redes sociais na noite de domingo. “Diversas casas desmoronaram, muitas pessoas estão ainda debaixo dos escombros.”

Enquanto Augusto descrevia a situação, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, decretava o estado de calamidade pública nas cidades de Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba (todas no litoral norte de São Paulo), Bertioga e Guarujá​.

“Infelizmente, vamos ter muitos óbitos”, disse ao jornal Folha de São Paulo o chefe da Protecção Civil de São Paulo, coronel Henguel Ricardo Pereira, afirmando que a área de Barra do Sahy, em São Sebastião, é a mais afectada pelo temporal.

“Temos 36 desaparecidos na Barra do Sahy e, em Juquehy, temos a informação de mais quatro desaparecidos”, adiantou também Tarcísio de Freitas.

Na tarde desta segunda-feira, o total de pessoas que ficaram sem casa (766) e que foram retiradas das suas habitações por razões de segurança (1730) era já de 2496. As operações de busca e salvamento continuam em São Sebastião, envolvendo mais de 500 operacionais.

Entre as mortes já confirmadas, 36 aconteceram nesta cidade, a 197 quilómetros da cidade de São Paulo, e uma criança de sete anos morreu num deslizamento de terras em Ubatuba (a 220 quilómetros de São Paulo).

A maior dificuldade nas operações de resgate e salvamento tem sido sobrevoar as áreas mais atingidas, ao mesmo tempo que muitas estradas sofreram danos e foram encerradas (a Protecção Civil de São Paulo tem apelado a que se evitem as deslocações para norte). As previsões continuam a ser de chuva e mau tempo até sexta-feira.

De acordo com o governo estadual, em menos de 24 horas a chuva ultrapassou os 600 milímetros – 683 em Bertioga e 627 em São Sebastião, valores de precipitação que estão entre os maiores já registados no Brasil num tão curto espaço de tempo e sem estar em causa um ciclone tropical.

A chuva também está a condicionar o fornecimento de água, já que algumas estações de tratamento foram afectadas pelas chuvas que arrastaram troncos e muita lama. Em caso de necessidade, já há camiões-cisterna preparados para abastecer hospitais e as áreas mais atingidas, recomendando-se à população que economize água.

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, interrompeu o fim-de-semana de Carnaval que passava na Bahia e sobrevoou as áreas afectadas. Reuniu-se ainda em São Sebastião com o governador Tarcísio de Freitas e com Felipe Augusto, apelando para que não sejam construídas mais casas em encostas de morros (conjunto de edifícios para habitação, muitas vezes construídos ilegalmente).

Fonte: Jornal Público / Portugal

Crédito da imagem: Sebastião Moreira / EPA