Após a reunião da Comissão Política do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque anunciou esta segunda-feira a realização de eleições diretas no partido, marcadas para 21 de março.
“Quase de certeza que serei candidato à liderança do PSD/Madeira”, afirmou o presidente demissionário do Governo Regional, dando conta que o congresso regional está agendado para os dias 20 e 21 de abril. Anunciou ainda que até dia 29 de fevereiro devem ser entregues as candidaturas e respetivas moções.
“Tenho todas as condições políticas [para voltar a ser candidato], porque nunca fui comprado. Tenho 30 anos de vida pública, nunca fui corrompido por ninguém. Tenho a minha consciência tranquila”, declarou.
Miguel Albuquerque demitiu-se depois de ter sido constituído arguido no âmbito de um processo em que são investigadas suspeitas de corrupção na Região Autónoma, o que levou à queda do seu executivo, de coligação PSD/CDS-PP e com o apoio parlamentar do PAN.
“Face às atuais circunstâncias e à crise política que entretanto foi despoletada, a comissão política entende que é necessário fazer um reforço da legitimidade e, por isso, foi deliberado nesta comissão política que o PSD/Madeira deve convocar um congresso ordinário de imediato, antecedido de eleições, cumprindo os prazos definidos nos estatutos”, disse Miguel Albuquerque.
Em conferência de imprensa, Albuquerque referiu que está preparado para se defender. “Mantenho imaculada, do meu ponto de vista, a minha capacidade política e os meus direitos de cidadão”, disse.
As declarações do presidente demissionário do Governo Regional surgem depois de o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, anunciar no sábado que vai manter o executivo regional, de gestão, em funções até à decisão do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que poderá dissolver a Assembleia Legislativa, mas só a partir de 24 de março, seis meses após as últimas eleições legislativas regionais.
Questionado sobre ter afirmado há três semanas que iria renunciar à vida pública, Miguel Albuquerque respondeu que “as circunstâncias eram outras” e que aquilo que “foi decidido em Lisboa é esclarecedor para toda a gente”, referindo-se à decisão de libertação dos arguidos Pedro Calado (ex-presidente da Câmara do Funchal), Avelino Farinha e Custódio Correia (empresários), detidos no âmbito da investigação a suspeitas de corrupção na Madeira.
O social-democrata sublinhou que, conforme concluiu o juiz de instrução criminal, “não há vestígios de crime” e teceu críticas aos adversários políticos, designadamente ao PS.
“Toda a gente sabe que a estratégia de alguns elementos do PS, que é ignóbil, é fazer denúncias falsas […] no sentido de condicionar a atividade política”, apontou, considerando que “não é correta nem adequada à vida democrática”.
Sobre o seu antecessor na presidência do Governo Regional, Alberto João Jardim, ter afirmado que o ciclo de Albuquerque terminou, o presidente demissionário do executivo insular desvalorizou e respondeu que “essa é a opinião dele”.
Questionado se espera ter adversários nas internas do PSD/Madeira, o social-democrata disse que “o PSD assume-se, como sempre se assumiu, como um partido democrático e um partido livre”.
“Se existem dúvidas dentro do PSD, se existem reticências relativamente àquele que é o percurso do PSD, é fundamental haver uma clarificação, nós não temos medo dessa clarificação, não temos medo de assumir o risco”, acrescentou.
Relativamente a uma possível coligação com o CDS-PP caso haja eleições antecipadas no arquipélago, essa será uma competência da nova direção do PSD e constará da moção estratégica do vencedor, indicou Miguel de Albuquerque.
Fonte: Diário de Notícias (Com Lusa) – Portugal
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