A novidade surgiu logo no início do debate. “Se o PS não ganhar não apresentará uma moção de rejeição nem viabilizará uma moção de rejeição”, disse Pedro Nuno Santos, confrontado com o cenário de um governo minoritário formado por Luís Montenegro.
Luís Montenegro, logo a seguir, colocado perante a mesma pergunta, num cenário de ser o PS a formar Governo, não respondeu. E deu assim pretexto a Pedro Nuno Santos o atacar precisamente por não responder (o líder do PS chegaria depois a dizer que não responder estava a ser a “marca” da participação do líder do PSD no debate.
Os dois confrontaram-se esta noite, durante cerca de uma hora e quinze minutos, num frente-a-frente realizado no Teatro Capitólio, em Lisboa, e transmitido em direto pela RTP 1, SIC, e TVI, com moderação de três jornalistas, um por cada estação. Um debate intenso, com os dois constantemente a interromperem-se e a falarem um por cima do outro.
O que ambos, a seguir, não deixaram claro – e aí já foram os dois – é o que farão quando tiverem de votar Orçamentos do Estado. Montenegro aqui diria que abrirá negociações “com todos os partidos parlamentares” – ou seja, já inclui o Chega – e acrescentou que nessas negociações teria “particular” importância o PS.
Pedro Nuno, pelo seu lado, desqualificaria a possibilidade de o PSD governar somente assente nos partidos à sua direita porque “o PSD é incapaz de liderar a direita, que é uma bagunça”.
E antecipou um voto contra um Orçamento do Estado apresentado por Montenegro porque as suas medidas representam o “definhamento” do Estado Social – ou seja, “dificilmente terão o voto do PS”.
Nas contas do socialista, de resto, o programa prevê uma despesa adicional ao longo de quatro anos na ordem dos 23,5 mil milhões de euros – o tal “caminho para o definhamento”.
Imaturidade e inexperiência
Montenegro apostou forte, no debate todo, em associar Pedro Nuno a um problema de “falta de maturidade” ou de “falta de ponderação”, por exemplo quando, sendo ministro, anunciou uma decisão para o novo aeroporto de Lisboa à revelia de António Costa.
O líder do PS, por sua vez, tentou apresentar-se como um homem de ação: “Eu gosto de decidir, não gosto de arrastar os pés. Quero decidir, não quero esperar mais…” E quanto à nova solução para o novo aeroporto apresentada pela Comissão Técnica Independente, garantiu: “Queremos consenso com o PSD mas não vamos ficar à espera do PSD.”
E se Montenegro atirou constantemente contra o líder do PS a sua “imaturidade” e a sua “impreparação”, este, por sua vez, respondeu sempre invocando a total ausência de experiência governativa do seu adversário.
Montenegro encostou Pedro Nuno Santos às cordas no setor da da Saúde, quando recordou que nos oito anos de governação socialista foram inaugurados 32 hospitais privados e zero públicos. E a isto acrescentaria que no Governo PSD-CDS da legislatura 2011-2015 foram inaugurados setes hospitais do SNS.
Pedro Nuno, por seu lado, atirou contra Montenegro o facto deste não ter convidado Pedro Passos Coelho para a convenção da AD, depois de o líder do PSD ter sugerido que Sócrates iria aparecer na campanha do PS (e o líder socialista recordou que Sócrates já não é militante do PS).
Os ânimos exaltaram-se ainda mais na questão das pensões. O líder do PS acusou o seu adversário de andar “sistematicamente a mentir” quando diz que o Governo de Costa cortou mil milhões nas pensões. “Não aceito que digam que estou a mentir”, responderia Luís Montenegro.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Paulo Sprangler / Global Imagens