O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse esta sexta-feira, no primeiro conselho de ministros do seu terceiro mandato, que o seu Governo terá uma tarefa árdua para reconstruir o país e pediu aos seus 37 ministros que mantenham uma boa relação com o Congresso, mas aproveitou para deixar claro aos seus ministros que não tolerará escândalos, nem problemas com a justiça.
“Quem fizer alguma coisa errada será educadamente convidado a deixar o Governo” e responderá pelos seus actos perante as autoridades competentes, disse o Presidente, antes de dizer aos seus ministros que têm “a obrigação de fazer bem as coisas”.
No entanto, depois dessa advertência, o Presidente brasileiro garantiu todo o seu apoio e solidariedade aos seus ministros, salientando que os apoiará nos bons e nos maus momentos.
“Não deixarei nenhum de vocês no meio da estrada, não deixarei nenhum de vocês. Vocês foram chamados porque têm competência, vocês foram chamados porque foram indicados pelas organizações políticas a que vocês pertencem, e eu respeito muito isso”, sublinhou.
Lula afirmou, no breve discurso de abertura da primeira reunião ministerial, que o país esteve “sob um Governo autoritário” durante quatro anos, que o ex-Presidente Jair Bolsonaro deixou a situação num caos e que, agora, é preciso esforço e união para reconstruir o Brasil.
“Nós não somos um Governo de um pensamento único, não somos um Governo de filosofia única, não somos um Governo de apenas pessoas iguais. Nós somos um Governo de pessoas diferentes, e o que é importante é que a gente, pensando diferente, tem de fazer um esforço para que na construção do nosso processo de reconstrução desse país a gente pense igual”, disse.
Falando sobre a parceria entre o executivo e o Congresso, o Presidente pediu aos ministros que tenham a “paciência e a grandeza de atender bem cada deputado e deputada, senador ou senadora”.
“Senão, quando a gente vai pedir um voto, eles vão dizer: não, pois fui no ministério e nem me receberam. Eu não quero isso”, disse, antes de prometer: “Eu vou fazer a mais importante relação com o Congresso que eu já fiz”.
Para Lula, é preciso incentivar o processo de reconciliação na sociedade brasileira, “acabar com as brigas familiares” causadas por divergências políticas “estabelecidas pelo ódio”.
O Presidente brasileiro também aproveitou para sublinhar o carácter de frente ampla que pretende dar ao seu Governo, formado por uma coligação de partidos que inclui desde a esquerda até à direita mais moderada: “É um Governo de pessoas iguais, que pensam diferente”, mas que “devem estar comprometidas com o esforço de reconstrução” da “democracia” e da “solidariedade” com as classes mais empobrecidas da sociedade.
“Queremos que quando um brasileiro, por qualquer motivo, não puder trabalhar, o Estado lhe garanta um mínimo de segurança”, declarou.
“Vamos ter de entregar este país melhor, mais saudável do ponto de vista da saúde, massa salarial, pequenos e médios produtores, educação e civilidade”, e trabalhar para que “a economia volte a crescer com responsabilidade fiscal e distribuição de renda [rendimento]”, acrescentou.
Lula sublinhou a necessidade de dar particular atenção ao cuidado dos mais pobres, que considerou abandonados durante o Governo Bolsonaro.
Fonte: Jornal Público / Portugal
Crédito da imagem: André Borges / EPA