A partir de 16 de fevereiro, os professores vão ser obrigados a assegurar um mínimo de três horas letivas por dia no âmbito dos serviços mínimos decretados. Esta novidade, que serviu para unir ainda mais os professores em luta, foi anunciada durante a Manifestação Nacional de Professores, em Lisboa, que reuniu este sábado pelo menos 100 mil pessoas em Lisboa.
Perante o descontentamento contínuo e a “falta de respeito” do Governo, palavras do secretário-geral do Fenprof, Mário Nogueira, existirão dois novos protestos nos dias 15 e 17 de fevereiro – datas que marcam mais uma ronda negocial entre os sindicatos e o Ministério da Educação.
Horas antes, o relógio ainda não marcava as 15.00 e por Lisboa já se sentiam os efeitos da manifestação “histórica” que contou com “94% de adesão”, o suficiente para encher o Terreiro do Paço, depois de 18 dias de greves por distrito.
Os professores de Portugal pararam o centro de Lisboa pela quarta vez desde dezembro para se fazerem ouvir e prestaram duras críticas ao primeiro-ministro António Costa e ao ministro da Educação, João Costa.
Crianças, jovens adultos e idosos – os “filhos da escola pública” – não ficaram indiferentes à situação das instável das escolas do país e com buzinas, tambores, altifalantes, apitos e gritos, pediram por “justiça” e “respeito”.
João Firmino, professor de Educação Física em Vila Franca de Xira há 33 anos, fez questão de estar presente nesta manifestação, tal como esteve em todas as outras que aconteceram anteriormente.
Em desabafo ao DN, contava que se encontrava “congelado no quarto escalão devido à situação das quotas”. “Tenho nota excelente, mas continuo a aguardar uma progressão. Espero que agora haja alguma luz ao fundo do túnel”, frisou.
Também Fátima Franco, Célia Fonseca e Isabel Lourenço professoras de Biologia, Geografia e Físico-Química, vieram do Seixal para “lutar pela educação”, depois de terem estado também na grande greve de 2008.
Tendo em conta as mais recentes paralisações, reforçavam que também tinham filhos estudantes e que entendiam o descontentamento de muitos pais, mas que era importante protestar pelo melhoramento da escola pública e esperavam mudanças brevemente.
Por outro lado, Mariana e Alice, duas estudantes da Escola Superior de Educação de Lisboa, vestiram-se a rigor com os seus trajes académicos para protestar em nome da sua futura profissão, “ao lado dos futuros colegas”.
“Estamos aqui a pedir alguma mudança porque queremos começar a dar aulas com o devido respeito”, afirmou Mariana.
“Se queremos ter uma vida decente temos de fazer pressão e lutar pelos nossos direitos. Sem os professores não há mais nenhuma profissão”, completou Alice.
Partidos estão solidários com os professores
BE, PCP, Livre e Chega foram alguns dos partidos políticos que estiveram também representados na Manifestação Nacional de Professores.
“Esperamos que o ministério negoceie com toda a boa vontade e urgência que é necessária. Os professores têm sido muito castigados nos últimos anos e há reivindicações que têm de ser atendidas para que de facto tenhamos uma escola que possa focar-se em cada aluno. Os professores estão a lutar não só por eles, mas também pelo país”, disse ao DN Isabel Mendes Lopes, assessora política no Gabinete Parlamentar do Livre.
Já a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu que a luta dos professores se deve a “uma revolta sincera” e desafiou a tutela a “assumir a sua responsabilidade” e atender às reivindicações da classe.
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, considerou que “o Governo não tem alternativa” senão “encontrar caminhos” para atender às reivindicações dos professores, e “não partir de uma premissa que os problemas são o que são e não há nada a fazer”.
Por sua vez, em representação do Chega, Gabriel Mithá Ribeiro, defendeu que o Governo “não está a fazer a sua parte”. “Não é normal um protesto tão denso e durante tanto tempo dos professores, se tem esta dimensão é porque querem soluções a sério”, frisou.
Fonte: Diário de Notícias – LUSA / Portugal
Crédito da imagem: Rita Chantre / Global Imagens