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Meio século depois, o cinema português volta a ser discutido

O último encontro de debate sobre a cinematografia em Portugal aconteceu em 1967. As mesmas entidades, Batalha Centro de Cinema, Fundação Calouste Gulbenkian e Cineclube do Porto, voltam a reunir-se agora para dinamizar os “Novos Encontros do Cinema Português”, de 6 a 8 de junho.

Cinquenta e seis anos depois, o país volta a ter um fórum dedicado ao pensamento, investigação e discussão do Cinema Português.

Os Novos Encontros do Cinema Português irão decorrer de 6 a 8 de junho, no Batalha Centro de Cinema, no Porto, e procuram, com foco em novos problemas da indústria cinematográfica, ter um impacto na área tão forte como, à altura, teve o mesmo encontro realizado em 1967.

O trabalho de estudo e debate do panorama do cinema atual em Portugal não se fica pelos três dias de fórum. Guilherme Blanc, diretor do Batalha Centro de Cinema, em conferência de imprensa, ressalvou que o trabalho de investigação já foi iniciado e vai continuar até aos dias do encontro.

Fruto do trabalho já desenvolvido, na próxima semana, a 20 de março, será lançado um questionário público dirigido a todos os elementos do setor do cinema em Portugal, com o objetivo de reunir diversas opiniões e visões dos problemas que afetam a área.

O questionário estará disponível durante um mês, em formato digital, no site do Batalha Centro de Cinema, sendo também promovido por diversas entidades da área.

Os resultados do questionário público e de outras entrevistas a entidades individuais e coletivas da área, levadas a cabo nestes meses que antecedem o fórum, serão depois discutidos durante os três dias de encontro, de forma a que se possam encontrar soluções.

O projeto ligado aos “Novos Encontros do Cinema Português” estará focado em quatro áreas de trabalho: produção, distribuição e exibição, crítica e educação, sob liderança, respetivamente, dos especialistas Mariana Liz, Paulo Cunha, José Bértolo e Carlos Natálio.

Ecologia, igualdade e financiamento

Ana Carneiro, presidente do Cineclube do Porto, afirmou, na conferência de imprensa de apresentação do projeto, que os problemas com os quais o setor se depara atualmente não são os mesmos que preocuparam a comunidade em 1967, ainda assim, “apesar da profissionalização e internacionalização do Cinema Português, há questões ligadas ao financiamento, à igualdade de género, à representatividade, à ecologia e a questões sociais e de educação” que urge analisar, avaliar, discutir e, se possível, solucionar.

Relembrando o papel fulcral que a Semana de Estudos sobre o Novo Cinema Português, que decorreu no Batalha em 1967, teve para “a definição do que viriam a ser as políticas de financiamento da produção cinematográfica em Portugal”, Guilherme Blanc salientou o momento determinante que vivemos atualmente.

“Estamos a passar por uma nova fase no Cinema, com novas plataformas de distribuição, e cada vez mais visibilidade de elementos portugueses”, por isso, importa fazer um “estado da arte” da cultura cinematográfica no país.

No final dos três dias de encontro e debate, o grupo de trabalho irá apresentar um documento público “que irá traduzir as reflexões e conclusões retiradas ao longo do processo de investigação, preparação e realização da iniciativa”, explicou Guilherme Blanc, parte responsável pelo projeto.

Estão envolvidas na investigação, e estarão também presentes nos dias do fórum, diversas entidades da área que atuam em Portugal, tal como a UNA – União Negra das Artes, APR – Associação Portuguesa Realizadores, FECA – Federação Portuguesa de Escolas de Cinema e Audiovisual, APTA – Associação Portuguesa de Técnicos de Audiovisual, MUTIM – Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento, Cineclube de Viseu, Nitrato Filmes e Cinema Trindade, Portugal Film, FILMIN, Agência da Curta Metragem, Som e a Fúria, Bando à Parte, e Pandora Cunha Telles.

A iniciativa foi apresentada na manhã desta terça-feira, no Batalha, na presença de Guilherme Blanc, diretor do Batalha Centro de Cinema, Ana Carneiro, presidente do Cineclube do Porto, e Miguel Magalhães, da Fundação Calouste Gulbenkian.

Em maio será anunciado ao público a programação completa dos dois dias dos “Novos Encontros do Cinema Português”, que contará, além de debates, com a exibição de filmes.

Fonte: Jornal de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Direitos reservados