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Incêndios em Portugal: país em alerta até quinta-feira. Número de mortos sobe para quatro e várias estradas estão cortadas

O Governo alargou até quinta-feira a situação de alerta devido ao risco de incêndios. A severidade meteorológica irá manter-se “extremamente elevada” entre hoje e quinta-feira, em especial nas regiões do Norte e Centro, segundo o IPMA.

Proteção Civil. Situação em Aveiro “está mais calma, continua a ser preocupante e complexa”

O segundo Comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre, fez esta terça-feira um ponto de situação sobre os incêndios em Águeda, Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis. “A situação está mais calma, continua a ser preocupante e complexa”.

Estes quatro incêndios corrrespondem a “perímetro superior a 100 quilómetros”, adiantou o responsável. “É uma situação complexa, muitas aldeias, muitas povoações a serem atingidas, e com isto muita dispersão de meios. A complexidade é extremamente elevada”.

A24 entre Castro Daire e Viseu cortada ao trânsito

A autoestrada 24 (A24) está cortada ao trânsito em Castro Daire devido a um incêndio florestal no concelho, informou esta terça-feira fonte da Guarda Nacional Republicana (GNR).

A A24, entre Mamouros e Viseu e a Estrada Nacional (EN) 2, entre Mamouros e Ribolhos, e a 228, entre Fermontelos e Figueiredo de Alva, no concelho de Castro Daire, distrito de Viseu, estão cortadas ao trânsito, devido a um incêndio florestal, disse a mesma fonte.

Este incêndio teve início pelas 21:23 de segunda-feira em Soutelo, freguesia de Mões, e pelas 12:00 de hoje mobilizava 161 operacionais apoiados por 44 veículos e quatro meios aéreos.

Há ainda no distrito de Viseu outras vias cortadas ao trânsito, segundo fonte da GNR, como a A25, entre Mangualde e Chãs de Tavares, o Itinerário Complementar 12 (IC12) em Nelas e as EN 16, 231 e 329, em Mangualde, Nelas e Penalva do Castelo.

Dez linhas da rede de autocarros Unir afetadas em Gondomar

Dez linhas da rede de autocarros Unir, da Área Metropolitana do Porto (AMP) estão a ser afetadas em Gondomar devido ao incêndio que lavra desde segunda-feira no concelho, disse à Lusa fonte oficial da AMP.

Em causa estão as linhas 8008, 8011, 8014, 8015, 8016, 8018, 8024, 8026, 8038 e 8039, adiantou fonte oficial da AMP à Lusa.

Quatro aviões chegam hoje de Itália e França e começam a operar de tarde

Quatro aviões Canadair provenientes de Itália e França chegam esta terça-feira a Portugal para ajudar no combate aos incêndios, ao abrigo do pedido do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, e começam a operar ainda de tarde.

“Confirmamos que dois aviões Canadair da frota que operamos em Itália foram ativados ao abrigo do mecanismo RescEU e chegarão hoje a Portugal para apoiar os bombeiros na proteção das comunidades locais”, afirmou o CEO da Avincis, John Boag, em declarações citadas numa nota enviada à Lusa.

Fonte oficial da empresa acrescentou ainda que as duas aeronaves já partiram de Itália e vão chegar à base de Monte Real, sendo operadas a partir desta tarde por dois pilotos italianos.

Já os dois aviões provenientes de França também já arrancaram e devem igualmente entrar no combate aos incêndios hoje de tarde, adiantou à Lusa fonte governamental, realçando que na quarta-feira devem chegar os outros dois Canadair enviados pela Grécia.

Entretanto, já na segunda-feira começaram a operar os dois aviões enviados por Espanha para apoiar Portugal no combate à vaga de incêndios nas regiões Norte e Centro do país.

Retirados moradores de casas próximas da frente de fogo em Paredes

Algumas pessoas foram na manhã desta terça-feira retiradas de casas próximas de um incêndio que lavra com duas frentes no concelho de Paredes, no distrito do Porto, disse à Lusa fonte da proteção civil local.

Segundo a fonte, a medida foi tomada por precaução, com casas isoladas, no lugar de Sernada, na freguesia de Aguiar de Sousa.

As pessoas afetadas foram deslocadas para o infantário da Pulgada (Aguiar de Sousa), que hoje não recebeu crianças.

O incêndio começou na madrugada de hoje, às 05:21, e evolui em duas frentes em zona de mato e floresta, nas zonas de Sernada (freguesia de Aguiar de Sousa) e Santa Comba (freguesia de Sobreira), afirmou à Lusa o vereador da proteção civil da Câmara de Paredes, Francisco Leal.

Neste momento, os meios estão no terreno para proteger as povoações mais próximas da frente de incêndio, acentuou, prevendo que as próximas horas serão difíceis para o dispositivo de combate.

Questionado sobre a dimensão do fogo, disse não ser possível adiantar dados, porque o fumo que cobre a região não permite fixar a extensão da área ardida.

Referiu, também, que os dois meios aéreos que tinham sido alocados ao combate não puderam atuar até ao momento devido à pouca visibilidade na zona.

Às 11:45, neste incêndio de Paredes, segundo dados da proteção civil, o dispositivo de combate era formado por 98 bombeiros e 29 viaturas.

Associação de Paralisia Cerebral em Oliveira do Conde evacuada para Carregal do Sal

O polo de Oliveira do Conde da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Viseu (APCV) foi evacuado e os utentes alojados em Carregal do Sal, sede do concelho, disse o presidente da Câmara Municipal.

“Tivemos de evacuar a APCV de Oliveira do Conde e temos os utentes alojados no nosso Mercado de Ideias [no centro da vila]. São 18 utentes a que se juntaram mais 10 pessoas por uma questão de segurança”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Carregal do Sal, Paulo Catalino Ferraz.

Aquelas dez pessoas são também de Oliveira do Conde, localidade que “tem o incêndio com frentes ativas” e, também por isso, a povoação de Pinheiro “está a ser vigiada com mais atenção”.

Fogos no distrito de Aveiro com perímetro de 100 quilómetros

Os quatro grandes incêndios que lavram esta terça-feira no distrito de Aveiro têm um perímetro de aproximadamente 100 quilómetros e consumiram até ao momento uma área de 10 mil hectares de floresta, informou a proteção civil.

A informação foi avançada pelo segundo comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre, durante um ‘briefing’ realizado pelas 10:45, no posto de comando distrital, em Oliveira de Azeméis.

O comandante começou por explicar que a operação de combate aos quatro incêndios em Águeda, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga e Oliveira de Azeméis foi avocada pelo Comando Nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Após uma vistoria de helicóptero pelo perímetro do incêndio, Mário Silvestre disse que a situação é “bastante complexa”, adiantando que “as janelas de oportunidade para fazer combate ao incêndio” durante a noite não se verificaram.

“O vento não nos tem ajudado. Durante a noite tivemos ventos a rondar os 70 quilómetros por hora, com temperaturas de 25 graus e uma humidade relativa na casa dos 30%”, observou.

O comandante referiu ainda que, durante a noite, 57 pessoas tiveram de ser retiradas das suas habitações, registando-se 54 vítimas, das quais 17 tiveram de ser transportadas ao hospital por medidas de segurança.

Segundo Mário Silvestre, pelas 10:45, o incêndio continuava ativo pelo seu perímetro, mas a prioridade centrava-se sobretudo “no sul do incêndio, na zona de Águeda, à esquerda da autoestrada A25, que é a zona que coloca mais preocupações”.

“É um incêndio muito disperso com uma evolução pautada pelo comportamento do vento”, disse Mário Silvestre, acrescentando que, atualmente, não há povoações em risco, mas “é uma realidade que pode acontecer a qualquer momento, atendendo à malha urbana existente”.

Relativamente aos meios mobilizados, o comandante referiu que estão previstas rendições, sublinhando, contudo, que o número de incêndios que o país atravessa faz com que o dispositivo esteja “sob um stress e uma pressão muito grande”.

Mário Silvestre informou ainda que continua a haver dificuldade para os meios aéreos atuarem nestes incêndios devido ao fumo, havendo quatro meios aéreos a funcionar na zona de Águeda.

“O cenário é desolador”, diz autarca de Vila Pouca de Aguiar

A presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar descreveu um cenário desolador no concelho, onde os incêndios queimaram uma extensa área de pinhal, uma casa ardeu e deixou um idoso desalojado e há três bombeiros feridos.

“Temos uma casa de habitação totalmente ardida em Zimão, que era habitada por um idoso que, neste momento, está num centro social e que iremos tratar de o realojar ou arranjar sítio para ele poder ficar”, afirmou hoje à agência Lusa Ana Rita Dias.

A autarca encontrava-se esta manhã na aldeia de Zimão, uma das que foi mais afetada pelos incêndios que deflagraram na segunda-feira naquele concelho do distrito de Vila Real.

Durante a noite, o fogo que teve início em Vreia de Jales desceu a encosta e entrou nesta aldeia, que foi totalmente evacuada.

Segundo a autarca, foram cerca de 50 as pessoas que foram retiradas, sendo que algumas, mais idosas, passaram a noite num lar próximo e já puderem regressar esta manhã às suas casas.

Com o amanhecer, segundo Ana Rita Dias, foi possível confirmar que outras habitações que se pensava terem sido atingidas pelo fogo em Zimão, afinal não arderam.

“Os populares conseguiram salvar essas duas habitação, mas temos também três casas devolutas que foram queimadas”, referiu

Da aldeia de Gralheira foram retidas cinco pessoas.

No resto do concelho, segundo adiantou, arderam mais duas casas devolutas em Vila Meã e Sabroso de Aguiar e também dois armazéns foram atingidos em Sabroso de Aguiar.

Quanto à área ardida, Ana Rita Dias disse que ainda é cedo para fazer uma avaliação, mas que “é bastante” e muito pinhal atingido nas serras da Padrela e também no Alvão.

“O cenário é desolador”, lamentou, referindo que havia, pelas 10:00, oito frentes de fogo dispersas a lavrar no concelho onde, salientou, há falta de meios para ajudar no combate.

O comandante dos bombeiros de Vila Pouca de Aguiar, Hugo Silva, disse que desde segunda-feira se contabilizam três bombeiros feridos, um com queimaduras, outro com uma fratura e outro por inalação de fumo.

O responsável referiu ainda que um popular foi assistido por ansiedade.

Fogo no concelho de Castelo Branco destruiu 300 hectares

O incêndio que começou no domingo à noite na localidade de Louriçal do Campo, concelho de Castelo Branco, destruiu cerca de 300 hectares de floresta, mato e terrenos agrícolas, disse hoje o presidente da Câmara.

Em declarações à agência Lusa, Leopoldo Rodrigues explicou que não há registo de perdas de habitações ou de vítimas e estima-se que a área ardida ronde os 300 hectares.

“Houve muitos terrenos agrícolas que foram consumidos pelas chamas, nomeadamente olival, pomares e vinha, no Louriçal do Campo e em São Vicente da Beira”, referiu.

O incêndio começou no domingo à noite na localidade de Louriçal do Campo, concelho de Castelo Branco, e entrou em fase de resolução na segunda-feira, às 17:52.

Hoje, pelas 10:15, ainda se encontravam no terreno, em vigilância, 130 operacionais apoiados por 43 viaturas.

Em relação às perdas agrícolas registadas, o autarca disse que não sabe se o Governo vai avançar com algum mecanismo de apoio.

“Para já, não sabemos se o Governo vai acionar algum mecanismo de apoio, podendo vir a ser equacionada uma solução”, concluiu.

Ministro Adjunto e da Coesão Territorial em Aveiro. “Trago vontade de ouvir e de ajudar a resolver problemas”

O ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, está esta terça-feira em Aveiro para reunir com autarcas da região, a mais afetada pelos incêndios dos últimos dias.

“Trago vontade de ouvir e de ajudar a resolver problemas”, começou por afirmar o governante, que coordena uma equipa multidisciplinar, com sede em Aveiro, constituída por elementos de vários ministérios.

“Estamos aqui no centro de uma região muito afetada pelos incêndios e quem mais sabe deste assunto são os autarcas. A nossa primeira obrigação é ouvir o que os autarcas têm para dizer, eles conhecem melhor do que ninguém a realidade”, disse Manuel Castro Almeida aos jornalistas.

Afirmou que há problemas que os autarcas conseguem resolver sozinhos, mas há outros em que é necessária a ajuda do Estado central. “É por isso que estão cá membros do Governo, vários secretários de Estado, das Infraestuturas, da Habitação, da Saúde, das Florestas, da Ação Social, do Poder Local, para podermos organizar de uma forma articulada o apoio que o Governo pode dar às pessoas que estão em dificuldades”, declarou.

Referindo que a equipa multidisciplinar pretende ajudar as pessoas vítimas dos incêndios, o ministro informou que “há problemas de natureza imediata”, de “emergência. “Temos de garantir que ninguém fica sem comer, que ninguém fica sem uma cama para dormir, que ninguém fica sem roupa para vestir, que ninguém sem um tostão no bolso”.

Mas também “há problemas de médio prazo que nós queremos que sejam de curto prazo”, disse, referindo-se à recuperação de infraestruturas, de casas ardidas, empresas e postos de trabalho. “A ideia é de uma grande proximidade para, com rapidez, resolver problemas”, afirmou.

Questionado sobre quanto tempo é que pretende ficar na região de Aveiro, o governante disse que será “o que for necessário”. “A minha mulher preparou-me a mala para três dias, mas espero não precisar”, disse.

“A nossa tarefa é ver quem são as vítimas dos incêndios e procurar ajudá-las. Pessoas, famílias, empresas”, realçou.

Idosos retirados das casas pela GNR em Covelo, Gondomar

Vários idosos foram retirados, cerca 9:15, das suas casas em Covelo, no concelho de Gondomar, pela GNR, devido ao avançar de um incêndio, testemunhou a Lusa no local.

A situação ocorreu no lugar de Serra, num local onde, na altura, não havia bombeiros a combater o incêndio e visou proteger os idosos do avanço das chamas do fogo que na última madrugada chegou por Aguiar de Sousa, no concelho de Paredes, a Branzelo, em Gondomar.

Os idosos foram retirados para uma zona mais afastada dado que devido à situação e também das cinzas ficou muito difícil respirar naquela zona.

No lugar há cerca de 50 casas rodeadas por um pinhal, estando o combate a ser feito pelos moradores.

Gondomar fecha escolas na zona alta e tem novo fogo em Melres. “Grande escassez de meios”, diz vice-presidente da Câmara

O fecho de escolas na zona alta do concelho, o impedimento de circulação na via rápida e um novo fogo, em Melres, marcam esta terça-feira o início do segundo dia de incêndios em Gondomar, disse à Lusa o vice-presidente da câmara.

Segundo Luís Filipe Araújo, a situação mais preocupante é agora a da zona de Branzelo, em Melres, com “uma frente de incêndio que chegou de madrugada proveniente de Aguiar de Sousa [concelho de Paredes] e que se junta à que desde segunda-feira lavra em Jovim”.

“Há pequenos reacendimentos em vários pontos, nos casos de São Pedro de Cova e da Foz do Sousa, além de que está vento muito forte e prevemos que assim irá manter-se”, acrescentou o autarca.

Dada a concentração de fumo no ar, a autarquia do distrito do Porto optou pelo encerramento de “todas as escolas do alto concelho” no dia de hoje.

Luís Filipe Araújo lamentou, entretanto, a “grande escassez de meios”, nomeadamente aéreos, no combate às chamas em Gondomar, sublinhando que com um reforço do dispositivo “seria mais fácil estancar o avanço das chamas”.

Nas redes sociais, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, publicou a lista de estabelecimentos de ensino que estão encerrados esta terça-feira:

Segundo a página do Comando Sub-Regional da Área Metropolitana do Porto, pelas 09:00 estavam 242 operacionais e 54 meios terrestres no terreno no município.

Três aldeias em risco no concelho de Mangualde

Três populações estão em risco no concelho de Mangualde devido ao incêndio que começou em Penalva do Castelo e que avança para o concelho de Nelas, disse à Lusa fonte dos bombeiros, perto das 09:30.

“O incêndio que começou aqui em Penalva [do Castelo] atravessou Mangualde e está no alinhamento de Nelas e, neste momento, há três populações em Mangualde que estão em risco: Mourilhe, Mesquitela e Fundões”, disse à Lusa o comandante dos Bombeiros Voluntários de Penalva do Castelo, distrito de Viseu.

José Manuel Lopes acrescentou que “há um alerta para Freixiosa, na A25”, que passa entre os concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo, “dada a longa extensão do incêndio”.

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Nelas, Guilherme Almeida, adiantou à Lusa que está “apreensivo com a direção que o incêndio está a ter” para o concelho, também tendo em conta que o município está a ser atingido por outros focos.

“Estamos com reacendimentos em Vale de Madeiros e estamos com uma frente ativa e com muita dificuldade em Carregal do Sal [concelho vizinho de Nelas] e temos este alinhamento que vem de Mangualde”, afirmou Guilherme Almeida.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Miguel Pereira da Silva / Lusa