Iúri Leitão conquistou a medalha de prata no omnium dos Jogos Olímpicos Paris 2024. É a primeira medalha do ciclismo de pista português e a segunda de Portugal nestes Jogos, depois do bronze de Patrícia Sampaio no judo. No total, são agora 30 os pódios nacionais na história olímpica.
Hoje, no Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines, na estreia olímpica masculina de Portugal no ciclismo de pista, o ciclista de Viana do Castelo, de 26 anos feitos há poucos dias (nascido a 3-8-1998), concluiu o omnium com 153 pontos, atrás do francês Benjamin Thomas (164) e à frente do belga Fábio van den Bossche (131).
“Senti que tinha feito boa preparação, mas esta foi a prova com mais nível que tive na minha vida”, confessou o mais recente medalhado olímpico do desporto português, que é também dono da segunda medalha da história do ciclismo português em Jogos Olímpicos, depois da prata de Sérgio Paulinho na prova de fundo em Atenas 2004.
O feito do campeão mundial em título foi visível nas lágrimas que não conseguiu evitar quando abraçou o treinador Gabriel Mendes e quando subiu ao pódio para receber a prata.
“É difícil descrever. Foi uma tarde muita intensa. A concorrência era muito forte e estava reticente sobre o que podia fazer. Tive uma queda há umas semanas. Era preciso minimizar os erros e acho que fizemos uma corrida taticamente perfeita. Acreditámos pouco a pouco, cheguei a acreditar no ouro, ainda lancei o meu ataque, mas o francês foi mais forte e é um justo vencedor”, reconheceu Iúri com o fair-play.
O português fez uma competição em crescendo. Na prova de scratch ficou em 7º lugar e conseguiu depois o 2º lugar na corrida por tempo, antes de ser 7.º na prova de eliminação e lutar pela medalha na corrida por pontos, onde somou a pontuação necessária para alcançar o segundo lugar do pódio.
Na terceira etapa (eliminação) ainda protestou, mas não quis desculpar-se com isso: “Tenho de rever, não consegui ouvir a sineta. Ou não tocou ou tocou muito tarde, e acho que o erro não foi meu. Mas não vou teimar. Não podia fazer nada.”
Iúri Leitão somou uma medalha olímpica ao seu vasto palmarés que inclui três títulos europeus de scratch (2020, 2022 e 2024), um título mundial de omnium (2023), um título europeu de scratch (2022).
Começou no ciclismo de estrada e descobriu a pista quando era adolescente, com 16 anos, atraído pela velocidade (no omnium a bicicleta não tem travões).
“Fui levado para o ciclismo por um amigo do meu pai que tinha sido colega de equipa dele quando ele competiu. Entrei para o ciclismo com seis anos, fui crescendo com o desporto na minha vida e fui-me apaixonando cada vez mais. Sempre vivi o ciclismo com muita paixão. Sempre foi aquilo que eu gostaria de ser e parece que foi uma aposta ganha. Tive a sorte de poder fazer disso a minha vida”, contou ao site Maisfutebol antes de embarcar para Paris e destacar a influência dos gémeos Oliveira (Rui e Ivo) na sua progressão.
Pedala desde os seis anos e deixou de estudar no 12.º ano para se dedicar ao ciclismo. Foi somando resultados que o colocaram entre a elite mundial, como o título mundial em Glasgow, que valeram o apuramento olímpico, uma estreia para o ciclismo de pista português. É muitas vezes apelidado de “produto da pista portuguesa” e deu agora alento à aposta nacional no velódromo de Sangalhos, em Anadia, complexo de ciclismo que forma talentos desde 2009 e ao qual já chamam de “fábrica de medalhas”.
Apesar de ser especialista na velocidade, Iúri continua a competir no ciclismo de estrada. E quando em maio de 2023 venceu a Volta à Grécia, naquela que foi a primeira vitória geral individual, ganha na cidade de Olímpia, berço dos Jogos Olímpicos da Antiguidade, o menino de Viana do Castelo ainda estava longe de saber que ira representar Portugal em Paris2024 e conseguir a maior conquista da sua carreira e do ciclismo de pista português.
“Orgulho” e “Alegria”
O primeiro-ministro Luís Montenegro felicitou o ciclista, por uma “prova espetacular”, que levou de novo o nome de Portugal ao pódio dos Jogos Olímpicos.
“Que orgulho. Parabéns Iúri Leitão”, escreveu o governante, na rede social X (antigo Twitter). Segundo Montenegro, também o ciclismo português está de parabéns com esta medalha olímpica na pista, por estar “sempre ao mais alto nível”.
Já Marcelo Rebelo de Sousa salientou a “grande alegria” para Portugal: “É uma grande, grande, grande alegria! Se a anterior [medalha de bronze de Patrícia Sampaio] já foi uma grande alegria, a medalha de prata é uma alegria maior. E estamos à espera das medalhas de ouro”, comentou o Presidente da República.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Hugo Delgado / Lusa