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Moliceiro da Ria de Aveiro considerado Património Imaterial

O barco moliceiro e a arte da carpintaria naval de Aveiro foram inscritos no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, como registo de salvaguarda urgente, segundo anúncio publicado em Diário da República na última quinta-feira. A inscrição foi feita sob proposta do Departamento de Museus, Monumentos e Palácios da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Em comunicado, a DGPC indicou reconhecer “a necessidade de salvaguarda urgente a este saber-fazer, que atualmente é apenas praticado de forma regular por cinco mestres construtores e por um pintor de moliceiros, sedeados nos concelhos de Estarreja e Murtosa, não se tendo conseguido atrair novos aprendizes nos anos mais recentes”. Esta inscrição tem em conta “as atuais características do contexto de transmissão do saber-fazer, que acarreta riscos passíveis de comprometerem a sua continuidade”.

Foram também critérios para esta classificação “a importância da manifestação enquanto reflexo da identidade da comunidade, grupos e indivíduos que a praticam e se encontram associados”, bem como “a importância da sua dimensão histórica, social e cultural na área territorial em que se insere”.

É também referido pela DGPC que, “após um declínio no número de embarcações devido ao abandono da prática da apanha do moliço, atualmente o barco moliceiro é utilizado para a atividade turística, transição que permitiu evitar a sua perda”.

“Ainda assim, e apesar de nos anos mais recentes se assistir a uma nova dinâmica na construção e reparação dos barcos moliceiros, fruto de uma maior procura relacionada com o turismo, mas também com outras atividades de valorização desta embarcação (regatas, concursos, publicações, exposições), tem sido difícil captar novos profissionais que possam assegurar de forma continuada esta arte”, prossegue o organismo tutelado pelo Ministério da Cultura.

A Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) formalizou, em abril, junto da UNESCO, a candidatura a Património Cultural Imaterial do barco moliceiro e a construção naval na Ria. Este processo foi lançado em 2019 e contou com o apoio técnico do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo que sustenta o caráter “altamente diferenciador” da embarcação na cultura ribeirinha a nível internacional.

No entanto, para a formalização da candidatura junto da UNESCO, o primeiro passo teria de ser a inscrição no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial, um processo submetido a 16 de março deste ano pela Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, que elaborou um Plano Estratégico de Salvaguarda a 10 anos (2022-2032) para o Moliceiro, como é exigido pela DGPC.

“De destacar que neste plano estratégico (que envolve o compromisso dos vários municípios que compõem a comunidade intermunicipal), a entidade proponente incluiu uma série de iniciativas em articulação com a comunidade escolar e com o ensino profissional, assim como a proposta de desburocratização dos processos de licenciamento ou a criação de um regime excecional para estas embarcações junto das entidades competentes que tornem mais atrativas as condições para a sua produção e aquisição”, explica a DGPC em comunicado.

Festas Antoninas de Famalicão distinguidas

As Festas Antoninas, de Vila Nova de Famalicão também foram oficializadas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, segundo um anúncio também publicado em Diário da República. Uma distinção que, para a Câmara Municipal de Famalicão, “reflete a importância da romaria enquanto reflexo da identidade da comunidade, bem como o seu valor cultural e social”.

A autarquia recorda que este processo foi iniciado em 2015 com a adesão do município de Vila Nova de Famalicão ao projeto regional “Romarias do Minho”, lançado pela Associação de Festas de São João de Braga e que reúne atualmente mais de duas dezenas de municípios, com o intuito de garantir a autenticidade e tipicidade das festas populares desta região.

“Com esta distinção, as Antoninas de Famalicão juntam-se à Festa das Rosas, em Viana do Castelo, e à Semana Santa de Braga, celebrações nortenhas que já se encontravam inscritas no INPCI”, acrescenta.

Segundo a câmara famalicense, as Antoninas são a maior festividade cíclica anual, pública e coletiva do concelho e envolvem todas as faixas etárias, géneros e estratos sociais. A sua origem está relacionada com o culto e a devoção a Santo António e envolve cidadãos de dentro e de fora do concelho de Vila Nova de Famalicão. A festa realiza-se no centro da cidade entre a primeira semana de junho e o dia 13 de junho, Dia de Santo António e feriado municipal.

Fonte: Diário de Notícias / LUSA – Portugal

Crédito da imagem: Maria João Gala / Global Imagens