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MNE quer ações concertadas de Portugal e Espanha sobre clima e países do sul

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, defendeu esta terça-feira que Portugal e Espanha estão mais próximos que nunca e devem convergir nos desafios ligados às alterações climáticas, mas também nas relações com a América Latina e Central.

“Os desafios comuns que temos são imensos”, afirmou numa intervenção durante a edição de 2024 do Foro La Toja – Vínculo Atlântico, em Lisboa.

No entanto, referiu Paulo Rangel, há três questões “absolutamente decisivas para ambos os países” e que vão marcar a relação bilateral.

“Alterações climáticas, água e energia” são os temas que “estão na frente da agenda da transição ecológica e que “marcarão o compasso da saga europeia e da relação bilateral”, considerou o chefe da diplomacia portuguesa.

Os dois países também têm questões comuns no plano externo, salientou.

“O desígnio atlântico da Europa nunca será cumprido se apostarmos apenas na relação transatlântica com os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá. O desígnio atlântico da União Europeia exige uma relação permanente e integrada com o Mercosul”, defendeu, sublinhando que a “ação integrada de Portugal e Espanha” neste objetivo é “absolutamente crucial”.

As relações de Portugal e de Espanha com toda a América Latina, América Central e América do Sul são “uma mais-valia única no seio da União Europeia e um enorme ativo no quadro multilateral das Nações Unidas”, destacou, considerando, por isso, imprescindível apostar na conclusão das negociações entre a União Europeia e o Mercosul.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, é preciso haver “uma relação permanente e integrada com os Estados da América Latina” e “Espanha e Portugal são a ponte entre a Europa e o Atlântico Sul”.

Essa ligação tem também a ver com “toda a frente atlântica da África, começando certamente pela África de expressão portuguesa, mas alargando a toda a rede de relações”, disse, nomeando “a África do Norte, na sua fachada atlântica e na sua frente mediterrânica”, com destaque para as Canárias e a Madeira.

Além disso, acrescentou, o reforço da ligação deve também “descer ao Sahel, onde existem interesses vitais de segurança e de defesa”.

Esse reforço deve ser feito no quadro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

“Temos trabalhado arduamente no contexto da NATO para que o Mediterrâneo, o Próximo Oriente e o Sahel sejam considerados interesses vitais, porque são vitais para a Espanha, para Portugal e não só”, afirmou, lembrando que, “no contexto preocupante de guerra na Europa – da invasão da Ucrânia pela Federação Russa -, os laços atlânticos ganham nova centralidade”.

Paulo Rangel, que assumiu recentemente a pasta dos Negócios Estrangeiros na sequência das eleições de 10 de março, foi um dos convidados do Foro La Toja, a decorrer hoje em Lisboa, sob o tema “Cinco Décadas de Democracia em Portugal e Espanha”.

A iniciativa, que antecede a 6.ª edição do Foro La Toja, agendada para outubro na ilha de La Toja, em Espanha, é apoiada pela Comissão Comemorativa 50 anos do 25 de Abril e promovida pelo presidente da Fundación La Toja, Amancio López Seijas.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: João Relvas / LUSA