O reduzido valor das rendas e a sua localização são os fatores-chave para que o Mercado Municipal de Beja seja inaugurado na próxima quinta-feira, dia 12, com cerca de 84 por cento da sua ocupação.
O espaço contará com “uma multiplicidade de serviços” divididos por quatro quiosques, 21 lojas e 26 bancas de pescado, hortícolas e outros produtos alimentares.
Entre cabides, tecidos e caixas de papelão, Vanda Graça finaliza as últimas arrumações. Dentro de poucos dias será uma das proprietárias responsáveis por ocupar uma das lojas que permitirá reabrir o Mercado Municipal de Beja, cerca de quatro anos depois do seu encerramento para obras de requalificação.
Ao “Diário do Alentejo” (“DA”) diz, com um sorriso, que o novo espaço possibilitará dar a conhecer a sua marca e, quiçá, atrair novos clientes e “vender muito”.
“Comecei pela parte do corte e costura, [depois] tirei o curso de textura na área do bebé e a fazer a minha marca com ‘fofinhos’ e roupinha, mas agora também já tenho algumas roupas de adulto e bijuteria”, esclarece, enquanto ajeita um ou outro gorro de lã.
Ao longo do tempo percebeu que o facto de residir na Trindade, uma aldeia próxima da cidade de Beja, era um entrave para os seus clientes e, por isso, a nova loja que terá no mercado, com uma “renda baixa”, será uma mais-valia para o seu negócio.
“Pode ser que uma pessoa tenha um bocadinho mais de sorte, porque acho que Beja está muito morta”, acrescenta a costureira de 45 anos.
Algumas lojas abaixo, também Durley Serrano termina de montar o expositor, pintado pela própria, que servirá de chamariz para a sua pastelaria e quiosque.
Com o intuito de apresentar o seu trabalho de cake design optou por arrendar um dos quiosques abertos do mercado para vender os seus bolos, bolachas e cupcakes decorados e uma loja que servirá de apoio à confeção.
Segundo a pasteleira de 41 anos, além do valor das rendas, também a modernização do espaço, numa espécie de pequeno “centro comercial”, a convenceu a apresentar a candidatura do seu projeto à Câmara Municipal de Beja (CMB).
“Estávamos à procura de outros locais, mas pediam sempre valores um pouquinho elevados. Passámos a estar pendentes da abertura do mercado, não havia uma data estabelecida, [mas], por fim, abriram o concurso e apresentámos uma candidatura, [porque] gostámos das lojas novas e do estilo do espaço, em que temos sempre a companhia dos outros vizinhos”, refere.
Da mesma opinião partilha Ricardo Xavier. Na próxima quinta-feira, dia 12, aquando da inauguração do mercado, o proprietário passará a ter no espaço municipal dois negócios distintos – uma barbearia e um ginásio –, que espera que sejam uma grande “oportunidade de negócio”.
“Tem tudo para dar certo, visto que é um espaço diferente e que não existe na cidade. São muitos negócios diferentes e que vai trazer muitas pessoas a este espaço, [porque] está bonito e apetitoso para qualquer pessoa, independentemente da idade”, confessa.
Para já, o sentimento dos comerciantes é unânime. As expectativas são “bastante grandes” e o foco está no “sucesso”. “As expectativas são as melhores. Estamos a investir bastante no espaço, tanto eu como os outros comerciantes, e esperamos que o mercado seja um sucesso”, afirma o personal trainer de 43 anos.
Além da “multiplicidade de serviços”, referida por Paulo Arsénio, presidente da CMB, em declarações ao “DA”, o novo Mercado Municipal de Beja permitirá que o espaço referente ao peixe e as hortofrutícolas possa encerrar às 14:00 horas, “ficando completamente fechado e compartimentado”, enquanto, “o restante mercado, se os operadores assim o desejarem e desde que cumpram o mínimo de horas diárias que estão obrigados para com o município, pode continuar a funcionar pela tarde e noite dentro”.
Outras particularidades, segundo o edil, serão a “animação pontual”, programada por um futuro gestor do mercado, e o sistema de sonorização que permitirá “publicitar produtos e artigos e ter, por exemplo, uma música de fundo”.
À data da inauguração, ainda que “algumas pessoas possam não ter todos os elementos que precisam para poderem abrir”, a ocupação do mercado ronda os 84 por cento, uma vez que “faltam ocupar dois quiosques e duas lojas”.
No total, o edifício contabilizará quatro quiosques, 21 lojas, 12 bancas de pescado e 14 de hortícolas e outros produtos alimentares, assim como uma zona de esplanada comum.
O edifício conta, então, com uma pastelaria, uma casa de jogos, um espaço de venda de produtos para o lar e para a casa, um ginásio, um restaurante, empresas de contabilidade e serviços gerais, uma charcutaria, duas lojas de vestuário, uma sapataria, uma barbearia e uma gelataria, entre outras, assim como, “naturalmente, as bancas do peixe, carne, frutas e produtos hortícolas”.
“A expectativa, quatro anos depois, é positiva. Queremos, através da reabilitação do mercado, proporcionar melhores condições de venda e tornar o espaço tão atrativo quanto possível. Beja vai voltar a ter o seu mercado de sempre”, realça ao “DA”.
E acrescenta: “O que notamos é um grande entusiasmo por parte de todos os operadores, tanto os que agora aderiram, como daqueles que regressam”.
Ainda assim, Paulo Arsénio ressalva que o trabalho no mercado municipal não termina com a sua reabertura, dado que “vai-se depois notar, eventualmente, algumas coisas a melhorar e que só será possível perceber com a sua entrada em funcionamento”.
Recorde-se que o espaço municipal encerrou em fevereiro de 2020, estando previsto que as obras de requalificação tivessem a duração de 450 dias.
No entanto, o edil referia ao “DA” em fevereiro último que a pandemia de covid-19, a escassez de mão de obra ou de materiais de construção foram alguns dos contratempos que foram atrasando a empreitada.
Durante esse tempo, a autarquia tinha um encargo mensal na ordem dos seis a oito mil euros com os operadores que estavam no espaço antes do seu encerramento como forma de os “indemnizar” até à sua reabertura.
Fonte: Diário do Alentejo / Portugal
Crédito da imagem: Ricardo Zambujo