Lula da Silva assinou, este domingo, uma norma a impedir e punir a depredação que manifestantes bolsonaristas promoveram nos edifícios dos Três Poderes no Brasil: o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. O decreto, publicado no Diário Oficial da União, equivalente ao Diário da República, permite ao governo intervenção federal em Brasília e assim tomar as rédeas da segurança no Distrito Federal, até dia 31.
Entretanto, o Congresso foi já evacuado pela polícia horas após ter sido invadido por centenas de apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo uma jornalista da AFP-TV. A situação também estará já sob controlo no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal (STF), embora um grande número de manifestantes ainda permaneça nos arredores da Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Lula culpa Bolsonaro
“Vamos descobrir quem são os financiadores destes atos”, prometeu o recém-eleito. “Na ditadura militar, pessoas da esquerda foram executadas, torturadas, desaparecidas, mas nunca depredaram as instituições como agora a direita nestes atos de nazis ou fascistas fanáticos”, continuou Lula.
“Eles vão perceber que a democracia garante direito de liberdade, livre expressão, mas ela também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para fortalecer a democracia”.
O presidente do Brasil ainda culpou o seu antecessor, Jair Bolsonaro, pelos atos, ao dizer que ele “também é responsável” pelos atos de vandalismo que se espalharam por Brasília e apelidando-o de “genocida”.
Lula afirmou ainda que visitará os palácios que foram depredados, lembrando os atos de vandalismo na área central de Brasília no fim de dezembro. “A Polícia Militar estava guiando e vendo eles atear fogo em autocarros e não fazia absolutamente nada, esses agentes não poderão ficar impunes”.
“Todos sabem que o secretário de Segurança dele [do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha] tem fama de ser conivente com as manifestações”, disse também Lula a propósito de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça que se tornou secretário da Segurança de Ibaneis Rocha, no governo do Distrito Federal afeto aos bolsonaristas.
Torres, que está com Bolsonaro na Florida, já foi, entretanto, exonerado do cargo no Distrito Federal por Ibaneis Rocha.
170 detidos e explosivos encontrados
Entretanto, o governo do Distrito Federal anunciou já a detenção de 170 manifestantes e o governador Ibaneis Rocha pediu “perdão” a Lula e demais poderes.
Engenhos explosivos terão sido encontrados no Congresso, de acordo com a polícia brasileira, assim como algumas armas entre os manifestantes.
Numa nota publicada, a presidente do Supremo Tribunal Federal, um dos três edifícios vandalizados pelos bolsonaristas, já anunciou que “o STF será reconstruído” e “não se deixará intimidar”.
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados do Congresso (outro dos edifícios sob ataque), antecipou o regresso a Brasília.
Líder do partido de Bolsonaro se manifesta
Num vídeo publicado, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal do ex-presidente Jair Bolsonaro, assegura que os responsáveis pelo ataque de às instituições em Brasília “não representam” Bolsonaro.
“Hoje é um dia triste para o Brasil. Todos os eventos que realizámos após as eleições em frente ao quartel foram um exemplo de educação, confiança e brasilidade”, disse o líder da PL, aludindo aos acampamentos de manifestantes para reclamar uma intervenção das Forças Armadas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente do Brasil, após a vitória na segunda volta das eleições presidenciais sobre Jair Bolsonaro, que procurava a sua reeleição para um segundo mandato.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: André Borges / EPA