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Iuri Leitão é campeão do mundo de ciclismo de pista: “Um dos meus maiores sonhos”

O ciclista português Iúri leitão sagrou-se este domingo campeão do mundo de ciclismo de pista na disciplina olímpica de omnium, conseguindo em Glasgow um dos maiores feitos internacionais dos portugueses na modalidade.

“Ainda é difícil habituar-me à ideia de que conquistei a medalha mais importante do ciclismo de pista português” disse o atleta momentos antes da subida ao pódio onde se ouviu A Portuguesa pela primeira vez.

O corredor natural de Viana, de 25 anos, já tinha no currículo um bronze na disciplina de omnium, mas em Europeus, em 2020. 

“Hoje, vi realizado um dos meus maiores sonhos, estou muito feliz. Para nós, que somos um país pequeno, com curta história na pista, tendo começado há uma década, sermos campeões do mundo ao fim de 12 anos é completamente inacreditável”, disse, à Eurosport.

O ouro foi resultado do “trabalho de equipa” e do apoio da família: “Claro que se deve ao trabalho de equipa, ao apoio da família, ao staff atrás de mim. Eu conquisto os pontos e estou no espetáculo, na pista, mas isto é um trabalho de equipa e devo-o a toda a gente que está por trás deste êxito.”

Depois do título mundial de Rui Costa no ciclismo de estrada, em 2013, desta vez foi o ciclismo de pista a alcançar um feito notável, deixando ainda Portugal cada vez mais perto dos Jogos Olímpicos, já que os mundiais são fundamentais para o ranking de apuramento para Paris 2024.

Iúri, de 25 anos, venceu as duas primeiras provas do omnium, o scratch e o tempo, depois foi segundo na perseguição e defendeu-se muito bem na decisiva especialidade de pontos, conseguindo o título com 188 pontos, mais oito do que o francês Benjamim Thomas e 17 do que o japonês Imamura Shunsuke, respetivamente medalhas de prata e de bronze.

No scratch, uma corrida de 15 quilómetros na qual o vencedor garante 40 pontos, Iúri destacou-se cedo e depois geriu a vantagem alcançada. A seguir, na especialidade de tempo, o português atacou novamente prematuramente e ganhou uma volta ao pelotão, inicialmente algo apático, acabando por administrar o conseguido e garantir as bonificações que lhe permitiram ser novamente o melhor.

Posteriormente, na prova de eliminação, Iuri foi-se aguentando e, nos momentos em que se encontrava menos bem posicionado no pelotão, foi salvando uma ou outra eliminação, acabando por disputar o triunfo com o neozelandês Stuart Campbell, campeão do mundo desta especialidade em 2019, que mostrou ser superior.

Na corrida por pontos, a mais importante, com 40 quilómetros com pontos ganhos e acumulados pelos corredores durante os sprints intermédios e por volta vencida, Iúri começou de forma algo conservadora, permitindo uma rápida aproximação dos principais rivais na luta pelo pódio.

Partiu com 118 pontos, seguido do canadiano Dylan Bibic com 94 e do neerlandes Vincent Hoppezak com 92, contudo, um início muito agitado, deixou o português com o seu pódio ameaçado em poucas voltas.

Iúri entretanto reagiu e, bem mais interventivo, assumiu o controlo dos principais adversários, assegurando assim a manutenção da vantagem, que manteve até cortar a linha de meta, antes de, em lágrimas, passear a bandeira portuguesa pelo velódromo.

No omnium, Iúri tinha no currículo um bronze, mas em Europeus, em 2020.

O selecionador nacional revelou-se exultante com o resultado. “Acabámos de conquistar a medalha mais importante de todo o percurso que temos vindo a fazer até aqui. Um título na categoria absoluta, na disciplina olímpica de omnium e perante adversários do mais alto nível, de facto, é o ponto máximo dos nossos resultados”, afirma Gabriel Mendes.

O responsável técnico destaca ainda a importância do resultado para a qualificação olímpica, mas não admite festejos antecipados. “Este primeiro lugar coloca-nos numa excelente posição para abordarmos a segunda fase de qualificação, mas temos ainda mais três provas elegíveis para o ranking. Portanto, não gosto de fazer festejos antes do final. Temos de continuar a trabalhar com humildade, esforço e dedicação. Nesta disciplina como também no madison”, avisa o selecionador.

Na outra prova do dia, em perseguição individual, Ivo Oliveira conquistou o quarto lugar, ao não conseguir repetir o bronze de 2022, cedendo na disputa para o italiano Jonathan Milan. Em perseguição individual, o gaiense de 26 anos tinha sido bronze o ano passado e prata em 2018, enquanto em Europeus foi ouro em 2020 e prata em 2017 e 2018.

Com o irmão Rui, Ivo vai disputar ainda o Madison, disciplina que é olímpica, tal como o omnium.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito das imagens: Adrian Dennis / AFP