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Moçambique: Venâncio Mondlane convoca dois dias de paralisação e manifestações pacíficas

O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou dois dias de paralisação e manifestação “pacífica” nacional em Moçambique a partir de quinta-feira, dia previsível do anúncio dos resultados das eleições gerais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

“Vamos sacrificar dois dias das nossas vidas para que todos nós nos manifestemos. E não precisamos de informar a polícia, o município”, anunciou Venâncio Mondlane, através de uma comunicação de mais de 45 minutos na rede social Facebook.

“O país nestes dois dias deve ficar parado”, afirmou, descrevendo esta como a segunda etapa do que denomina de “roteiro revolucionário” de Moçambique, insistindo que a CNE se prepara para anunciar “resultados profundamente falsos”.

“Não é o que o povo votou. Isso está claro”, afirmou, numa alusão ao apuramento dos resultados ao nível das províncias, que dão a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos.

Na intervenção, que descreveu ser feita a partir de “parte incerta”, Venâncio Mondlane disse estar a convocar para estes dois dias “manifestações em todos os bairros, distritos e postos administrativos” do país, e como um “presente” para a CNE.

As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação, que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos, embora o candidato presidencial Venâncio Mondlane conteste esses resultados, alegando com os dados das atas e editais originais da votação.

Após o duplo homicídio de Elvino Dias, advogado de Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoia Mondlane, na sexta-feira, o candidato convocou também a realização de marchas pacíficas em Moçambique, na segunda-feira, que foram dispersas com tiros para o ar e gás lacrimogéneo em Maputo.

Pelo menos 16 feridos em tumultos entre polícia e manifestantes
Pelo menos 16 pessoas ficaram feridas durante confrontos entre a polícia e manifestantes ocorridos na segunda-feira em Maputo, anunciou hoje o Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade do país.

“Em relação ao tumulto de ontem, nós tivemos a entrada de 16 pacientes, dos quais cinco ficaram internados nos diferentes serviços do nosso hospital”, disse Dino Lopes, diretor do Serviço de Urgência de Adulto no HCM, durante uma conferência de imprensa.

Segundo o responsável, o HCM recebeu três mulheres e 13 homens feridos durante os confortos na capital moçambicana e do total de 16 entrados, 11 tiveram alta hospitalar.

“De uma forma geral, todos os cinco pacientes que foram internados estão colaborantes, estáveis e com níveis de consciência aceitável, no sentido de que eles comunicam devidamente, então estão fora de perigo”, referiu o médico especialista em medicina de emergência.

A avenida Joaquim Chissano foi o centro de protestos, próximo do local onde na sexta-feira ocorreu o duplo homicídio de dois apoiantes de Venâncio Mondlane, incluindo o seu advogado, Elvino Dias, e para onde o candidato presidencial tinha convocado a saída de uma manifestação para a manhã de segunda-feira, que nunca chegou a acontecer devido à forte intervenção da polícia.

Os apoiantes de Venâncio Mondlane que contesta igualmente os resultados preliminares das eleições gerais de 9 de outubro, levaram os protestos para vários bairros, no centro da cidade e nos subúrbios, como Polana Caniço, Xiquelene e Maxaquene, onde a polícia também realizou disparos e lançamento de gás lacrimogéneo para dispersar qualquer concentração.

Além da capital, há registo de confrontos e manifestações durante o dia de segunda-feira em várias cidades moçambicanas.

Em Maputo, os confrontos de segunda-feira entre a polícia e os manifestantes começaram cerca das 07:30 (menos uma hora em Lisboa), com a força policial a dispersar os grupos que se começavam a juntar para participarem nas marchas pacíficas.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Luisa Nhantumbo / EPA