Avisita de cinco dias do papa Francisco a Lisboa terminou no passado domingo, mas o rasto da sua presença será agora engrenagem para o turismo da cidade.
A projeção da capital portuguesa além fronteiras é um dos principais carimbos que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) deixou na cidade e que produzirá um efeito multiplicador na promoção da região, defende a Associação Turismo de Lisboa (ATL).
“Este tipo de evento tem um impacto estratégico muito grande. Nunca tínhamos organizado um evento desta dimensão e ficou visível para o mundo inteiro a capacidade organizativa de Lisboa. Dá uma quota de prestígio a nível internacional muito importante e que ficou à vista de todos”, destaca o diretor-geral da ATL. Vítor Costa acredita que a JMJ se traduziu “num benefício reputacional muito grande” para a cidade, colocando Lisboa no centro das atenções nas últimas semanas.
“A projeção internacional que Lisboa teve foi muito impactante. Não conseguimos sequer imaginar o número de contactos que este evento originou. Mais de um milhão de pessoas que participaram usaram redes sociais, transmitiram imagens e fotografias. E os cinco mil jornalistas que estiveram presentes não falaram só do evento, mas também da cidade”, acrescenta o responsável.
Vítor Costa não duvida que os efeitos para o turismo “serão imediatos” e que a cimeira católica ajudará a abrir portas em breve. “O impacto será no curto prazo. Há um ganho reputacional que mostra que Lisboa tem uma capacidade organizativa muito grande. Neste momento, há muitos eventos, como congressos internacionais, que estão a ser decididos. Está a ser planeado se serão realizados em Lisboa, Viena, Barcelona ou Londres, por exemplo. E Lisboa aparece reforçada nessa competição”, acredita.
Já sobre os impactos diretos para o turismo da capital durante a última semana, o diretor-geral da ATL diz ser ainda cedo para apurar números e relembra que a JMJ não foi um evento turístico. A cimeira religiosa, que atraiu perto de 1,5 milhões de devotos católicos, acabou mesmo por afastar os turistas da cidade que preferiram adiar as férias para fugir ao caos dos últimos dias.
“Os preços não subiram muito e as taxas de ocupação ficaram um pouco abaixo do que aconteceria caso não tivesse existido a JMJ. Este acontecimento tem impactos enormes no turismo, mas não foi concebido diretamente para o turismo”, reitera, relembrando que Lisboa tem já uma taxa de ocupação alta em agosto nos alojamentos turísticos da cidade.
“Não podemos dizer que tudo o que foi gasto na hotelaria foi por causa da JMJ. Não é verdade, porque nesta altura já tínhamos movimento”, diz, admitindo, no entanto, “que naturalmente que as pessoas acabaram por consumir e deixar riqueza na cidade”.
Vítor Costa esclarece, no entanto, que o turismo de Lisboa “não teve prejuízo”. “Os turistas que adiaram a sua visita virão a Lisboa na mesma, mas escolheram outras alturas, não é um negócio que tenha sido integralmente substituído”, indica.
O porta-voz da ATL defende ainda que “a contabilidade dos impactos nestas duas semanas é relevante, mas não é o mais importante”, e que não se comparará “aos efeitos que surgirão a seguir para a Lisboa”.
Last minute nos hotéis
Já nos hotéis as contas começam também agora a apurar-se. Nas vésperas da chegada do Papa a Portugal, as perspetivas apontavam para camas livres e preços mais baixos do que o esperado, contrariando as expectativas iniciais que davam conta de um cenário com alojamentos esgotados e tarifas a disparar.
A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) vai agora medir o impacto da JMJ no setor e admite que possa ter existido uma corrida last minute (de última hora), que tenha potenciado as reservas até porque, justifica a associação, o número de participantes acabou também por ser superior ao esperado.
Além de Lisboa, a AHP admite que os efeitos da Jornada possam ter sido sentidos noutras regiões de Portugal, com os peregrinos a aproveitarem a viagem para conhecer outras cidades do país.
Enquanto as contas são feitas, a vice-presidente executiva da associação que representa os hoteleiros do país aplaude a organização da JMJ que, defende, “fez muito pela imagem e reconhecimento de Portugal”.
“Este extraordinário evento, pela forma como decorreu, faz tanto ou mais pela promoção de Lisboa e de Portugal do que muitas campanhas que às vezes se fazem. Provou-se muitíssimo bem a capacidade de acolhimento e de organização que a cidade e o país têm. Trará um enorme impacto futuro sobre o turismo e o posicionamento de Portugal”, refere Cristina Siza Vieira.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Miguel A. Lopes / LUSA / POOL © LUSA