Uma derrota comprometedora. O Benfica perdeu ontem para o Inter (2-0), no Estádio da Luz, e terá de ir a Milão recuperar de uma desvantagem de dois golos se quiser passar às meias finais da Liga dos Campeões. Há 27 anos que os nerazzurri não ganhavam em Portugal (1996, ao Boavista). Dia 19, há mais, no Estádio Giuseppe Meazza.
Com Morato algo nervoso no seu primeiro encontro a titular na Champions – jogou no lugar do castigado Otamendi – o Benfica não entrou particularmente bem, teve alguns passes falhados na primeira fase de construção de jogo e só aos 13 minutos esboçou um primeiro lance de perigo. Aos 16″ ia marcando golo.
Grimaldo recuperou a tempo de ocupar o lugar que é seu desde que esteja bem para entrar em campo e criou o desequilíbrio que deu a Rafa uma excelente oportunidade para fazer o 1-0. Onana não o permitiu.
O Inter chegou à Luz na pior fase da época, com seis jogos sem vencer e Inzaghi não podia contar com Skriniar e Çalhanoglu, o médio turco foi o melhor em campo nos dois jogos com o FC Porto, mas soube como condicionar as saídas com bola dos encarnados desde o início. Conhecer João Mário deu um certo jeito a Inzaghi…
À passagem da meia hora os italianos iam subindo cada vez mais no terreno, mas sem criar propriamente perigo. Acerbi arriscou o remate de muito longe e ainda assustou Vlachodimos. Dzeko ganhou o espaço a Morato, mas não conseguiu chegar para o desvio.
Com o passar dos minutos percebeu-se claramente o lado calculista dos italianos, com temporizações excessivas e jogo lateral que não dava em nada. Jogar a segunda mão em casa deu um certo ascendente ao Inter.
Roger Schmidt disse na antevisão do encontro que era preciso aprender com a derrota frente ao FC Porto para fazer algo positivo frente ao Inter, mas a primeira parte contrariou a tese do alemão. E não foi por acaso que Florentino se destacou na recuperação de bola face ao desastre que foi o começo de jogo de Aursnes e a inoperância ofensiva de João Mário (tal como aconteceu no clássico).
Barella mereceu o golo
Com o resultado em 0-0 ao intervalo estava tudo em aberto para o segundo tempo, mas os técnicos voltaram fechados nas suas ideias iniciais e sem alterações nos onzes.
A diferença foi no ritmo imprimido pelo Benfica, que acabou traído por uma jogada em velocidade. Bastoni subiu junto ao corredor esquerdo e num cruzamento de curva perfeita que levou a bola até Barella, que apareceu ao segundo poste e finalizou de cabeça. Vlachodimos nada podia fazer.
O golo calou as mais de 60 mil papoilas saltitantes (leia-se adeptos encarnados), que logo depois levaram as mãos à cabeça de desespero com um lance que só não deu golo por obra de um conjunto de cortes e algum azar à mistura.
João Mário cruzou rasteiro, Aursnes não chegou a rematar e Grimaldo bateu fraco na bola. No meio da enorme confusão criada na pequena área a defesa italiana conseguiu afastar a bola e com ela o perigo do empate.
Com o Benfica a tentar reagir ao golo sofrido, o Inter mostrava que a sua intenção ia no sentido contrário e passava por baixar um pouco o ritmo e controlar o resultado. A questão é que as opções que Inzaghi tinha no banco tanto davam para pausar o jogo como para acelerar.
Isso mesmo tinha alertado Schmidt, na antevisão da partida dos quartos de final da Champions, ao dizer que o adversário tinha muitas opções e podia variar o estilo de jogo durante os 90 minutos sem perder qualidade.
E depois de ver entrar Lukaku, Joaquín Correa e Gosens de uma assentada, o treinador alemão respondeu tirando Florentino de campo para fazer entrar David Neres.
E se o jogo pedia a explosão, criatividade e velocidade de Neres, a saída do melhor jogador da equipa encarnada só podia sem entendida como estratégia com vista ao jogo da segunda mão, uma vez que o médio estava em risco – caso visse um cartão amarelo não poderia jogar em Milão, dia 19.
Deu a ideia que o técnico já estava a pensar no segundo jogo, dando o primeiro como perdido. Barella só não fez o 2-0 porque Vlachodimos lhe saiu ao caminho sem medo. O guarda-redes também impediu o golo de Dumfries, mas nada pode fazer perante Lukaku, que deu confortável vantagem aos italianos para receber o Benfica de penálti (a castigar mão na bola de João Mário).
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito das imagens: Pedro Rocha / Global Imagens