Com um final incrível, o Sporting estragou o jogo que marcou a despedida de Pinto da Costa da presidência do FC Porto.
Dois momentos de distração de uma defesa que esteve quase sempre bem, valeram dois golos de rajada a Gyökeres e um empate ao líder e provável Campeão, que só entrou em jogo depois de Rúben Amorim devolver a identidade à sua equipa, depois de ter inovado na equipa inicial.
Os erros estratégicos e individuais que mostraram uma equipa errática (em duplo sentido) acabaram corrigidos pela frieza do jogador mais valioso da Liga.
Um dia depois das históricas eleições que colocaram um ponto final no “reinado” de Pinto da Costa – que naturalmente ainda ocupou (sendo muito aplaudido) o lugar na tribuna presidencial, com André Villas-Boas a optar por ver o jogo no seu lugar na bancada, “entre os associados uma última vez”, antes de assumir o cargo, apesar do convite para ocupar um lugar de honra -, as duas equipas entraram no relvado com várias alterações em relação aos seus onzes habituais.
No lado do FC Porto, verificou-se o regresso de Diogo Costa à baliza depois de um período afastado por lesão, mas desta vez sem Pepe (nem no banco esteve) à sua frente, sendo a dupla de centrais constituída por Zé Pedro e Otávio. À direita, a grande surpresa, com Martim Fernandes, permitindo assim a Pepê atuar numa posição mais adiantada no apoio a Evanilson.
Já o Sporting apareceu equipado com uma camisola homenageando o ex-capitão Manuel Fernandes por cima do jersey preto e sem Gyökeres na equipa titular (Amorim avisara que o sueco estava em dúvida e começou mesmo no banco), sendo Paulinho a escolha inicial para o centro do ataque, ainda assim, a principal surpresa verificou-se mesmo no setor mais recuado, com o técnico leonino a optar por quatro centrais, com Gonçalo Inácio descaído na esquerda para enfrentar Francisco Conceição em vez do mais imprevisível Nuno Santos.
Entrando no relvado separados por 18 pontos, a verdade é que nem parecia que a vantagem estava do lado visitante tal a tremedeira que desde cedo os jogadores leoninos foram evidenciando. O FC Porto manteve o seu espírito, não se inibindo por ter um setor defensivo inédito e sem a sua grande referência.
Um primeiro erro de Geny Catamo permitiu a Evanilson arriscar o primeiro remate que Israel agarrou sem problemas. No mesmo minuto (7), porém, o uruguaio falhou com os pés um passe fácil: a bola sobrou para Francisco Conceição, que solicitou Pepê, com este a fazer um túnel a Coates deixando o seu compatriota na cara do guardião contrário e este não perdoou, rematando a contar.
Parecia decidido mas não estava
Os leões tentaram reagir. Pote arriscou de longe, mas a bola acabou nas malhas laterais (9’) e Paulinho, de cabeça, desviou sobre a trave na sequência de um canto (16’).
Se Amorim esperava mais rigor defensivo, enganou-se redondamente. Diomande continua uma sombra do que já mostrou e foi acumulando erros, Inácio sem rotinas de ala não ajudava nas transições ofensivas e Paulinho, quase sempre longe da baliza, era invisível. Competente na defesa, a sair quase sempre com grande tranquilidade, o FC Porto era dono da partida mesmo sem se aproximar muitas vezes da área adversária.
Quando o conseguia, dava lance de perigo e o segundo golo acabou por surgir assim, com Martim Fernandes (excelente estreia na Liga aos 18 anos) a solicitar muito bem Pepê na zona central aproveitando uma escorregadela de Hjulmand e este a entrar pelo centro da defesa visitante para bater Israel pela segunda vez com um remate cruzado (41’). E o resultado só não foi mais volumoso ao intervalo porque Francisco Conceição não aproveitou uma defesa incompleta de Israel, optando por um remate sem ângulo quando podia ter dado a Pepê para este encostar já depois de, ao minuto 42, todo o estádio aplaudir o presidente cessante.
Amorim teve mesmo de chamar Gyökeres a jogo, sacrificando Daniel Bragança. Logo no primeiro minuto da segunda parte, St. Juste escapou à expulsão após falta imprudente sobre Galeno (o que levou o técnico a lançar rapidamente Quaresma) e um cruzamento de Conceição voltou a levar o perigo à baliza visitante.
Vendo a equipa sem capacidade de reação, o técnico verde e branco voltou a mexer, com Nuno Santos e Morita a renderem Diomande e Paulinho (60’). Na sua “pele”, o Sporting voltou a ficar confortável – até porque o FC Porto já o estava onde mais interessava, no resultado.
A verdade é que mesmo tendo mais bola, os leões não conseguiam incomodar em demasia a defesa contrária. Sérgio Conceição começou a gerir a equipa e quando parecia que os três pontos estavam entregues apareceu a frieza de Gyökeres a resgatar um ponto: primeiro dando sequência a um cruzamento perfeito de Nuno Santos (87’), depois desviando à boca da baliza um cruzamento de Edwards, que rendera Pote (88’).
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Ivan Del Val / Global Imagens