A “Operação Sindoor” já provocou a morte de pelo menos 26 civis no Paquistão, oito na Índia e mais de 70 feridos em ambos os territórios.
Para além dos bombardeamentos iniciais de “infraestrutura terrorista” paquistanesa, houve também uma troca de ataques transfronteiriços no decorrer da primeira noite após o agravamento das tensões entre os dois países vizinhos.
O governo indiano acredita que o Paquistão tem uma “reputação merecida” enquanto “abrigo para terroristas”, justificando a ofensiva militar e o ataque a nove “alvos terroristas” em solo paquistanês, que terão ligação ao atentado levado a cabo por “militantes islâmicos” na região indiana de Caxemira, onde morreram 26 pessoas a tiro no final de abril — e terá levado ao início da operação militar.
Contudo, segundo o The Guardian, as autoridades paquistanesas rejeitam qualquer associação entre os locais atingidos e “campos de militantes terroristas”, como afirma a Índia.
O chefe do exército paquistanês, o general Syed Asim Munir, garante que o Paquistão vai responder à ofensiva indiana numa “altura, local e [com os] meios à [sua] escolha”, algo que foi reforçado pelo primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, que afirmou ter “todo o direito de responder energicamente a este ato de guerra”.
Com mais de 40 feridos registados no país, o governo de Islamabad publicou na rede social X a confirmação que tinham abatido pelo menos cinco aviões militares indianos durante a noite. “Somos uma nação pacífica, mas quando somos desafiados, o país inteiro responde. O Paquistão está unido contra a agressão da Índia e apoia as forças paquistanesas”, disse o ministro da Informação Attaullah Tarar em declarações à imprensa paquistanesa.
As afirmações foram refutadas por fontes oficiais do outro lado da fronteira. Fontes indianas afirmaram que não se perdeu qualquer avião da Força Aérea do país durante a operação e rejeitaram as declarações paquistanesas, denunciando serem propaganda sem fundamento.
O atentado de 22 de abril e a responsabilidade negada
A tensão entre os dois países voltou a disparar desde o ataque de 22 de abril — apesar de o atentado não ter sido reivindicado, Nova Deli acusou da sua autoria Islamabad, que o negou categoricamente.
Este ataque foi o mais mortífero contra civis desde há mais de 20 anos na parte indiana daquela região de maioria muçulmana.
A polícia indiana diz estar à procura de pelo menos dois cidadãos paquistaneses entre os atacantes e os seus cúmplices, e diz que estão ligados ao LeT, o movimento jihadista Lashkar-e-Taiba, sediado no Paquistão, já suspeito dos ataques que mataram 166 pessoas em Bombaim em 2008.
Um dos locais visados durante a noite pelo exército indiano foi a Mesquita Subhan, em Bahawalpur, no Punjab paquistanês, que, de acordo com os serviços de informação indianos, está ligada a grupos próximos do LeT, principalmente o Jaish-e-Mohammed (JeM).
No final de abril, a Índia suspendeu o tratado de distribuição de água entre os dois países e o Paquistão encerrou o seu espaço aéreo a companhias aéreas indianas. Antes disso a Índia já tinha ordenado a saída do país de todos os paquistaneses até 29 de abril.
Há mais de uma semana que se regista fogo cruzado de artilharia ligeira entre soldados indianos e paquistaneses durante a noite, ao longo da fronteira que separa os dois países.
Esta terça-feira, horas antes do ataque, o Paquistão acusou a Índia de alterar o caudal do rio Chenab, um dos três rios sob o controlo de Islamabad ao abrigo do tratado de 1960.
“Notámos alterações no Chenab que nada têm de natural (…) o caudal do rio, que é normal, foi consideravelmente reduzido de um dia para o outro”, declarou o ministro da Irrigação do Punjab, Kazim Pirzada.
O primeiro-ministro indiano assumiu então que o seu país vai “cortar a água” dos rios que correm do seu território para o Paquistão.
“A água pertencente à Índia costumava fluir para o exterior, mas agora será cortada para servir os interesses da Índia e será utilizada para o país“, anunciou Modi num discurso público.
Fonte: www.observador.pt
Crédito da imagem: AFP via Getty Images